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As cidades mais ameaçadas do mundo

Em muitas grandes cidades do mundo, a questão não é “se”, mas “quando”. Ameaçadas por desastres naturais ou problemas estruturais que são, muitas vezes, fruto da ação humana, há zonas densamente povoadas que vivem à espera de uma catástrofe. O caso mais severo desta angústia é Jacarta, capital da Indonésia, mas há muitos outros exemplos pelo planeta. Incluindo em Portugal.
Luís Francisco 10 de Agosto de 2024 às 11:00

Os seres humanos são, por natureza, gregários. Se a esta pulsão juntarmos as vantagens materiais (comércio, acesso aos bens) e questões emocionais, como a sensação de segurança, facilmente se percebe o processo de formação de povoados e, na evolução lógica deste movimento, das cidades. Localizadas em pontos estratégicos e com boas condições para o desenvolvimento, elas cresceram e tornaram-se dominantes na paisagem mundial. Estima-se que em 2050 a população urbana represente 68% do total - neste momento já há mais de 500 cidades acima do milhão de habitantes. Parece uma tendência imparável, mas, em alguns casos, o futuro está hipotecado face à ameaça de desastres naturais catastróficos.


Fazem-se listas de tudo e mais alguma coisa, pelo que não surpreende que haja quem olhe para as maiores cidades do planeta e procure enquadrá-las num "ranking" de risco. A esse nível, o pior continente para se ser urbano é a Ásia - em 2021, de acordo com uma avaliação compilada pela Verisk Maplecroft, empresa inglesa de consultoria estratégica e de risco global, apenas uma das 100 cidades mais ameaçadas do mundo não pertencia ao continente asiático (Lima, no Peru) e 80 por cento desse top 100 ficava na China ou na Índia. Com 13 das 20 cidades sujeitas a maiores riscos, a Índia tem de estar apreensiva, mas a cidade mais ameaçada do mundo é Jacarta.


A capital da Indonésia, com 11,3 milhões de habitantes (e mais de 32,5 milhões na área urbana, a segunda mais populosa do mundo depois de Tóquio), tem uma longa história (foi criada no século IV), mas enfrenta ameaças bem graves: poluição, inundações, ondas de calor e sismos. Construída sobre uma planície aluvial pouco elevada, a cidade está a afundar-se, em grande parte devido à extração ilegal de águas subterrâneas. O fenómeno atinge dimensões assustadoras: por ano, segundo algumas fontes, o nível médio da cidade baixa 17 cm, mas há zonas onde se atingem os 30 cm. A crescente vulnerabilidade face às inundações (mais a mais com o nível do mar a subir) promoveu uma série de obras públicas, que vão desde a construção de uma enorme barreira marítima até ao desvio de rios. Mas a grande solução é mais radical: a Indonésia começou a construir uma nova capital, Nusantara, que poderá ser inaugurada em agosto deste ano.


Na lista de 576 cidades avaliadas pela Verisk Maplecroft só duas grandes urbes aparecem na categoria de risco ambiental extremo: Jacarta e Deli, a capital da Índia, onde a poluição é a maior ameaça. Mas há mais no cardápio de desgraças futuras por onde escolher. Muito mais. Em Lagos, a maior cidade da Nigéria, as inundações são cada vez mais graves, potenciadas pela subsidência (nome técnico para definir o afundamento do terreno) e pela subida do nível do mar. A cidade nasceu em zonas separadas do continente por um canal, mas estende-se cada vez mais pela massa terrestre - terá, neste momento, mais de 21 milhões de habitantes e uma estimativa da Universidade de Toronto aponta para que se torne a cidade mais populosa do mundo em 2100, com 88 milhões de pessoas.

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