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Os bancos a operarem no mercado europeu que não cumprirem as recomendações do supervisor vão enfrentar a mão pesada do Banco Central Europeu (BCE), nomeadamente do Mecanismo Único de Supervisão (MUS), o seu braço para a supervisão prudencial, o que poderá passar pela aplicação de multas. O aviso chegou no final da semana passada pela voz de Frank Elderson, o holandês que pertence à comissão executiva do BCE e é o vice-presidente do MUS.
O significado especial no discurso de Elderson reside em dois aspetos. Primeiro, no passado nunca o BCE aplicou este tipo de multas por incumprimento de recomendações. Segundo, o aviso de Elderson vem na sequência de um tema específico: as alterações climáticas e a necessidade dos bancos internalizarem este risco concreto no seu modelo de negócio.
Para o supervisor europeu, o tema da sustentabilidade, e em particular do aquecimento global, é sério, é prioritário na sua agenda e está a perder a paciência para os bancos europeus que estão a ignorar este tipo de riscos para a sua atividade. Na sua última avaliação, as conclusões do MUS não foram muito animadoras: a maioria dos bancos europeus está atrasada na adaptação do seu modelo de negócio aos riscos relacionados com o aquecimento global. As instituições financeiras vão ser obrigadas a atuar em quatro dimensões.
A primeira e mais imediata passa por considerar as implicações das alterações climáticas nos seus modelos de análise de risco. Os bancos têm de analisar as suas carteiras de crédito, a particulares e empresas, e os seus balanços e verificarem a resiliência perante a concretização dos riscos climáticos. Ou seja, perante um evento climático extremo, que provoque a destruição de empresas, que levem à sua falência, o balanço da instituição financeira é suficiente sólido para aguentar os créditos malparados que poderão ser originados por esta situação? Esta é o tipo de questões que deve ser respondida.
Porém, para fazerem uma avaliação profunda da sua carteira de crédito e dos impactos no balanço, os bancos necessitam de dados ESG dos seus clientes. Esta é a segunda dimensão de atuação e provavelmente a mais complicada e complexa. A esmagadora maioria dos clientes não tem estes valores.
Imagine-se a tarefa de recolha de dados multiplicada pelos milhões de clientes dos bancos, muitos deles com vários créditos e operações junto de diferentes instituições. Neste momento, este é o grande desafio para os bancos, e é aqui que o BCE coloca mais pressão: as instituições financeiras têm de ter informação não financeira (ESG) granular sobre os seus clientes.
A terceira dimensão está na diferenciação de produtos e serviços. Os bancos já hoje têm créditos para empresas e particulares que procuram investir em projetos verdes, bem como produtos de investimento, sejam "green bonds" ou fundos sustentáveis. A tendência é que este tipo de produtos cresça e ganhe preponderância no balanço dos bancos.
Por fim, e também decorrente de todas as outras dimensões, os bancos têm de se transformar enquanto organizações. Devem preocupar-se, por exemplo, com a sua pegada carbónica, com a paridade de género e, mais importante, com a solidez dos seus modelos de governança. Resumindo, têm de passar para um modelo de negócio mais sustentável.
A transição para a sustentabilidade está a atingir fortemente o setor financeiro, que, por força dos reguladores, está a ser obrigado a ser pioneiro em muitas áreas. Pela negativa, acarreta custos iniciais e adicionais. Pela positiva, vai transformar-se num setor económico mais resiliente e preparado para criar valor no longo prazo. Além disto, vai ter um efeito de arrastamento positivo sobre os clientes. Os bancos vão ser uma força de transformação da economia e da sociedade no sentido da descarbonização e da sustentabilidade.
O significado especial no discurso de Elderson reside em dois aspetos. Primeiro, no passado nunca o BCE aplicou este tipo de multas por incumprimento de recomendações. Segundo, o aviso de Elderson vem na sequência de um tema específico: as alterações climáticas e a necessidade dos bancos internalizarem este risco concreto no seu modelo de negócio.
Para o supervisor europeu, o tema da sustentabilidade, e em particular do aquecimento global, é sério, é prioritário na sua agenda e está a perder a paciência para os bancos europeus que estão a ignorar este tipo de riscos para a sua atividade. Na sua última avaliação, as conclusões do MUS não foram muito animadoras: a maioria dos bancos europeus está atrasada na adaptação do seu modelo de negócio aos riscos relacionados com o aquecimento global. As instituições financeiras vão ser obrigadas a atuar em quatro dimensões.
A primeira e mais imediata passa por considerar as implicações das alterações climáticas nos seus modelos de análise de risco. Os bancos têm de analisar as suas carteiras de crédito, a particulares e empresas, e os seus balanços e verificarem a resiliência perante a concretização dos riscos climáticos. Ou seja, perante um evento climático extremo, que provoque a destruição de empresas, que levem à sua falência, o balanço da instituição financeira é suficiente sólido para aguentar os créditos malparados que poderão ser originados por esta situação? Esta é o tipo de questões que deve ser respondida.
Porém, para fazerem uma avaliação profunda da sua carteira de crédito e dos impactos no balanço, os bancos necessitam de dados ESG dos seus clientes. Esta é a segunda dimensão de atuação e provavelmente a mais complicada e complexa. A esmagadora maioria dos clientes não tem estes valores.
Imagine-se a tarefa de recolha de dados multiplicada pelos milhões de clientes dos bancos, muitos deles com vários créditos e operações junto de diferentes instituições. Neste momento, este é o grande desafio para os bancos, e é aqui que o BCE coloca mais pressão: as instituições financeiras têm de ter informação não financeira (ESG) granular sobre os seus clientes.
A terceira dimensão está na diferenciação de produtos e serviços. Os bancos já hoje têm créditos para empresas e particulares que procuram investir em projetos verdes, bem como produtos de investimento, sejam "green bonds" ou fundos sustentáveis. A tendência é que este tipo de produtos cresça e ganhe preponderância no balanço dos bancos.
Por fim, e também decorrente de todas as outras dimensões, os bancos têm de se transformar enquanto organizações. Devem preocupar-se, por exemplo, com a sua pegada carbónica, com a paridade de género e, mais importante, com a solidez dos seus modelos de governança. Resumindo, têm de passar para um modelo de negócio mais sustentável.
A transição para a sustentabilidade está a atingir fortemente o setor financeiro, que, por força dos reguladores, está a ser obrigado a ser pioneiro em muitas áreas. Pela negativa, acarreta custos iniciais e adicionais. Pela positiva, vai transformar-se num setor económico mais resiliente e preparado para criar valor no longo prazo. Além disto, vai ter um efeito de arrastamento positivo sobre os clientes. Os bancos vão ser uma força de transformação da economia e da sociedade no sentido da descarbonização e da sustentabilidade.
Ciências e factos COP28 IA COP28 chegou ao fim e, como esperava, os resultados finais ficaram aquém do esperado e, mais importante, do necessário para travar o aquecimento global. Cálculos da Agência Internacional de Energia sublinham que os compromissos de redução das emissões de gases com efeitos de estufa, assumidos por 130 países e 50 empresas do setor dos combustíveis fósseis, são insuficientes, deixando o planeta longe do objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC relativamente ao nível pré-industrial.
COP28 IIDesde o início que esta reunião da COP viveu ameaçada pela influência excessiva dos países e empresas ligadas ao petróleo. Pois a realidade parece confirmar a concretização das ameaças. O acordo final ficou envolto em polémica, com acusações de pressões por parte da Arábia Saudita para travar a fixação de metas para a redução da produção e consumo de petróleo.
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