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A COP28 teve um final dramático. As negociações prolongaram-se para lá do prazo estabelecido e foi conseguido um acordo na vigésima quinta hora. No calor do momento, a declaração que saiu foi classificada por muitos como histórica, pois, pela primeira vez, fala-se do princípio do fim dos combustíveis fósseis. Um passo em frente, pois no passado o compromisso tinha-se ficado pelo carvão e agora inclui-se petróleo e gás.
Com o passar dos dias, a avaliação é menos festiva. A declaração pode ser histórica, mas não muda a história. Paradoxal? Há momentos que podem ser únicos, ainda assim não mudam a curso da história.
"Transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a atingir emissões líquidas nulas até 2050, em conformidade com a ciência". É a frase incluída na declaração final classificada como histórica. No mínimo, podemos dizer que é vaga, deixando muito espaço para diferentes interpretações quando chegarmos à implementação.
Como sempre, o diabo está nos detalhes. E, nas questões ambientais, o diabo tem estado na implementação e nos detalhes que têm evitado a concretização das promessas dos países e empresas nos prazos necessários para travar o aquecimento global.
Vamos aos factos. Uma análise da Agência Internacional de Energia aos compromissos assumidos na COP28 mostra que são insuficientes para se atingirem os objetivos dos Acordos de Paris. Garantem apenas 30% dos cortes nas emissões de gases com efeitos de estufa que são necessários para se conseguir limitar o aquecimento global a 1,5 ºC. Esta é a grande questão: as promessas e compromissos assumidos por empresas e países vão no bom sentido, mas não têm a dimensão, nem são concretizados à velocidade necessária para impedir que o aquecimento global atinja níveis alarmantes.
Mesmo assim, foram assumidos outros compromissos que justificam maior atenção. Cerca de 120 países comprometeram-se em triplicar a capacidade de produção de energia renovável para pelo menos 11.000 gigawatts até 2030 e duplicar a taxa anual de melhoria de eficiência energética de 2% para 4%. As metas são ambiciosas, mas não impossíveis. Em muitos países, as energias solares e eólicas são já mais baratas do que a energia fóssil.
Cinquenta das maiores petrolíferas assinaram um acordo onde prometem descarbonizar as operações e reduzir fortemente as emissões de metano. A concretização deste acordo será um ótimo teste do algodão: as petrolíferas têm real vontade para transitarem para um modelo de negócio mais sustentável ou trata-se de mais uma operação de "greenwashing"?
Por fim, na anterior COP27 foi criado o "Loss and Damage Fund", que foi operacionalizado agora na conferência das partes terminada na semana passada. O fundo é fundamental para apoiar os países mais afetados pelo aquecimento global e era uma pretensão antiga dos países em vias de desenvolvimento. Porém, os valores alcançados estão ainda longe dos biliões de dólares que, segundo os cálculos das Nações Unidas, vão ser necessários no futuro.
Por tudo isto, a COP28 não foi tempo perdido, mas desconfio que a classificação como "reunião histórica" vai relevar-se como manifestamente exagerada. Prefiro uma análise mais pragmática. Os compromissos assumidos vão no sentido certo. Porém, são insuficientes. Pede-se mais ambição e velocidade na concretização de promessas e medidas por parte de todos os "stakeholders". Caso contrário, não vamos conseguir travar o aquecimento global.
Com o passar dos dias, a avaliação é menos festiva. A declaração pode ser histórica, mas não muda a história. Paradoxal? Há momentos que podem ser únicos, ainda assim não mudam a curso da história.
"Transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a atingir emissões líquidas nulas até 2050, em conformidade com a ciência". É a frase incluída na declaração final classificada como histórica. No mínimo, podemos dizer que é vaga, deixando muito espaço para diferentes interpretações quando chegarmos à implementação.
Como sempre, o diabo está nos detalhes. E, nas questões ambientais, o diabo tem estado na implementação e nos detalhes que têm evitado a concretização das promessas dos países e empresas nos prazos necessários para travar o aquecimento global.
Vamos aos factos. Uma análise da Agência Internacional de Energia aos compromissos assumidos na COP28 mostra que são insuficientes para se atingirem os objetivos dos Acordos de Paris. Garantem apenas 30% dos cortes nas emissões de gases com efeitos de estufa que são necessários para se conseguir limitar o aquecimento global a 1,5 ºC. Esta é a grande questão: as promessas e compromissos assumidos por empresas e países vão no bom sentido, mas não têm a dimensão, nem são concretizados à velocidade necessária para impedir que o aquecimento global atinja níveis alarmantes.
Mesmo assim, foram assumidos outros compromissos que justificam maior atenção. Cerca de 120 países comprometeram-se em triplicar a capacidade de produção de energia renovável para pelo menos 11.000 gigawatts até 2030 e duplicar a taxa anual de melhoria de eficiência energética de 2% para 4%. As metas são ambiciosas, mas não impossíveis. Em muitos países, as energias solares e eólicas são já mais baratas do que a energia fóssil.
Cinquenta das maiores petrolíferas assinaram um acordo onde prometem descarbonizar as operações e reduzir fortemente as emissões de metano. A concretização deste acordo será um ótimo teste do algodão: as petrolíferas têm real vontade para transitarem para um modelo de negócio mais sustentável ou trata-se de mais uma operação de "greenwashing"?
Por fim, na anterior COP27 foi criado o "Loss and Damage Fund", que foi operacionalizado agora na conferência das partes terminada na semana passada. O fundo é fundamental para apoiar os países mais afetados pelo aquecimento global e era uma pretensão antiga dos países em vias de desenvolvimento. Porém, os valores alcançados estão ainda longe dos biliões de dólares que, segundo os cálculos das Nações Unidas, vão ser necessários no futuro.
Por tudo isto, a COP28 não foi tempo perdido, mas desconfio que a classificação como "reunião histórica" vai relevar-se como manifestamente exagerada. Prefiro uma análise mais pragmática. Os compromissos assumidos vão no sentido certo. Porém, são insuficientes. Pede-se mais ambição e velocidade na concretização de promessas e medidas por parte de todos os "stakeholders". Caso contrário, não vamos conseguir travar o aquecimento global.
Ciências e factos JapãoNa corrida pela descarbonização da economia, o Japão, dos grandes blocos económicos mundiais, está entre os mais atrasados. Mais de 80% da produção da energia ainda é baseada em combustíveis fósseis. Agora, o Governo anunciou um pacote de 14 mil milhões de dólares em subsídios para empresas que desenvolvam investigação em projetos verdes. As prioridades vão ser o hidrogénio, os novos materiais que substituam o plástico e o cimento e captura de carbono.
União EuropeiaNo final da semana passada, no Parlamento Europeu foram dados passos adicionais para a concretização da diretiva Corporate Sustainability Due Diligence. A diretiva já tinha sido apresentada pela Comissão Europeia, ficou agora acordada no Parlamento Europeu e vai passar para o Conselho Europeu, onde estão representados os 27 Governos dos Estados-membros. Ainda faltam vários passos até chegarmos ao texto final, que terá depois de ser aprovado pelas diferentes instituições transposto para legislação nacional.
União EuropeiaNo final da semana passada, no Parlamento Europeu foram dados passos adicionais para a concretização da diretiva Corporate Sustainability Due Diligence. A diretiva já tinha sido apresentada pela Comissão Europeia, ficou agora acordada no Parlamento Europeu e vai passar para o Conselho Europeu, onde estão representados os 27 Governos dos Estados-membros. Ainda faltam vários passos até chegarmos ao texto final, que terá depois de ser aprovado pelas diferentes instituições transposto para legislação nacional.