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Manuel Falcão - Jornalista 10 de Outubro de 2014 às 10:19

A esquina do rio

Há 15 mil imóveis, que eram do BES, com um valor estimado de dois mil milhões de euros, os quais, por falta de enquadramento legal, não podem ser negociados e são activos mortos

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Quando há falta de ideias, falar bem dá muito jeito.
Goethe

 

 

Semanada

Há 15 mil imóveis, que eram do BES, com um valor estimado de dois mil milhões de euros, os quais, por falta de enquadramento legal, não podem ser negociados e são activos mortos • segundo o "i", Ricardo Salgado recusou explicar à família porque tinha recebido "uma liberalidade" de 14 milhões de euros do empreiteiro José Guilherme  segundo o mesmo jornal, Ricardo Salgado terá dito, noutra ocasião, sobre a questão das comissões de 15 milhões da Escom, relativas ao negócio dos submarinos, que houve "uma parte que teve de ser paga a alguém em determinado dia", e obviamente não revelou o misterioso destinatário, que deve ter ficado preocupado  no primeiro semestre deste ano, os sete maiores bancos já fecharam quase 200 balcões no país  sobre a situação no PS, o título mais curioso foi "Seguristas seguram-se"  dos projectos apresentados pelo Centro Português Para a Cooperação, a ONG ligada a Passos Coelho, só se concretizou um curso de costura na Pedreira dos Húngaros  Marinho e Pinto mostrou-se disposto, no seu novo partido, a fazer alianças "até com o Diabo" se as considerar úteis  António Costa foi discursar ao congresso do partido Livre  um estudo da União Europeia estima que, em 27 anos, o programa Erasmus, que incentiva a mobilidade entre estudantes, gerou mais de um milhão de bebés  em plena crise da Tecnoforma, Passos Coelho assistiu à final do europeu de ténis de mesa, sem aparato e sem vaias, e quis o destino que aplaudisse a vitória de Portugal sobre a Alemanha, feito raro nos últimos tempos.

 

 

Animação

As duas primeiras acções politicamente relevantes de António Costa após a sua vitória foram: fazer a partilha de lugares dentro do PS na proporção dos votos das primárias e ir discursar no Congresso do partido Livre - um sinal interno e outro externo, à sua esquerda. E logo a seguir começou a marcar território - mesmo sem conhecer o documento, Costa já decidiu: vai votar contra o Orçamento do Estado que o Governo irá apresentar. Com o espectro do novo partido de Marinho e Pinto no ar, as eleições legislativas do próximo ano já motivam jogadas de xadrez por todo o lado. Na área do Governo, o CDS/PP abriu com estrondo a frente da diminuição da carga fiscal e o PSD não perdeu tempo a deixar correr rumores de que admite que a actual coligação se desfaça. Fica na dúvida se este arrufo público de Passos e Portas não será o primeiro acto de uma negociação que permita fazer nascer das cinzas desta coligação um novo acordo, cheio de oportunas medidas em véspera de eleições. Tudo indica que este vai ser um ano de muita retórica, de imenso falatório, de muitas "photo opportunities" e de numerosos rumores e boatos. A coisa promete.

 

 

Dixit

"Agora, [António Costa] tem de se explicar em público em vez de ouvir olimpicamente, na Quadratura do Círculo, a oposição que Pacheco Pereira fazia por ele".
Vasco Pulido Valente

 

 

Ver

Mário Macilau é um fotógrafo moçambicano que vive em Maputo e nasceu em 1984. Esteve na edição do BES Photo de 2011, expôs nos festivais de Bamaki e de Arles e é o director do novo Maputo Foto Fest , que se vai estrear em 2015. Algumas das suas obras mais recentes podem ser vistas na Galeria Belo-Galsterer, Rua Castilho 71, r/c esq, sob o título "Moments Of Transition". O projecto visa fotografar jovens de Maputo que, ao Domingo, se vestem com redobrados cuidados, combinando peças de marcas globais com peças feitas de capulanas, numa mistura estilizada e elegante, muito individualizada. Macilau selecciona as personagens que lhe parecem mais interessantes, convence-as a serem fotografadas em estúdio e estas imagens são o fruto desse trabalho - é um projecto que segue uma ideia que anteriormente foi explorada por nomes da fotografia africana como Malick Sidibé e Seydou Keita, ambos do Mali, ambos explorando a identidade e cultura de quem fotografaram, documentando tradições e novos conceitos de comportamento. Num outro plano, é curioso comparar este trabalho de Macilau com as imagens de "Olhar o Futuro", de Luísa Ferreira, feitas em 2012 e que estão expostas na Galeria do Ministério da Saúde (Avenida João Crisóstomo nº9). "Olhar O Futuro" retrata uma comunidade de jovens portugueses fotografados em grupo e individualmente, sempre enquadrados no mesmo cenário natural.

 

 

Gosto

Da nova imagem do portal Sapo.

 

 

Não Gosto

Este ano, já emigraram mais de 300 médicos.

 

 

Folhear

A revista "Intelligent Life" é publicada de dois em dois meses e integra o grupo editorial da revista semanal The Economist. Tem edição em papel com distribuição normal e uma bela aplicação para iPad, oferecida gratuitamente graças ao Credit Suisse, que patrocina a edição digital. Na edição de Setembro/Outubro, destaco um ensaio fotográfico sobre Myanmar por Mathias Messner, uma investigação sobre a vida real da mulher que inspirou a Madame Bovary de Flaubert - qual das mulheres da vida do escritor era Emma Bovary? Uma das colunas incontornáveis da publicação é "The Wine-List Inspector", onde Tim Atkin, desta vez, lança pistas sobre o que há a descobrir nos vinhos turcos. Outras colunas imperdíveis: sobre desporto ("Reading The Game") e culinária ("The Kitchen Dialogues" ). Uma secção que vale a pena ler é a agenda cultural, informativa, não sectária, e descobrir novas tendências e novos protagonistas. Finalmente, o prato forte desta edição é um suplemento especial, "Inspiring Innovation" que conta com colaborações de David Lynch sobre Mikhail Gromov, James Lovelock sobre Charles Harington, Jimmy Wales sobre JJ Abrams, Jazzie B on sobre James Brown, Sophie Wilson sobre Isaac Asimov e Frances Corner sobre Yohji Yamamoto.

 

 

Arco da velha

Todos os anos, desperdiçamos dois mil milhões de euros em combustível nas filas de trânsito. Feitas as contas, são cinco milhões de euros por dia.

 

 

Ouvir

Richard Bona é um músico nascido numa pequena aldeia dos Camarões, em 1967. Começou por tocar guitarra em grupos de baile, mas evoluiu muito depressa para o território do jazz e para o baixo eléctrico. Em 1989, foi para Paris e, em 1985, rumou a Nova Iorque, onde ganhou reputação como um dos mais interessantes baixistas. Em 1999, após numerosas gravações como músico de estúdio, editou o seu primeiro disco a solo, "Scenes From My Life". Ao longo dos últimos anos, reforçou o seu trabalho como produtor e "Bonafied", agora editado, é o seu sétimo álbum. É um álbum intimista. O lado acústico ganhou força e a mistura de géneros surge natural - desde o jazz latino de "Mute Esukudu" aos tango de "An Uprising of Kindness", passando pelo afro-pop de "Diba La Bobe", até canções de cabaret como "Janjo la Maya". A música dos Camarões é evocada em "Tumba la Nyama", mas a grande faixa do disco é talvez "Mulema", com guitarra acústica e percussão, recorrendo também ao tradicional balafon, um instrumento africano que faz lembrar o xilofone. A canção relata a viagem de um homem no oceano em busca da sua amada. No disco há uma outra versão da mesma canção, interpretada pela francesa Camille, que tem por título "La Filla d'a Coté", e que conta a história na perspectiva da amada que não sabe onde está o seu homem. Finalmente, a terminar o CD, há uma versão instrumental de um original de James Taylor "On The Fourth Of July", onde Bona segue as pisadas da sua maior influência no jazz, o baixista Jaco Pastorius. "Bonafied", Richard Bona, CD Universal, disponível em Portugal.

 

 

Provar

Depois de uma incursão, há uns meses, à hora de almoço, fui desta vez experimentar o Restaurante Avenue ao jantar. O Avenue fica na Avenida da Liberdade, paredes meias com o Hotel Sofitel, num primeiro andar. A sala dá para a avenida e em qualquer das mesas junto à janela tem-se uma belíssima vista. A sala estava bem composta, o serviço foi atento e, mais uma vez, a cozinha, a cargo da Chef Marlene Vieira, excedeu as expectativas. O menu executivo proposto ao almoço vale 20 euros, sem bebidas, e à noite o menu proposto está cheio de tentações. Marlene Vieira foi anteriormente a Chef residente do restaurante Manifesto e trabalhou com Luís Baena. O couvert proposto inclui pão e duas manteigas - uma de torresmos (que é deliciosa) e outra de cabra com ervas. Para a mesa vieram ainda uns peixinhos da horta perfeitos e estaladiços com maionese de coentros. A escolha da lista recaiu numa asa de raia corada com lavagante e terrina de courgettes, e num pregado com molho de ostras e legumes glaceados, ambos a fazer jus à reputação da Chef. A terminar, um gelado de pastel de nata, o ponto mais fraco do jantar. Ampla lista de vinhos, recomendações acertadas e de preço honesto para vinho a copo. Serviço atento e eficaz. Avenida da Liberdade 129 B, telefone 216 017 127.

 

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