Notícia
Gabriela Figueiredo Dias: Pistas para repensar o caminho
Porque esta crise, com as suas tragédias, questiona-nos, inquieta-nos, desarruma-nos. Pede que desafiemos modelos e dogmas
Perante o desafio de escolher um livro inspirador neste contexto inédito, ocorreram-me de imediato alguns: "O Deserto dos Tártaros" (Dino Buzzati) e "A História de uma Serva" (Margareth Atwood), dois romances inquietantes sobre o isolamento, a espera, a ausência e sobre a força das relações improváveis geradas no afastamento e na solidão; ou "A História de um Caracol que Descobriu a Importância da Lentidão" (Luis Sepúlveda), uma fábula sobre uma lenta e ousada aventura rumo à liberdade - porque perdemos Sepúlveda para a covid-19 este abril, porque é abril, e porque Sepúlveda escreveu e viveu sob o signo da liberdade; ou ainda, "50 Years of Financial Crises" (J. de Larosière), por razões óbvias.
Escolho, no entanto, "Prosperity" (Colin Mayer). Porque esta crise, com as suas tragédias, questiona-nos, inquieta-nos, desarruma-nos. Pede que desafiemos modelos e dogmas; e que saibamos, apesar do medo, persistir nos nossos mais importantes e estruturais projetos - a Europa, a sustentabilidade, a liberdade, o bem-estar da atual e futuras gerações - repensando o caminho para a prosperidade.
"Prosperity" dá-nos pistas para repensar o caminho, pela reformulação dos fundamentos e do papel da empresa e da sua regulação através de uma ideia de propósito como elemento fundamental do seu sucesso na criação de prosperidade. A competição, o egocentrismo das nações e o autismo das organizações, incluindo a empresa, serão, no rescaldo desta crise sem precedentes, um desafio maior ao bem-estar e à sobrevivência das sociedades e dos nossos mais inalienáveis valores.
"Prosperity" propõe um novo paradigma de empresa, de regulação e de políticas públicas, centrado no propósito e na abrangência dos diversos interesses que em torno da empresa gravitam. Um paradigma de cooperação para além da competição, modelador em lugar de restritivo, responsabilizante em lugar de individualista, que valoriza as diferentes formas de capital consumidas pela empresa (dinheiro, trabalho, natureza) na produção, necessariamente sustentável, de bens essenciais ao bem-estar coletivo. Uma nova perspetiva, que se precisa, sobre o relacionamento entre o interesse privado dos acionistas, os interesses de todos os que viabilizam o projeto (trabalhadores, gestores, fornecedores), o propósito e a sustentabilidade da empresa e o interesse público da prosperidade das sociedades, como algo de diferente e maior do que a soma das riquezas e dos interesses individuais.
Escolho, no entanto, "Prosperity" (Colin Mayer). Porque esta crise, com as suas tragédias, questiona-nos, inquieta-nos, desarruma-nos. Pede que desafiemos modelos e dogmas; e que saibamos, apesar do medo, persistir nos nossos mais importantes e estruturais projetos - a Europa, a sustentabilidade, a liberdade, o bem-estar da atual e futuras gerações - repensando o caminho para a prosperidade.
"Prosperity" propõe um novo paradigma de empresa, de regulação e de políticas públicas, centrado no propósito e na abrangência dos diversos interesses que em torno da empresa gravitam. Um paradigma de cooperação para além da competição, modelador em lugar de restritivo, responsabilizante em lugar de individualista, que valoriza as diferentes formas de capital consumidas pela empresa (dinheiro, trabalho, natureza) na produção, necessariamente sustentável, de bens essenciais ao bem-estar coletivo. Uma nova perspetiva, que se precisa, sobre o relacionamento entre o interesse privado dos acionistas, os interesses de todos os que viabilizam o projeto (trabalhadores, gestores, fornecedores), o propósito e a sustentabilidade da empresa e o interesse público da prosperidade das sociedades, como algo de diferente e maior do que a soma das riquezas e dos interesses individuais.