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Boost na inovação e tecnologia verde

No passado, foi sempre a inovação que fez avançar a economia e as sociedades. Também na batalha pela descarbonização, partilho da opinião de Bill Gates: a inovação e as tecnologias verdes vão fazer a diferença para conseguirmos limitar o aquecimento global ao intervalo entre 1,5 ºC - 2 ºC.

10 de Janeiro de 2024 às 14:00
Bruno Proença, Consultor de Sustentabilidade
Bruno Proença, Consultor de Sustentabilidade
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Os problemas ambientais, como as alterações climáticas, não têm uma solução única. A literatura académica e a opinião dos especialistas são unânimes sobre isto. Por um lado, temos as políticas públicas onde se destacam a política fiscal, como taxação do carbono; a promoção dos mercados de licenças de emissões de gases com efeitos de estufa ou os incentivos à reciclagem. Por outro lado, no setor privado, temos sobretudo medidas de ganhos de eficiência, como a diminuição de consumos de energia e outras matérias-primas, ou ainda a reutilização de materiais, naquilo que é base da economia circular.

Tudo isto são condições necessárias, mas insuficientes. A inovação será o fator diferenciador. Na batalha pela descarbonização, partilho da opinião de Bill Gates, fundador da Microsoft: a inovação e as tecnologias verdes vão fazer a diferença para conseguirmos limitar o aquecimento global ao intervalo minimamente aceitável (1,5 ºC - 2 ºC).

Em dezembro do ano passado, a McKinsey divulgou um relatório ("What would it take to scale critical climate technologies?") onde faz um ponto de situação sobre a inovação verde. Primeiro, as boas notícias: a inovação verde tem avançado rapidamente e cerca de 90% das emissões de gases com efeitos de estufa previstas para 2050 podem ser abatidas com a tecnologia já existente. Agora, as más notícias: a esmagadora maioria desta tecnologia ainda não está madura.

A consultora identifica 12 "clusters" de tecnologia climática: energia renovável, energia nuclear, armazenamento de energia, baterias, bombas de calor, hidrogénio, combustíveis sustentáveis, captura de carbono, engenharia de remoção de carbono, tecnologia de suporte de soluções de clima natural, tecnologia circular e tecnologia para produzir proteínas alternativas. Destes "clusters", somente 10% correspondem a tecnologias comercialmente maduras e com uma distribuição potencialmente global, como a energia solar e eólica, o nuclear ou a energia geotérmica.

Cerca de 45% destes "clusters" são tecnologias em fase inicial de comercialização e adoção. Estas tecnologias já provaram a sua viabilidade técnica e que têm potencial enquanto negócio, mas ainda necessitam de apoios para serem competitivas quando comparadas com as incumbentes. Depois temos 40% destes "clusters" que são tecnologias que ainda estão numa fase inicial do processo de inovação e que precisam de provar o seu potencial comercial. Por fim, temos 5% dos "clusters" identificados pela McKinsey que são tecnologias ainda em fase de prova de conceito.

O potencial é muito, mas há trabalho árduo pela frente. A tecnologia verde está a atingir a maturidade mais rapidamente do que outras inovações no passado, nomeadamente na área da energia. Foi necessário meio século para o carvão, o petróleo e o gás natural atingirem, respetivamente, 40%, 30% e 20% do total do mercado. Já as energias solar e eólica devem passar de 5% para 40% do fornecimento global de energia somente em 15 anos (entre 2015 e 2030).

Porém, para que estas taxas de crescimento se mantenham nas energias renováveis e sejam transpostas para outros "clusters" da tecnologia verde, será necessário reunir condições que passam por montar cadeias de abastecimento e as infraestruturas necessárias; a integração entre as diferentes tecnologias; formar o capital humano; e, não menos importante, garantir o financiamento necessário.

Estas condições têm de ser reunidas num esforço conjunto entre entidades públicas e empresas privadas. O Estado deverá dar os incentivos corretos. Os privados devem alterar os seus modelos de negócio, privilegiando o lançamento de novos produtos e serviços verdes.

Ciências e Factos AustráliaO supervisor do mercado da Austrália prometeu continuar a apertar o controlo sobre os fundos de investimento, nomeadamente para travar práticas de "greenwashing". Para a Australian Securities and Investments Commission (ASIC), estas práticas não são toleráveis, pois correspondem a informação errada para o mercado que pretende enganar os investidores. No ano passado, a ASIC avançou com três processos legais contra fundos de investimento. Em causa estão multas que podem atingir seis milhões de dólares devido ao "greenwashing".

AlemanhaAs emissões de gases com efeitos de estufa na Alemanha caíram 20% no ano passado, para o valor mais baixo desde 1950. Por um lado, o facto é positivo. Por outro, infelizmente, não é sustentável. A redução deveu-se à estagnação da atividade industrial na maior economia europeia e não por ganhos de eficiência ou outras medidas adotadas pelas empresas.
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