Sabia que cerca de 30% da água da rede é perdida durante a distribuição? A verdade é que os métodos utilizados atualmente não conseguem detetar fugas com precisão, o que representa um custo significativo para as entidades gestoras. O projeto FiberLoop apresenta resposta para este desafio com um sistema inovador que utiliza fibras óticas para identificar fugas ao longo de quilómetros de rede pública de distribuição. “O sistema não só melhora a capacidade de deteção, mas também contribui substancialmente para a conservação de água, ajudando a reduzir desperdícios de um bem cada vez mais escasso e essencial para a sociedade”, refere Tiago Neves, fundador e CEO da FiberLoop.
Um impulso em forma de prémio
Atualmente, uma equipa de quatro pessoas está ativamente envolvida no projeto FiberLoop, incluindo engenheiros físicos e especialistas em desenvolvimento de software e análise de dados. Até ao momento, foram investidos cerca de 175 mil euros no projeto FiberLoop, abrangendo pesquisa fundamental, desenvolvimento de protótipos, software e testes de validação no terreno. A conquista do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola, na categoria Transição Energética e Neutralidade Carbónica, representa um reconhecimento valioso do potencial e da inovação do projeto FiberLoop. O prémio “impulsiona-nos a avançar com confiança, demonstrando o impacto positivo que esta tecnologia pode ter no setor de gestão de recursos hídricos”. Além disso, Tiago Neves reconhece que o montante do prémio vai acelerar os desenvolvimentos necessários para o teste-piloto programado para o início de 2024.
Na pole position para testes-piloto
O projeto FiberLoop está atualmente na fase de testes em ambiente controlado e encontra-se na etapa de refinamento e otimização do sistema e respetivo software para garantir a eficiência máxima na deteção de fugas na rede pública. Esta fase terminará em breve, uma vez que os primeiros testes-piloto pagos começarão no início de 2024. “O próximo passo envolve a implementação em larga escala do sistema FiberLoop em diferentes áreas-piloto para validar a sua eficácia em condições reais”, adianta o investigador. Esta fase, que começará em janeiro de 2024, implica a instalação de cerca de 200 metros de fibra no Jardim Botânico de Lecce, em Itália, com o objetivo de detetar fugas de água no sistema de rega e otimizar o seu uso, evitando desperdícios.
Recetivos a parcerias de negócio
Após esta fase de testes em larga escala e garantidas a eficácia e a fiabilidade do sistema, Tiago Neves prevê avançar com a transferência do projeto para a comunidade, o que poderá ocorrer dentro dos próximos seis meses. Para o investigador, a melhor forma de concretizar essa transferência será estabelecer parcerias com entidades locais, como municípios ou diretamente com empresas distribuidoras de água. Esta parceria será fundamental para ter acesso à rede local e validar a tecnologia em condições reais. “Esta validação vai finalmente comprovar a importância do projeto FiberLoop como ferramenta para reduzir custos e preservar recursos naturais”, reforça Tiago Neves.
Deteção precoce de doenças em vinhas
Com a capacidade de detetar precocemente doenças do lenho da videira sem destruir as plantas, o TrunkBioCode tem o potencial de economizar milhões e revolucionar a gestão sanitária das vinhas a nível global.
O projeto TrunkBioCode, liderado pela investigadora Paula Martins-Lopes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, promete transformar a forma como as doenças do lenho da videira são detetadas e geridas. Para enquadrar o valor económico que está associado a estas doenças, Paula Martins-Lopes explica que para substituir as vinhas infetadas a nível mundial seriam precisos anualmente cerca de 1,5 bilhões de dólares americanos, uma vez que não existe cura. Este projeto permite o diagnóstico precoce de um stress biótico, no caso, na videira, permitindo, fazer a deteção de plantas contaminadas logo nos viveiros e reduzir a introdução de plantas infetadas nas vinhas, que acabariam por disseminar a doença, nomeadamente para plantas sãs da mesma vinha (que acontece durante a poda). “O facto de se prevenir a doença vai implicar uma diminuição substancial das operações requeridas no campo, por conseguinte diminui os gastos de produção”, explica a investigadora. Por outro lado, vinhas sãs produzem mais uvas e com melhor qualidade.
Com capacidade para gerar resposta entre 5 e 10 minutos, sem necessidade de mão de obra especializada e análise laboratorial, o biossensor já foi otimizado para uma das doenças envolvidas no complexo, Eutypa lata. “Estamos neste momento a alargar para outras doenças do complexo”, avançou Paula Martins Lopes.
Um prémio que avalia o impacto real
O projeto TrunkBioCode tem como base três projetos de investigação financiados pela Fundação de Ciência e Tecnologia, que totalizam um investimento de cerca de 300 mil euros. “Receber o prémio do Crédito Agrícola que reconhece o nosso trabalho é um orgulho”, destacou a investigadora. Segundo ela, este reconhecimento na categoria Resposta a Stresses Bióticos e Abióticos tem ainda mais valor porque é dado por uma instituição que avalia o potencial que a tecnologia desenvolvida pode ter no mercado agrícola. “Isto reforça a nossa crença de que estamos a seguir o caminho correto”, acrescenta Paula Martins-Lopes. A investigadora reconhece que a visibilidade alcançada com o prémio pode abrir novas portas para a implementação desta ideia.
Desenvolvimento com parceiros
A tecnologia está patenteada (UTAD) e recentemente esta patente foi licenciada à Biosensor Ntech. Paula Martins-Lopes acredita que a tecnologia estará disponível no mercado dentro de um a dois anos. Para já, a próxima etapa será o desenvolvimento de novos biossensores para cada uma das doenças do complexo, a fim de abranger todas as doenças que apresentam um impacto económico relevante para o setor, uma vez que se trata de um complexo de doenças. O TrunkBioCode tem na sua equipa oito elementos, sendo que três estão dedicados exclusivamente ao mesmo. Como parceiros têm a REQUIMTE (com dois elementos); o Instituto Superior de Agronomia (com dois elementos); a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (com dois elementos); e o Instituto de Ciências de la Vid y el Vino de Espanha (com um elemento).