- Partilhar artigo
- ...
No primeiro texto do ano, começo por deixar um desejo: 2024 tem de ser melhor do que o ano passado no combate ao aquecimento global. 2023 arrisca-se a ficar para a história como o momento de choque com a realidade - estamos a perder as batalhas contra as alterações climáticas. Foi o mais quente desde que há registos estatísticos; as emissões de gases com efeitos de estufa atingiram novos recordes; e, somando a tudo isto, nota-se uma fadiga nos governos relativamente a estes assuntos. Os temas ambientais foram substituídos pela inflação, crescimento económicos ou os conflitos geopolíticos nas prioridades das autoridades governamentais.
Assim, não é de estranhar que todas as promessas e compromissos de governos, instituições internacionais, empresas e ONG sejam insuficientes para conseguirmos a neutralidade carbónica em 2050, meta fundamental para atingirmos os objetivos dos Acordos de Paris. Isto é demonstrado por um estudo da Agência Internacional de Energia (AIE) já após a COP28, reunião promovida pelas Nações Unidas no Dubai cujos resultados são igualmente paradigmáticos de 2023 - muitas novas promessas, mas sem datas concretas. Mais uma mão-cheia de boas intenções.
Voltando aos desejos para 2024, espero dos "stakeholders" mais pragmatismo. O problema das alterações climáticas é complexo e não se resolve com uma "bala de prata". Não tem uma solução única. Resolve-se com um mix de políticas públicas, alterações de comportamento dos "stakeholders" e decisões empresariais.
Dentro do mix de soluções, um dos caminhos passa pelos três "R": redução, reutilização e reciclagem. Redução de consumos, nomeadamente energéticos, através de ganhos de eficiência nas redes de distribuição e na utilização; maior reutilização de materiais e produtos; e incremento de reciclagem de materiais… Há muita literatura sobre a economia circular, mas também aqui os resultados estão aquém do desejado.
Significa que devemos abandonar este caminho? Não, porém devemos ter noção das limitações. A redução de consumos choca de frente com uma população mundial em crescimento - já passamos a barreira dos oito mil milhões de pessoas - e com as ambições de melhores níveis de vida dos cidadãos dos países em vias de desenvolvimento. A redução drástica do uso de recursos significa uma regressão do nível de vida. Não acredito que seja possível, pois as populações não vão aceitar.
No máximo vamos conseguir ganhos de eficiência que têm de ser compatibilizados com outras soluções, como a inovação tecnológica. A descarbonização da economia apenas será alcançada com inovação nos vários setores de atividade - energia, transportes, construção, alimentação, vestuário… -, que terá de passar por massificar alguma da tecnologia já existente e encontrar novas soluções. Para isto, é necessário dinheiro. E muito. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, espero que em 2024 voltem a crescer os fluxos de financiamento para projetos verdes.
No fundo, desejo mais ação no combate às alterações climáticas. Uma ação pragmática, que envolva os "stakeholders" e coordene as políticas públicas e iniciativas do setor privado, apostando forte na inovação. Não desejo mais promessas a concretizar daqui a uma década. É altura de menos conversa, mais trabalho e, sobretudo, mais resultados, para que as pessoas acreditem que é possível limitar o aquecimento global.
Assim, não é de estranhar que todas as promessas e compromissos de governos, instituições internacionais, empresas e ONG sejam insuficientes para conseguirmos a neutralidade carbónica em 2050, meta fundamental para atingirmos os objetivos dos Acordos de Paris. Isto é demonstrado por um estudo da Agência Internacional de Energia (AIE) já após a COP28, reunião promovida pelas Nações Unidas no Dubai cujos resultados são igualmente paradigmáticos de 2023 - muitas novas promessas, mas sem datas concretas. Mais uma mão-cheia de boas intenções.
Voltando aos desejos para 2024, espero dos "stakeholders" mais pragmatismo. O problema das alterações climáticas é complexo e não se resolve com uma "bala de prata". Não tem uma solução única. Resolve-se com um mix de políticas públicas, alterações de comportamento dos "stakeholders" e decisões empresariais.
Dentro do mix de soluções, um dos caminhos passa pelos três "R": redução, reutilização e reciclagem. Redução de consumos, nomeadamente energéticos, através de ganhos de eficiência nas redes de distribuição e na utilização; maior reutilização de materiais e produtos; e incremento de reciclagem de materiais… Há muita literatura sobre a economia circular, mas também aqui os resultados estão aquém do desejado.
Significa que devemos abandonar este caminho? Não, porém devemos ter noção das limitações. A redução de consumos choca de frente com uma população mundial em crescimento - já passamos a barreira dos oito mil milhões de pessoas - e com as ambições de melhores níveis de vida dos cidadãos dos países em vias de desenvolvimento. A redução drástica do uso de recursos significa uma regressão do nível de vida. Não acredito que seja possível, pois as populações não vão aceitar.
No máximo vamos conseguir ganhos de eficiência que têm de ser compatibilizados com outras soluções, como a inovação tecnológica. A descarbonização da economia apenas será alcançada com inovação nos vários setores de atividade - energia, transportes, construção, alimentação, vestuário… -, que terá de passar por massificar alguma da tecnologia já existente e encontrar novas soluções. Para isto, é necessário dinheiro. E muito. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, espero que em 2024 voltem a crescer os fluxos de financiamento para projetos verdes.
No fundo, desejo mais ação no combate às alterações climáticas. Uma ação pragmática, que envolva os "stakeholders" e coordene as políticas públicas e iniciativas do setor privado, apostando forte na inovação. Não desejo mais promessas a concretizar daqui a uma década. É altura de menos conversa, mais trabalho e, sobretudo, mais resultados, para que as pessoas acreditem que é possível limitar o aquecimento global.
Ciências e Factos FrançaO Governo francês determinou que os fundos de investimento que tenham a classificação de "responsabilidade social" estão proibidos de investir em empresas que lancem novas explorações de combustíveis fósseis, bem como novos projetos de refinarias. Estas novas regras vão entrar em vigor no início de 2025 e as expectativas dos "players" do mercado é que tenham fortes consequências nos portefólios de investimento dos fundos.
EUA A administração norte-americana apertou os critérios que têm de ser cumpridos pelos projetos de desenvolvimento de hidrogénio que desejem beneficiar dos subsídios verdes. As alterações introduzidas pelo Governo dos EUA desiludiram os promotores dos projetos de hidrogénio, uma fonte de energia limpa que muitos consideram fundamental para a descarbonização, nomeadamente do setor dos transportes. Segundo os promotores, as novas regras vão inviabilizar muitos projetos de I&D que estão neste momento no terreno.
EUA A administração norte-americana apertou os critérios que têm de ser cumpridos pelos projetos de desenvolvimento de hidrogénio que desejem beneficiar dos subsídios verdes. As alterações introduzidas pelo Governo dos EUA desiludiram os promotores dos projetos de hidrogénio, uma fonte de energia limpa que muitos consideram fundamental para a descarbonização, nomeadamente do setor dos transportes. Segundo os promotores, as novas regras vão inviabilizar muitos projetos de I&D que estão neste momento no terreno.