O mítico Master Business Administration, criado em Harvard há mais de um século, é mais do que um investimento na evolução da carreira profissional. Os gestores com um MBA, pela sua elevada qualificação e pelo fator inovação que introduzem nas organizações, fazem parte da solução face à complexa conjuntura externa com um enorme peso no contexto económico atual, ao enriquecer o tecido empresarial português e ao torná-lo mais competitivo a nível internacional.
A Associação Industrial Portuguesa (AIP) tem cerca de 55 mil empresas associadas em todo o país, de grande abrangência setorial. O maior desafio que se lhes apresenta prende-se com a inovação e qualificação. É urgente fazê-las crescer e torná-las mais competitivas internacionalmente.
Segundo José Eduardo Carvalho, presidente da AIP, "apesar de a intensidade de exportação da economia chegar hoje quase aos 50% do PIB, a verdade é que apenas 28 mil empresas exportam (5,7%) e destas 79% exportam menos de um milhão de euros". As PME, que representam cerca de 99% do tecido empresarial nacional, "têm baixa capitalização e baixa produtividade". "Embora tenham vindo a reforçar a sua autonomia financeira, cerca de 29% das empresas têm capital próprio negativo. Relativamente à sua produtividade sabe-se que as microempresas (89% do nosso tecido empresarial), que geram 16% de volume de negócios e empregam cerca de 56% da população ativa, são 40% menos produtivas do que as empresas de maior dimensão. Esta realidade deve colocar as prioridades da política pública no redimensionamento empresarial e no reforço da capitalização das nossas empresas (utilizando o PRR e o Portugal 2030)." Num contexto de mercado instável, "cumprir estes dois objetivos é fundamental para garantir que as empresas estejam capacitadas para os desafios e oportunidades dos dias de hoje", sublinha o responsável da AIP.
Todavia, se "o ano iniciou de forma incógnita e expectante, o mercado está ativo e a forma como cada empresa irá preparar-se para este cenário desafiante ditará parte do seu sucesso", refere Miguel d’Almeida, lead operations manager – Specialized Recruitment Kelly Portugal.
Nitidamente, para Celso Santos, associate director professionals, Randstad Portugal, "será um ano de aposta na gestão inovadora, com um forte foco em pensamento estratégico em recursos humanos, em temáticas como a retenção, a flexibilidade, reskilling, benefícios e recrutamento estratégico".
Levar os negócios mais longe
Para José Eduardo Carvalho, da AIP, "os gestores com um MBA representam, regra geral, uma relação custo-benefício favorável à conta de exploração das empresas e ao seu crescimento, dentro ou fora do país". E em Portugal há uma procura "crescente por profissionais com MBA para preencher posições de liderança e gestão", declara Celso Santos, da Randstad Portugal. De facto, "pela sua elevada qualificação e pelo fator inovação que introduzem nas organizações, podem enriquecer o tecido industrial e empresarial nacional e torná-lo mais competitivo a nível internacional". Aliás, é especialmente importante que "as empresas tenham gestores capazes de pensar criticamente e dotados de grande capacidade de decisão, dado o quadro de incerteza internacional e o complexo panorama que enfrentamos", reforça o presidente da AIP.
Mais. Para Celso Santos, "os gestores com um MBA também tendem a ter uma rede mais ampla de contactos profissionais, o que pode ajudá-los a estabelecer parcerias de negócios, identificar novas oportunidades no mercado e obter recursos e financiamentos".
Relativamente à dimensão, "são as grandes empresas as principais recrutadoras". "As microempresas, à exceção da área do empreendedorismo, pela sua criatividade e polivalência, não têm capacidade para empregar um profissional bem pago deste tipo; e as pequenas e médias empresas começam a despertar para a sua mais-valia", constata o presidente da AIP.
Escalada na carreira profissional
Além da aquisição de novas competências e conhecimentos, o "estatuto, o crescimento na carreira e remunerações mais elevadas (chegam a auferir mais 60% do que o mesmo profissional sem habilitação)" são as forças motrizes apontadas por José Eduardo Carvalho para este investimento por parte dos profissionais. E se muitas empresas oferecem aos seus colaboradores a oportunidade de realizar um MBA, "como forma de benefício e progressão in-house, há outros profissionais com experiência que procuram progredir, fora da organização", diz Sofia Costa, senior consultant da Michael Page.
Para José Eduardo Carvalho, não restam dúvidas: "Os profissionais habilitados com um MBA, tirado numa universidade de referência internacional, estão mais bem preparados para garantir uma mais elevada qualificação e competitividade às empresas, ao nível da gestão financeira, recursos humanos, estratégia e marketing, especialmente nos tempos voláteis que vivemos."