A Oceano Fresco anuncia a sua ambição de revolucionar a economia do mar em Portugal, com foco especial no setor dos bivalves, prometendo práticas de cultivo sustentáveis e em larga escala. O seu método de cultivo apresenta-se como uma solução para os desafios enfrentados pelo cultivo tradicional na Europa do Sul, que sofre com as consequências das alterações climáticas e da poluição, que levam à escassez de produção.
Ao contrário do cultivo tradicional, este projeto assenta numa lógica de integração vertical, incluindo uma maternidade na Nazaré onde as amêijoas nascem e o primeiro viveiro de mar aberto de amêijoas no mundo, localizado no Algarve. Este projeto começou com a produção de duas espécies de amêijoas nativas europeias (amêijoa-macha e amêijoa-boa) muito procuradas, mas atualmente comprometidas devido à sobre-exploração e sobreposição de espécies invasoras.
“Promovemos a biodiversidade, pois só produzimos espécies de amêijoas nativas europeias, ameaçadas por espécies invasoras”, explica Bernardo Ferreira de Carvalho, CEO e founder da empresa. Segundo o responsável, a produção é feita de maneira inovadora e com integração vertical em todas as etapas para permitir criar escala e valor como empresa de alimentação sustentável.
Uma viagem de aprendizagem e inovação
Desde o seu arranque em 2015, a Oceano Fresco soma 40 trabalhadores e sucessos em várias vertentes. Numa primeira fase, concluiu os estudos científicos que confirmaram a viabilidade e criaram a base e o desenho da forma inovadora de produzir bivalves.
Numa segunda fase, construíram-se e instalaram-se as unidades produtivas na Nazaré onde se encontra o centro biomarinho (que inclui valências de I&D e uma maternidade de bivalves) e em Lagos, onde foi instalado o primeiro viveiro de mar aberto para amêijoas do mundo. Numa terceira fase, entrou-se em modo de produção, escalando o recrutamento e crescendo como empresa.
Conquistar o Prémio Empreendedorismo e Inovação, na categoria Projeto Promovido por Associado Crédito Agrícola, é encarado como um reconhecimento externo muito importante para a Oceano Fresco.
Melhor gestão agrícola em tempo real
A Kropie é uma inovadora plataforma online que utiliza drones e sensores em contextos agroflorestais para melhorar o uso de recursos, recolhendo informações de estações meteorológicas, análises de solo e do ar, dados de satélites e consolidando-as numa única base de dados acessível através do portal Kropie.com, de registo gratuito.
Esta ferramenta é um avanço significativo para a gestão urbana, agrícola, vitivinícola e florestal, permitindo a monitorização em tempo real de várias métricas e a otimização da tomada de decisões no terreno.
Mais visibilidade no mercado
Esta abordagem contribui diretamente para a transição energética e a neutralidade carbónica, promovendo o uso eficiente de recursos e a redução do desperdício. Ao evitar o uso excessivo de recursos, como a água e a energia, a plataforma ajuda a reduzir a pegada de carbono dos produtores e a promover práticas mais sustentáveis que minimizam os impactos das alterações climáticas.
Distinguida com a Menção Honrosa Jovem Empresário Rural, André Conde, responsável pelo projeto, acredita que este prémio ajudará a alcançar maior visibilidade junto dos produtores agrícolas e verá reconhecido o potencial que esta solução tem e terá no futuro.
Transformar açúcares em conhecimento
Clarisse Nobre, investigadora doutorada no Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, lidera o projeto Clean Label, que conquistou o prémio Born from Knowledge, atribuído pela Agência Nacional de Inovação, e vê assim reconhecido o trabalho desenvolvido pela sua equipa ao longo de mais de 15 anos. Desenvolvido no âmbito do projeto cLabel+, que visava criar produtos alimentares naturais, nutritivos e saudáveis, a iniciativa envolve oito empresas do setor agroalimentar e doze entidades de I&I, mobilizando um total de 5,6 milhões de euros, dos quais cerca de 100 mil euros foram investidos especificamente no desenvolvimento de produtos prebióticos de baixo teor de açúcar. Este investimento é apenas uma parte do montante total dedicado à pesquisa e desenvolvimento na área de prebióticos, que ocorre há aproximadamente 15 anos.
Inovação em saúde
O processo utiliza enzimas que convertem açúcares calóricos, como a sacarose, em açúcares saudáveis de alto valor funcional, conhecidos como prebióticos. A estratégia adotada permite a transformação dos açúcares diretamente nos alimentos já produzidos pela indústria alimentar, sem necessidade de alterar as linhas de produção existentes. Esta abordagem facilita a aceitação do mercado, pois baseia-se em produtos já conhecidos e apreciados pelos consumidores. Atualmente, a introdução de prebióticos nos alimentos é feita por fortificação, usando prebióticos comerciais que encarecem o produto final, e provocam mudanças nas suas características, por exemplo, a reologia.