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A oferta de produtos biológicos saiu dos locais de venda especializados para a grande distribuição, ocupando uma área cada vez maior nas grandes superfícies. As preocupações com a saúde, mais do que com o ambiente, ditaram o aumento da procura.
Há uma maior atenção nos corredores dos supermercados, que leva a que os consumidores estejam mais atentos aos produtos que pagam para levar para casa. Que toca a carteira, a saúde mas também à consciência do consumidor.
A procura de produtos biológicos (visível também na extensão ocupada nas prateleiras da grande distribuição) e com o rótulo de comércio justo tem vindo a aumentar em Portugal, garante a Quercus. Nuno Sequeira, presidente da Associação Nacional de Conservação da Natureza, reconhece contudo que o "entendimento justo pelo valor do trabalho" não tem uma percepção "tão directa" nem tão "reconhecida" como o da agricultura biológica no País.
Esta exigência do consumidor português numa agricultura ambientalmente sustentável fez inclusivamente crescer uma parte da economia: enquanto antes a produção biológica vinham quase toda de fora, nos últimos anos "os portugueses têm vindo a aumentar a sua oferta", garante. "Além das hortícolas, também ao nível das frutas, dos frutos secos, dos azeites e dos vinhos tem havido uma maior diversificação e aumento de oferta ao nível da agricultura biológica nacional", precisa Nuno Sequeira.
A crise tem dois lados
"Noto de há dois anos para cá que há um aliviar das preocupações que eram mais constantes e cada vez maiores nos últimos anos dos portugueses sobre boas práticas ambientais", reconhece contudo o presidente da Quercus. A crise é uma oportunidade em certas coisas, mas quando "estamos a falar de pessoas que não podem comprar a comida que querem", as preocupações ambientais ou éticas gerem-se de forma diferente.
Mas também por isso, salienta, uma situação económica mais deprimida, e depressiva, pode ajudar na antecipação das contas mensais: "a eficiência energética e hídrica são boas para o ambiente e boas para bolso", resume o presidente da Quercus.
Uma t-shirt não é um croissant
"Uma t-shirt de algodão não pode custar o mesmo que um croissant. É uma loucura", defendeu em 2012 a designer Li Edelkoort perante o congresso da APED (associação dos grupos de distribuição). Nos custos de produção, o factor trabalho muitas vezes dita a ordem asiática das encomendas. Os recentes acidentes em fábricas têxteis do Bangladesh, fornecedoras de marcas populares, vitimando mais de 1.000 pessoas, revelaram condições impróprias para seres humanos trabalharem.
Grupos como H&M, Inditex, Primark, Gap e C&A comprometeram-se a assinar um acordo para aumentar a segurança nas fábricas. Sobre o tema do comércio justo consultar: www.fairtrade.net
"Made in" aqui no bairro
Se a necessidade de reduzir importações para equilibrar a balança comercial ajudou o conceito "made in Portugal" a tornar-se um movimento institucional, a redução do dinheiro na carteira ajudou a encurtar as idas às compras. O nacional, regional, local e com origem denominada nunca foi tão fácil "vender", num conceito "dois em um": ajudar os produtores a escoar e os comerciantes independentes a sobreviver. Noves fora, nada: os mercados voltaram a estar na moda.
Para informar-se melhor sobre o movimento Compre o que é Nosso vá a www.compronosso.pt, também no Facebook. Nos "sites" das câmaras encontra as redes municipais de mercados.
A raiz da questão
Na terra onde se cultiva e na água que se utiliza reside parte da herança deixada para o futuro. Pelo caminho de muita da agricultura e pesca intensiva que se realiza hoje no mundo, a herança vai carregada com dose extra de pesticidas, insecticidas e antibióticos. Seja por razões de saúde hoje ou de sustentabilidade ambiental daqui em diante, os portugueses estão a apostar cada vez mais em produtos com o selo biológico (www.agrobio.pt/pt/index.php).
Sobre o rótulo ecológico europeu, consulte o site http://ec.europa.eu/environment/ecolabel/index_en.htm. Em www.msc.org encontra informação sobre pesca sustentável.
Menos, muito menos
Se houvesse uma associação de consumidores anónimos, ver o filme de animação de 20 minutos que Annie Leonard fez em 2008, "The Story of Stuff", constaria provavelmente na lista de 12 passos a seguir para a recuperação. E um dos mais difíceis, uma vez que a mensagem é claramente anti-consumo - o que não a impediu de ter 15 milhões de visualizações (www.storyofstuff.org). Mas reciclar e reutilizar também são uma opção, e ambas politicamente correctas.
Se roupa e moda são a sua "coisa" visite www.oxfam.org.uk/shop ou www.humana-portugal.org/. Nos móveis e "tralha" em geral, o movimento Emaús (http://emauscanecas.blogspot.pt/) pode ajudar.