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O ESG não é uma tendência ou uma estratégia, é o único caminho

A descarbonização é inevitável e toda a empresa tem de ter um road map para reduzir as emissões e que passa muito com a eletrificação. Esta agenda tem de ser muito forte para a empresa se tornar neutral em carbono ou net positive.

27 de Maio de 2022 às 20:00
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A nomenclatura mais financeira ESG é mais do que uma tendência mundial e de uma estratégia, "é o único caminho ou modelo que se tem de seguir em que qualquer organização", sublinhou João Brito Martins, Executive Board Member da E-REDES/EDP durante o Get Together around Sustainability, promovido pela Associação Empresarial do Minho, que celebra o seu primeiro aniversário, e que decorre durante a Semana Económica de Braga, uma iniciativa da InvestBraga.


Mas esta defronta-se com um contexto multifacetado. O crescimento económico, a globalização da produção e do consumo que hoje se reflete nos problemas das cadeias de abastecimento e logísiticas que estão muito longe do consumo com a dependência da China com a falta de semicondutores, a falta de materiais eletrónicos, etc.


Uma sociedade muito conectividade e integrada nos media sociais o que implica problemas de reputação, é um mundo mais transparente "toda a gente publica tudo", disse João Brito Martins e hoje a maior parte das vezes antes de se comprar um produto consultam-se as avaliações, as grandes tinham um poder que perderam para o consumidor. A terceira tendência de aceleração dos negócios devido à capacidade de processamento e um excesso de liquidez que o mundo tem que se deslocou para o venture capital, com as empresas a crescerem mais depressa e desaparecerem mais depressa.


"O aquecimento global é o detonador de todo este movimento, e estamos mais de graus do que há 200 anos e derivam sobretudo das emissões de carbono e com eventos climatéricos mais intensos e que colocam a sobrevivência da humanidade", afirmou João Brito Martins


A descarbonização é inevitável e toda a empresa tem de ter um road map para reduzir as emissões e que passa muito com a eletrificação. Esta agenda tem de ser muito forte para a empresa se tornar neutral em carbono ou net positive.

 

Valor para os stakeholders

O social quer dizer gerar valor para todos os stakeholders, "a começar pelos colaboradores até porque é um desafio de talento, pois são as pessoas que escolhem uma empresa e não esta que escolhe os seus colaboradores", disse João Brito Martins.

Os clientes também tendem a ter mais preocupações ambientais e os fornecedores começam a fazer auditorias à sua cadeia de abastecimento vão multiplicar-se, a que se somam o Estado, a regulação, as comunidades e os investidores. "Hoje não basta gerar valor para os investidores mas todos os stakeholders"

"A forma como se organiza e gerem riscos é fundamental para as empresas neste caminho", avisou João Brito Martins. Referiu os modelos de reporte da sustentabilidade que permitem comparar as empresas como aconteceu a contabilidade, agências de rating e consultoria, índices de sustentabilidade e ESG e os investidores como a BlacRock. Alertou ainda sobre "a falta de talento no mundo, e há uma falta de talentos para se fazer esta mudança em Portugal".

Mário Bolota, CEO do Banco BIG, falou da "sustentabilidade no mundo financeiro", referiu-se a um maior ativismo dos cidadãos com a sustentabilidade e a responsabilidade social, a descarbonização e os novos objetivos climáticos.

 

Os milhões sustentáveis

Salientou que estes novos tempos exigem grandes investimentos com a União Europeia a prever 520 mil milhões anuais na próxima década para a redução em 55% das emissões de CO2. Em Portugal estima-se 1 milhão de milhões até 2040 e até 2030 400 mil milhões. "Haverá apoios comunitários mas vão ser as empresas e as famílias a financiar esta transição", afirmou Mário Bolota.

Em 2021 o financiamento verde atingiu os 750 mil milhões de euros, mais 90% do que 2020, sobretudo as emissões de obrigações que são dominantes. Referiu que ainda falta especificação e regulação para evitar o greenwashing. Falou de novos produtos de poupança e investimento como os fundos de investimento sustentáveis, crédito automóvel verde e ao consumo verde, hipotecas verdes, obrigações sustentáveis e sociais.

A emergência climática foi proclamada e espera-se que em 2025 se atinja o pico e que depois se reduza em 55%. Mas Maria João Coelho (BCSD) referiu que grande parte do consumo baseia-se em recursos naturais, produzem-se dois mil milhões de toneladas de resíduos e com apenas 10% de circularidade. "Todas as empresas dependem diretamente ou indiretamente de recursos naturais e por isso têm de olhar para a sustentabilidade como refere um relatório do WEF e PwC", assinalou Maria João Coelho.

 

A jornada das empresas

Salientou que a agenda está definida. "Temos o acordo de Paris, com a descarbonização, e ODS e os seus 17 objetivos, o Pacto Ecológico Europeu que propõe objetivos de um pacote financeiro como Next Generation". "A sustentabilidade a ser incorporada nas empresas através dos satkeholders tanto os de criação de calor como os em que envolvem e que permitem que funcione como as comunidades, as ONG, a regulação", afirmou Maria João Coelho.

Concluiu "a jornada para a sustentabilidade das empresas que o BCSD desenvolveu para as empresas e que implica vários passos até se chegar ao índices e aos ratings. Podemos ter uma boa estratégia mas no fundo temos de ter as pessoas a fazer essa transformação porque vão ser os verdadeiros agentes de mudança".

As empresas têm um papel fundamental na sustentabilidade "porque têm que assegurar que os seus negócios são amigos do desenvolvimento sustentável em todas as dimensões, e tem porque no desenvolvimento sustentável há novas oportunidades de negócio que é importante aproveitar", sustentou Ricardo Rio, presidente do Município de Braga e da InvestBraga.

Na sua opinião, a sustentabilidade é uma área em que a ligação à inovação e à produção de conhecimento podem gerar transformações mais disruptivas e mais capazes de nos permitirem concretizar os objetivos do desenvolvimento sustentável, que é a abordagem mais holística para de uma forma transversal cobrir todas essas dimensões do nosso desenvolvimento e é obviamente uma dimensão que as empresas têm um papel prescritor".

 

O problema da produtividade

"O tema sustentabilidade afeta-nos a todos, é algo que queremos dar a máxima atenção para sermos um sólido parceiro nesta sensibilização", afirmou Luis Rovy, vice-presidente da AE Minho, responsável pela fileira da sustentabilidade.

"Queremos medidas que sejam efetivas, que se tomem decisões no rumo da sustentabilidade e soluções alternativas para os nossos os problemas e para os negócios. Pensamos hoje na energia pelo preço e pela dependência mas queremos pensar mais em resíduos em recursos hídricos", adiantou Luís Roby. Com concluiu que um mundo mais sustentável "é um problema de todos e temos de o transformar numa oportunidade mas sem catastrofismos". Referiu que 90% dos europeus já pensam na sustentabilidade de um produto ou um serviço.

Na conclusão do Get Together around Sustainability, promovido pela Associação Empresarial do Minho, Luís Marques Mendes  sublinhou que a sustentabilidade "é uma questão nuclear e uma mudança de paradigma e de civilização mas há duas questões nesse caminho e isto não vai ser fácil, as estruturais serão difíceis e em alguns setores gerarão resistências aos ventos da mudança".

Acrescentou que "hoje já não se discute a sustentabilidade ou as alterações climática a questão é o ritmo que se vai adotar e pode ser pelo equilíbrio e determinação ou com radicalismo".

Assinalou a relação entre a sustentabilidade e competitividade e lembrou que a competitividade Portugal "não está bem e tem de refletir sobre isso e é um problema nacional não é de governos e se não crescemos não podemos ter melhores salários".

 

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