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Sons quase perdidos

Roncas, violas campaniças e gaita de foles coimbrã são alguns dos instrumentos musicais nacionais que já pouco se fazem escutar. Não há muita gente que os fabrique e também rareiam os que os tocam. Encontrámos três artesãos que ainda mantêm vivos os respetivos ofícios e nos dão conta de como funcionam, quanto custam, quem os compra, quando se utilizam. Um mergulho num passado etnológico e musical ameaçado.
José Bento Amaro 04 de Janeiro de 2025 às 11:00
Foto em cima: "Os políticos só se lembram dos gaiteiros durante as campanhas eleitorais. Faltam atuações de cariz cultural. Parece que todos passaram a preferir as concertinas, que nem sequer são portuguesas", diz o músico António Freire (na fotografia, durante uma atuação na Igreja Paroquial de Ceira, no município de Coimbra).


Há instrumentos que em tempos dominaram a cena musical nacional e que hoje já quase não se escutam. Há profissões que se esvaem e tradições que se vão diluindo. Perdem-se os músicos e os artesãos, somem-se sons e composições que outrora se escutavam de Norte a Sul. O Negócios foi atrás dessas relíquias e falou com fabricantes de roncas, cordofones e gaita de foles coimbrã.

"É um instrumento muito esquecido. Em Coimbra, por exemplo, estão esquecidas. Os políticos só se lembram dos gaiteiros durante as campanhas eleitorais. Faltam atuações de cariz cultural. Parece que todos passaram a preferir as concertinas, que nem sequer são portuguesas", diz o músico António Freire.

"As origens deste instrumento perdem-se no tempo, tal como as ferramentas e a arte que foram, durante muitos anos, passando de pais para filhos. Hoje é um artesão galego, Pablo Carpintero, quem fabrica a gaita de foles coimbrã", diz um dos poucos músicos que ainda restam na zona de Coimbra e uma das poucas pessoas que ainda tenta manter vivas as tradições associadas a este instrumento.

António Freire diz que toca a gaita coimbrã há cerca de 20 anos. "Quando cheguei a Coimbra, ainda vinham os músicos velhotes, provenientes das aldeias em redor, tocar na Queima das Fitas e em eventos religiosos. Era uma alegria. Os músicos vinham do interior e muitas vezes, porque muitos deles nem utilizavam transportes, até se encontravam alguns caídos por esses campos, à beira das estradas, com grandes bebedeiras".

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