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Escalar: tirar os pés da terra e ver outra perspectiva

A escalada vem atraindo cada vez mais praticantes em Portugal, mais mulheres e estrangeiros que aproveitam o clima ameno do país. Um desporto de aventura que exige confiança, determinação, controlo e motivação.

Maria João Babo mbabo@negocios.pt 19 de Agosto de 2014 às 11:13
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Passar o dia com amigos, fazer actividade física ou estar em contacto com a natureza. "Se perguntar a 10 pessoas porque praticam escalada ouve 10 respostas diferentes", garante Luís Batista, presidente da Desnível, associação de desportos de aventura fundada em 1994.


Foi só em finais dos anos 90, inícios de 2000, que a modalidade começou a ter mais expressão em Portugal, com o aumento do número de praticantes e dos locais para escalar. "Antes havia o estigma de que era uma actividade para homens fortes. Mas é precisamente o contrário: são pessoas normais, magras ou pouco atléticas que fazem escalada", explica o responsável. Hoje há cada vez mais mulheres a praticar regularmente esta modalidade, que também vem atraindo um maior número de turistas, que aproveitam o clima ameno do país.


Esta é uma actividade para o ano inteiro, à excepção dos meses chuvosos de Inverno, frisa Luís Batista. Ainda assim, o melhor período para a prática de escalada é o que antecede os meses quentes do Verão, a par de Setembro. Em regra, Julho e Agosto são meses em que a prática é mais reduzida pela dificuldade de escalar com o sol a bater na parede.


As duas formas mais comuns de escalada são a desportiva e a clássica. A primeira pratica-se em paredes com pontos de fixação, ou seja, equipamentos instalados previamente para todos os utilizadores. Já a escalada clássica consiste na ascensão de vias sem aquele equipamento, sendo necessário ir colocando pontos de ancoragem à medida que se vai subindo. Exige, assim, "outro grau de conhecimento, de preparação mental e técnica", explica o presidente da Desnível, associação que dá formação com o objectivo de dotar os praticantes de autonomia técnica suficiente para poderem praticar em segurança . Tratando-se de uma modalidade em zonas naturais, exigem-se ainda boas práticas ambientais e desportivas.

 

Escalar é uma actividade para qualquer pessoa. Antes havia o estigma de que era para homens muito fortes. Mas é o contrário. 
 
Luís Batista, Presidente da Desnível, associação de desportos de aventura


A Desnível dá formação, em média, a cerca de 100 pessoas por ano. Cursos de seis dias feitos ao longo de um mês.


Luís Batista recusa que esta seja uma modalidade cara. "Inicialmente pode requerer algum investimento, mas se tivermos em conta a durabilidade do material torna-se relativamente barata". O equipamento completo pode ser adquirido por 400 a 500 euros, mas vai durar entre cinco e sete anos, explica. "Nos últimos anos o material evoluiu muito ao nível da tecnologia, da qualidade e da prestação, mas também do preço", adianta o responsável, acrescentando que "a escalada beneficia com isso". É este material que garante a segurança dos praticantes. Ainda assim, "é natural que quem escala, mais tarde ou mais cedo, caia", considera o presidente da Desnível, que avisa que quer o escalador quer quem lhe está a dar segurança "têm de encarar a queda como natural".


Para Luís Batista, esta é uma modalidade muito exigente a nível psicológico. "Estamos sempre a lidar com o factor humano, com o receio. Alguns chamam-lhe medo, outros altura", frisa. Por isso, "auto-confiança, auto-determinação, auto-controlo e a auto-motivação são determinantes", considera, realçando ainda a confiança extrema que é necessário ter no companheiro que naquele momento está a dar segurança (a que se chama cordada)".


Na escalada há sempre um desafio para superar. Chegar ao cimo pode significar um misto de satisfação, alegria, realização, cansaço ou alívio.

 

 

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Onde se pratica


As falésias com 15 a 25 metros de altura são os locais mais utilizados para a prática da escalada em Portugal, mas também há falésias com 100 ou 150 metros. "É possível ir aos 200 metros. Tudo depende das 'presas', ou seja, dos sítios onde se põem as mãos e os pés", explica Luís Batista, presidente da associação Desnível. Em sua opinião, as melhoras zonas para a prática deste desporto de aventura localizam-se no centro do país, não só por ser aí que há uma maior concentração de falésias mas também pela diversidade de percursos. E destaca a zona da Arrábida e a que se situa entre Sintra e Cascais. Em todas as falésias há vias fáceis, médias e difíceis, dependendo do grau que o praticante escolher. De acordo com Luís Batista, os graus 3 a 5 (não há 1 nem 2) "facilmente qualquer pessoa consegue atingir". Daí para a frente, a classificação das vias, em função das dificuldades encontradas no percurso, podem ir em Portugal até 9A.

 

 

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O que é necessário


Para praticar escalada há equipamento imprescindível. É necessário corda dinâmica, arnês (uma espécie de cinto que amarra o corpo do escalador à corda), capacete, mosquetões (que têm a função de elo de ligação entre as peças), expresses (que servem para ligar a corda à parede) e um gri-gri (um aparelho mecânico criado para dar segurança). É ainda aconselhável ter um saco de magnésio (que evita a humidade das mãos e facilita aderência às paredes) e utilizar um calçado especial, designado por "pés de gato". De acordo com Luís Batista, presidente da associação de desportos de aventura Desnível, é possível adquirir o material completo por um valor entre 400 e 500 euros, que tem uma durabilidade de cinco a sete anos.

 

 

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