Outros sites Medialivre
Notícia

Mértola - O Guadiana a seus pés

Mértola tem um pedaço de história a cada esquina. Tem um rio magnífico aos pés e tem, sobretudo, muita paz para oferecer. Perfeito para o corpo e para o espírito

31 de Julho de 2013 às 11:18
  • Partilhar artigo
  • ...

De Verão o rio vai calmo. Há anos em que a água até escasseia, presa que fica nas barragens espanholas, mas, ainda assim, o Guadiana nunca perde a sua grandeza. Para quem vem do Castelo há uma rua que desce quase até à margem, numa ilusão de óptica que o casario branco colorido por buganvílias ajuda a intensificar. O rio é o cartão de visita de Mértola, mas não é o único. O primeiro é, desde logo, a paz que por ali se vive e se oferece a quem procura uns dias fora do habitual bulício das cidades e do trabalho. Depois, há a história, que se descobre em cada esquina. E são muitos anos.


Mértola, a Myrtilis Iulia dos romanos - que por ali passaram dois séculos antes de Cristo - tem vestígios do Neolítico, foi habitada por Fenícios, Gregos e Cartagineses e também pelos Árabes, que lá construíram uma magnífica mesquita, hoje transformada igreja católica, o velho minarete usado como campanário.


Toda esta história está documentada na "Vila Museu". Na arquitectura, nas muitas escavações arqueológicas espalhadas pelo concelho, no museu e, até, no dia-a-dia da população. Nos anos 80 do século passado, quando lá se instalou o arqueólogo Cláudio Torres, Mértola redescobriu-se e voltou a mergulhar no seu passado "mais recente" - o árabe -, depois de, durante muitos anos, ter sido essencialmente um concelho mineiro.


A poucos quilómetros da vila, está outra preciosidade: a aldeia de São Domingos, a primeira do país a ter luz eléctrica e, hoje em dia, mais um pedaço da paz e sossego. As pequenas casas, brancas, alinhadas, todas iguais, contam outra história: a de centenas de mineiros que durante muitos anos entraram pela terra dentro à procura da pirite, do cobre, da prata. São Domingos fica precisamente no centro da chamada faixa piritosa ibérica, os romanos já por lá andaram a fazer túneis, mas foi no final do século XIX que os ingleses da "Mason & Barry" se lançaram a todo o vapor numa exploração que se prolongaria até aos anos 60 do século XX e até que se esgotou o minério.

 

 

O rio é o cartão de visita de Mértola, mas não é o único. O primeiro é a paz que por ali se vive e se oferece a quem procura uns dias fora do habitual bulício das cidades e do trabalho. Depois, há a história, que se descobre em cada esquina. E são muitos anos.

 

Mértola, a Myrtilis Iulia dos romanos tem vestígios do Neolítico, foi habitada por Fenícios, Gregos e Cartagineses e também pelos Árabes, que lá construíram uma magnífica mesquita, hoje transformada igreja, o velho minarete usado como campanário.

 

 

Entretanto, retiraram de lá 25 milhões de toneladas, que levavam por 15 quilómetros de linha férrea até ao Pomarão, outro sítio que nenhum visitante deve deixar de explorar. Era aí que atracavam os navios, à vela ou a vapor, que subiam o rio para ir buscar o minério e para o transportar depois até Vila Real de Santo António, onde o rio se junta com o mar que o levaria para o Norte da Europa.


O Pomarão é hoje uma aldeia que quase perdeu o direito à classificação administrativa - os habitantes não chegam às quatro dezenas -, mas é um dos melhores sítios para ver o rio e petiscar as magníficas iguarias da zona. Vá, aproveite as horas do calor para a sesta e depois parta à descoberta da história.

 

 

 

Sobre a Vila

 

Localização:
Mértola é um dos concelhos do distrito de Beja e um dos maiores do país, com uma área de 1 279,40 km². Localiza-se na margem direita do Guadiana.


Habitantes:
Tal como acontece com todo o Baixo Alentejo, tem vindo a perder habitantes. Actualmente são pouco mais de sete mil, distribuídos por nove freguesias.


Onde ficar
Mértola dispõe de mais de uma dezena de locais para pernoitar. Dois bons exemplos são o Hotel Museu e a residencial Beira rio, que oferece uma bela vista sobre o Guadiana. Em São Domingos, a melhor opção é a Estalagem, que ocupa a antiga casa de administração da mina. Tem cinco estrelas e fica junto à tapada e à praia fluvial. Também na aldeia, uma opção mais barata é a hospedaria Monte dos Nascedios. No Agro-turismo, há o Monte da Galega e a Casa do Guizo.


Sítios a não perder
A vila de Mértola tem muito para oferecer, desde o Castelo, à velha mesquita adaptada para igreja ou à antiga ponte sobre o Guadiana. No concelho há outros locais a não perder, como as Minas de São Domingos, a antiga aldeia do Pomarão ou o Pulo do Lobo. A não perder, também uma incursão pela gastronomia local, que associa as melhores tradições alentejanas aos peixes do rio que incluem lampreia, muge, saboga e enguias, cozinhados em magníficas caldeiradas com receitas cujas origens também já se perderam na história.

Mais notícias