Opinião
Marcelo passeia no fio da navalha
Já repararam na acção do Governo nos últimos tempos? Não estou a falar do orçamento eleitoralista e de tudo o que ele implica - mas já reparam na sucessão de casos
Back to basics
Perguntem sempre a cada ideia: a quem serves?
Bertolt Brecht
Marcelo e o fio da navalha
Já repararam na acção do Governo nos últimos tempos? Não estou a falar do orçamento eleitoralista e de tudo o que ele implica - mas já reparam na sucessão de casos como o recuo na mudança do Infarmed, nas nomeações partidárias e sem experiência adequada para a entidade reguladora da energia? E no caso da conveniente substituição da procuradora-geral da República? Já viram o romance em torno das armas desaparecidas em Tancos? São muitas trapalhadas, demasiadas trapalhadas. Atrevo-me a pensar que, se o Presidente da República fosse Sampaio em vez de Marcelo, já estaria a invocar as trapalhadas para deitar abaixo o Governo. Mas Marcelo prefere jogar outro jogo e anda a passear no fio da navalha que Costa esgrime. O Presidente da República está a mostrar que a sua proverbial atracção pelo abismo não deixou de existir e prefere assobiar para o ar enquanto passa revista às tropas sem a presença do ministro da Defesa, que anda enredado numa teia de contradições - para não dizer outra coisa. Cada vez fica mais difícil acreditar que o ministro (que em tempos, recorde-se, disse não estar certo de que tenha havido roubo) sabia do que se passava. A única dúvida era quem mais sabia do sucedido fora do gabinete do ministro. Costa sabia e agora esqueceu? Marcelo, que sempre insistiu que era preciso saber o que na realidade se passou, tinha indícios? Gosto muito de observar a vida política e já tive ocasiões em que nela participei. Mas hoje em dia sou cada vez mais céptico quanto à capacidade de a política, os partidos e os políticos se reformarem a eles próprios. Aos políticos e aos partidos parlamentares interessa manter este "status quo" e evitar que surjam em cena novos protagonistas - alterar a Lei Eleitoral com o quadro parlamentar actual é uma utopia piedosa. A política é cada vez mais um clube fechado, o contrário daquilo que deveria ser.
Semanada
• Três em cada quatro portugueses acham que a Saúde não é uma prioridade para o Governo, revela um estudo divulgado esta semana • em caso de enfarte, o risco de morte nos hospitais públicos de Lisboa, Alentejo e Algarve é maior do que no Norte do país • segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2017, as exportações nacionais subiram 10%, totalizando 55.029 milhões de euros, enquanto as importações cresceram 13,1%, totalizando 69.489 milhões de euros • segundo previsões do FMI, o PIB português dentro de cinco anos estará apenas 8,7% acima do que era em 2008 e, dos 190 países para os quais há estatísticas, apenas 13 têm pior desempenho: Itália e Grécia, na União Europeia, e, fora dela, países como a Líbia, a Venezuela, a Ucrânia ou o Sudão • o estudo "Retrato de Portugal", divulgado esta semana em Bruxelas, indica que Portugal é um dos Estados-membros da União Europeia com piores resultados ao nível da educação, e revela que 54,6% dos empregadores não frequentaram o ensino secundário ou superior e 43,3% dos trabalhadores por conta de outrem não têm escolaridade além do 9.º ano • alunos de nove anos de uma escola do Porto receberam, na disciplina de Cidadania, um inquérito em que uma das perguntas é: se se sentem atraídos por homens, mulheres ou ambos • o ex-adjunto de Ricardo Robles, Rui Costa (que é deputado municipal), foi contratado pela EMEL para a área de apoio jurídico.
Dixit
"Estava o meu capitão encostado à porta da guerra e disse-me: "Olha, a guerra acabou!" Eu, surpreendido: "Acabouu??" Disse-me o meu capitão: "Acabou. Olha que veio cá o fiscal e não tínhamos licença de porte de armas."
Raul Solnado
(Diálogo de "A Guerra", de Raul Solnado)
Histórias para crianças
Maria Filomena Mónica não é propriamente conhecida por contar histórias para criancinhas - observa o país com um olhar agudo e crítico e salta entre épocas, quer seja nas suas crónicas, nas suas memórias, ou a escrever sobre os ricos ou os pobres em Portugal, sobre a nossa História, sobre os nossos escritores. Há 14 anos, Maria Filomena Mónica decidiu escrever, como prenda de Natal, um livro para os netos, centrado num período da História de Portugal: o final do reinado de D. João VI, as lutas entre liberais e absolutistas, o início do reinado de D. Maria II, o seu casamento com D. Fernando, a construção do Palácio da Pena e a sucessão, primeiro com o seu marido, D. Fernando, o príncipe alemão com que a rainha se casou, e depois com o seu filho D. Pedro V e a tragédia da sua morte precoce. Pelo meio fica a descrição da Lisboa de então, da vida na corte, do funcionamento da monarquia. Escrito como um conto para crianças, narrado como uma aventura, "O Filho da Rainha Gorda - D. Pedro V e sua mãe D. Maria II", estava há muito esgotado e foi agora reeditado pela Quetzal. A nova edição é ilustrada por imagens da época e por deliciosas gravuras feitas pelo próprio D. Fernando, o marido de D. Maria II, que foi quem introduziu em Portugal o costume da árvore de Natal. É um relato acessível, mas preciso, desse tempo da nossa História e que pode ajudar a clarificar ideias, até a muitos adultos.
Arco da velha
Devido ao calor, os inventores tramaram-se: as temperaturas altas de Agosto afectaram os sistemas informáticos do Instituto Nacional de Propriedade Industrial e há mais de um milhar de pedidos que estão atrasados.
Bolsa de valores
Uma das mais interessantes exposições apresentadas nas galerias lisboetas, neste caso na 111, é "mille-fleurs", de João Francisco, um artista que está em fase ascendente. O preço das obras expostas, em acrílico sobre papel, está na maior parte dos casos nos 973€, 1.717€ e 3.435€.
Pode o amor deixar de ser confuso?
A ideia até é interessante: juntar obras de arte que tenham que ver com a ideia de amor, com a evidência de amor, com o desejo de amor, com a tentação de amar. O pior é quando se querem mostrar cem amores diferentes todos misturados e ao mesmo tempo. O resultado pode ser uma tremenda confusão de sentimentos, na melhor das hipóteses, ou uma espécie de feira de Carcavelos de corações. Infelizmente, a montagem da exposição "Quel Amour?", no Museu Berardo, escolheu a segunda opção e armou uma das maiores confusões que me foi dada ver nos últimos tempos. Esta mostra, que fica até 17 de Fevereiro no Museu Colecção Berardo, no CCB, junta a exposição original concebida pelo Museu de Arte Contemporânea de Marselha com obras da Colecção Berardo. A responsabilidade da confusão é de Éric Corne, que assina a curadoria. No meio disto, estão obras de nomes como Francis Bacon, William Kentridge, Marina Abramovic, David Hockney, Marc Chagall ou Louise Bourgeois, mas também Todd Hido, Wolfgang Tillmans, Nan Goldin, Antoine d'Agata e uma belíssima sequência fotográfica da melhor fase de Duane Michals, de 1970, "Chance Meeting" - que abriu caminho a muitas coisas na fotografia. Nos portugueses, vale a pena sublinhar o destaque dado a uma série de peças de Helena Almeida, como a da imagem que acompanha esta nota (apesar de se ficar com a sensação de que a exposição foi acrescentada após a sua morte). Estão também presentes Ernesto de Sousa, Joana Vasconcelos, Lourdes Castro, Paula Rego e uma curiosa obra "interactiva" de Cristina Ataíde, "Beijem o Homem Que…", muito manuseada na inauguração. Ver esta exposição exige paciência, mas cada um pode escolher o amor que mais lhe convém.
O que se faz com um piano e um microfone?
Prince criou uma imagem de marca com a forma como fazia a sua guitarra falar. Por isso é surpreendente que o seu primeiro disco póstumo, a primeira edição de um álbum com origem nos seus arquivos, o mostre sozinho, com um piano, a cantar sem qualquer outro acompanhamento. Originalmente gravado numa cassete, registado de seguida numa única sessão no seu estúdio pessoal, o título "Piano And A Microphone 1983" já diz tudo. Tem nove canções e inclui, ao longo de 35 minutos, temas já conhecidos, como uma curta amostra do que viria a ser "Purple Rain" (aqui antes mesmo de ser oficialmente gravado para disco), versões de temas alheios (como "A Case Of You" de Joni Mitchell ou o tradicional espiritual "Mary Don't You Weep") e inéditos como "Wednesday", "Cold Coffee & Cocaine", e "Why the Butterflies", um magnífico final para o disco, que sintetiza o lado bluesy e jazzy presente em toda esta gravação. Muito do material parece mostrar o método de trabalho e da composição de Prince: o piano é tocado de forma solta, quase como se estivesse apenas a ensaiar - uma espécie de jam session. À excepção de ajustes técnicos e de remasterização, o disco retrata de forma fiel a gravação original, feita um ano antes da estreia do filme "Purple Rain". A voz está magnífica, é evidente o prazer que ele sentia em tocar estes temas de forma despreocupada, ao piano. Na prática, estas gravações foram feitas entre o álbum "1999" e "Purple Rain". Esta versão de "Mary Don't You Weep" aqui incluída foi agora escolhida para tema final do novo filme de Spike Lee, "BlacKkKlansman". CD já à venda em Portugal.
Petiscar muito bem na avenida
Pelo sétimo ano, e até 31 de Outubro, o restaurante AdLib, na Avenida da Liberdade, promove os Sofitel Wine Days que juntam uma selecção de vinhos do Alentejo, Bairrada, Douro e Minho, com um menu criado para a ocasião pelo chef residente do Hotel Sofitel Lisbon Liberdade, Daniel Schlaipfer. Filipa Pato, Anselmo Mendes, Lavradores de Feitoria, Lima Mayer e Rozès são os produtores escolhidos para os vinhos que são servidos nesta ocasião. A proposta é séria e contempla três entradas, das quais destaco as duas primeiras: foie gras mi cuit com uva e moscatel de Setúbal e um fantástico tártaro de vieiras e emulsão de trufa preta; o prato de peixe é um inesperado e bem-sucedido carré de linguado com crosta de ouriço do mar e emulsão de vinho do porto branco e, para finalizar, um lombo de veado salteado com cogumelos cantarelo, jus de vinho tinto e polenta. Para adoçar vem um cremoso de vinho do Porto e uma tartelete crocante com gelado. Eu, por mim, ia lá só pelas duas primeiras entradas e o linguado, mas a proposta é toda ela atraente e o resultado global é bom. O AdLib fica na Avenida da Liberdade 127, reservas pelo telefone 213 228 350.
Perguntem sempre a cada ideia: a quem serves?
Bertolt Brecht
Marcelo e o fio da navalha
Já repararam na acção do Governo nos últimos tempos? Não estou a falar do orçamento eleitoralista e de tudo o que ele implica - mas já reparam na sucessão de casos como o recuo na mudança do Infarmed, nas nomeações partidárias e sem experiência adequada para a entidade reguladora da energia? E no caso da conveniente substituição da procuradora-geral da República? Já viram o romance em torno das armas desaparecidas em Tancos? São muitas trapalhadas, demasiadas trapalhadas. Atrevo-me a pensar que, se o Presidente da República fosse Sampaio em vez de Marcelo, já estaria a invocar as trapalhadas para deitar abaixo o Governo. Mas Marcelo prefere jogar outro jogo e anda a passear no fio da navalha que Costa esgrime. O Presidente da República está a mostrar que a sua proverbial atracção pelo abismo não deixou de existir e prefere assobiar para o ar enquanto passa revista às tropas sem a presença do ministro da Defesa, que anda enredado numa teia de contradições - para não dizer outra coisa. Cada vez fica mais difícil acreditar que o ministro (que em tempos, recorde-se, disse não estar certo de que tenha havido roubo) sabia do que se passava. A única dúvida era quem mais sabia do sucedido fora do gabinete do ministro. Costa sabia e agora esqueceu? Marcelo, que sempre insistiu que era preciso saber o que na realidade se passou, tinha indícios? Gosto muito de observar a vida política e já tive ocasiões em que nela participei. Mas hoje em dia sou cada vez mais céptico quanto à capacidade de a política, os partidos e os políticos se reformarem a eles próprios. Aos políticos e aos partidos parlamentares interessa manter este "status quo" e evitar que surjam em cena novos protagonistas - alterar a Lei Eleitoral com o quadro parlamentar actual é uma utopia piedosa. A política é cada vez mais um clube fechado, o contrário daquilo que deveria ser.
• Três em cada quatro portugueses acham que a Saúde não é uma prioridade para o Governo, revela um estudo divulgado esta semana • em caso de enfarte, o risco de morte nos hospitais públicos de Lisboa, Alentejo e Algarve é maior do que no Norte do país • segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2017, as exportações nacionais subiram 10%, totalizando 55.029 milhões de euros, enquanto as importações cresceram 13,1%, totalizando 69.489 milhões de euros • segundo previsões do FMI, o PIB português dentro de cinco anos estará apenas 8,7% acima do que era em 2008 e, dos 190 países para os quais há estatísticas, apenas 13 têm pior desempenho: Itália e Grécia, na União Europeia, e, fora dela, países como a Líbia, a Venezuela, a Ucrânia ou o Sudão • o estudo "Retrato de Portugal", divulgado esta semana em Bruxelas, indica que Portugal é um dos Estados-membros da União Europeia com piores resultados ao nível da educação, e revela que 54,6% dos empregadores não frequentaram o ensino secundário ou superior e 43,3% dos trabalhadores por conta de outrem não têm escolaridade além do 9.º ano • alunos de nove anos de uma escola do Porto receberam, na disciplina de Cidadania, um inquérito em que uma das perguntas é: se se sentem atraídos por homens, mulheres ou ambos • o ex-adjunto de Ricardo Robles, Rui Costa (que é deputado municipal), foi contratado pela EMEL para a área de apoio jurídico.
Dixit
"Estava o meu capitão encostado à porta da guerra e disse-me: "Olha, a guerra acabou!" Eu, surpreendido: "Acabouu??" Disse-me o meu capitão: "Acabou. Olha que veio cá o fiscal e não tínhamos licença de porte de armas."
Raul Solnado
(Diálogo de "A Guerra", de Raul Solnado)
Histórias para crianças
Maria Filomena Mónica não é propriamente conhecida por contar histórias para criancinhas - observa o país com um olhar agudo e crítico e salta entre épocas, quer seja nas suas crónicas, nas suas memórias, ou a escrever sobre os ricos ou os pobres em Portugal, sobre a nossa História, sobre os nossos escritores. Há 14 anos, Maria Filomena Mónica decidiu escrever, como prenda de Natal, um livro para os netos, centrado num período da História de Portugal: o final do reinado de D. João VI, as lutas entre liberais e absolutistas, o início do reinado de D. Maria II, o seu casamento com D. Fernando, a construção do Palácio da Pena e a sucessão, primeiro com o seu marido, D. Fernando, o príncipe alemão com que a rainha se casou, e depois com o seu filho D. Pedro V e a tragédia da sua morte precoce. Pelo meio fica a descrição da Lisboa de então, da vida na corte, do funcionamento da monarquia. Escrito como um conto para crianças, narrado como uma aventura, "O Filho da Rainha Gorda - D. Pedro V e sua mãe D. Maria II", estava há muito esgotado e foi agora reeditado pela Quetzal. A nova edição é ilustrada por imagens da época e por deliciosas gravuras feitas pelo próprio D. Fernando, o marido de D. Maria II, que foi quem introduziu em Portugal o costume da árvore de Natal. É um relato acessível, mas preciso, desse tempo da nossa História e que pode ajudar a clarificar ideias, até a muitos adultos.
Arco da velha
Devido ao calor, os inventores tramaram-se: as temperaturas altas de Agosto afectaram os sistemas informáticos do Instituto Nacional de Propriedade Industrial e há mais de um milhar de pedidos que estão atrasados.
Bolsa de valores
Uma das mais interessantes exposições apresentadas nas galerias lisboetas, neste caso na 111, é "mille-fleurs", de João Francisco, um artista que está em fase ascendente. O preço das obras expostas, em acrílico sobre papel, está na maior parte dos casos nos 973€, 1.717€ e 3.435€.
Pode o amor deixar de ser confuso?
A ideia até é interessante: juntar obras de arte que tenham que ver com a ideia de amor, com a evidência de amor, com o desejo de amor, com a tentação de amar. O pior é quando se querem mostrar cem amores diferentes todos misturados e ao mesmo tempo. O resultado pode ser uma tremenda confusão de sentimentos, na melhor das hipóteses, ou uma espécie de feira de Carcavelos de corações. Infelizmente, a montagem da exposição "Quel Amour?", no Museu Berardo, escolheu a segunda opção e armou uma das maiores confusões que me foi dada ver nos últimos tempos. Esta mostra, que fica até 17 de Fevereiro no Museu Colecção Berardo, no CCB, junta a exposição original concebida pelo Museu de Arte Contemporânea de Marselha com obras da Colecção Berardo. A responsabilidade da confusão é de Éric Corne, que assina a curadoria. No meio disto, estão obras de nomes como Francis Bacon, William Kentridge, Marina Abramovic, David Hockney, Marc Chagall ou Louise Bourgeois, mas também Todd Hido, Wolfgang Tillmans, Nan Goldin, Antoine d'Agata e uma belíssima sequência fotográfica da melhor fase de Duane Michals, de 1970, "Chance Meeting" - que abriu caminho a muitas coisas na fotografia. Nos portugueses, vale a pena sublinhar o destaque dado a uma série de peças de Helena Almeida, como a da imagem que acompanha esta nota (apesar de se ficar com a sensação de que a exposição foi acrescentada após a sua morte). Estão também presentes Ernesto de Sousa, Joana Vasconcelos, Lourdes Castro, Paula Rego e uma curiosa obra "interactiva" de Cristina Ataíde, "Beijem o Homem Que…", muito manuseada na inauguração. Ver esta exposição exige paciência, mas cada um pode escolher o amor que mais lhe convém.
O que se faz com um piano e um microfone?
Prince criou uma imagem de marca com a forma como fazia a sua guitarra falar. Por isso é surpreendente que o seu primeiro disco póstumo, a primeira edição de um álbum com origem nos seus arquivos, o mostre sozinho, com um piano, a cantar sem qualquer outro acompanhamento. Originalmente gravado numa cassete, registado de seguida numa única sessão no seu estúdio pessoal, o título "Piano And A Microphone 1983" já diz tudo. Tem nove canções e inclui, ao longo de 35 minutos, temas já conhecidos, como uma curta amostra do que viria a ser "Purple Rain" (aqui antes mesmo de ser oficialmente gravado para disco), versões de temas alheios (como "A Case Of You" de Joni Mitchell ou o tradicional espiritual "Mary Don't You Weep") e inéditos como "Wednesday", "Cold Coffee & Cocaine", e "Why the Butterflies", um magnífico final para o disco, que sintetiza o lado bluesy e jazzy presente em toda esta gravação. Muito do material parece mostrar o método de trabalho e da composição de Prince: o piano é tocado de forma solta, quase como se estivesse apenas a ensaiar - uma espécie de jam session. À excepção de ajustes técnicos e de remasterização, o disco retrata de forma fiel a gravação original, feita um ano antes da estreia do filme "Purple Rain". A voz está magnífica, é evidente o prazer que ele sentia em tocar estes temas de forma despreocupada, ao piano. Na prática, estas gravações foram feitas entre o álbum "1999" e "Purple Rain". Esta versão de "Mary Don't You Weep" aqui incluída foi agora escolhida para tema final do novo filme de Spike Lee, "BlacKkKlansman". CD já à venda em Portugal.
Petiscar muito bem na avenida
Pelo sétimo ano, e até 31 de Outubro, o restaurante AdLib, na Avenida da Liberdade, promove os Sofitel Wine Days que juntam uma selecção de vinhos do Alentejo, Bairrada, Douro e Minho, com um menu criado para a ocasião pelo chef residente do Hotel Sofitel Lisbon Liberdade, Daniel Schlaipfer. Filipa Pato, Anselmo Mendes, Lavradores de Feitoria, Lima Mayer e Rozès são os produtores escolhidos para os vinhos que são servidos nesta ocasião. A proposta é séria e contempla três entradas, das quais destaco as duas primeiras: foie gras mi cuit com uva e moscatel de Setúbal e um fantástico tártaro de vieiras e emulsão de trufa preta; o prato de peixe é um inesperado e bem-sucedido carré de linguado com crosta de ouriço do mar e emulsão de vinho do porto branco e, para finalizar, um lombo de veado salteado com cogumelos cantarelo, jus de vinho tinto e polenta. Para adoçar vem um cremoso de vinho do Porto e uma tartelete crocante com gelado. Eu, por mim, ia lá só pelas duas primeiras entradas e o linguado, mas a proposta é toda ela atraente e o resultado global é bom. O AdLib fica na Avenida da Liberdade 127, reservas pelo telefone 213 228 350.
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