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Criatividade sai do forno das ruínas industriais

Antigas fábricas emblemáticas do sector têxtil, metalúrgico ou alimentar estão a ser transformadas em pólos culturais, espaços comerciais e "berço" de novas empresas das indústrias criativas.

29 de Agosto de 2013 às 00:01
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A Incubadora de Moda e Design, que será inaugurada na sexta-feira, 9 de Agosto, completa a primeira fase do Quarteirão Cultural e Criativo da Fábrica de Santo Thyrso, instalada numa antiga unidade de fiação e tecidos no "coração" do Vale do Ave.


Vários antigos complexos industriais da zona Norte, que estiveram sobretudo ligados aos sectores tradicionais, estão a ser requalificados e reaproveitados para servir novas funcionalidades e novos públicos, ligados à cultura, à inovação e ao "cluster" cada vez mais forte das indústrias criativas nesta região.


Enquanto não chega plenamente ao terreno o apelo governamental à reindustrialização - que tinha no ex-ministro Álvaro Santos Pereira o principal porta-voz - estas fábricas abandonadas estão a ganhar uma segunda vida. São edifícios que ainda dão corpo à arquitectura industrial do século XX em sectores como o têxtil, metalurgia ou alimentar [ver textos relacionados], localizados a uma distância relativamente curta dos centros das cidades e que estão agora de "cara lavada" e portas abertas ao público.


Exposições, espectáculos de música, dança e teatro, espaços de restauração e lazer, superfícies comerciais e até alojamento. Estas são algumas das novas valências que ocupam o lugar dos operários e da maquinaria industrial, ainda que mantendo o "esqueleto" industrial. Em quase todos os projectos, as autarquias ou promotores privados apostam num modelo misto para atrair também empreendedores e novos negócios. Por exemplo, o centro empresarial que nasceu na antiga fábrica de óleos AAA, na Maia, lançou na semana passada um conjunto de incentivos gratuitos para fixar projectos agrícolas, ao nível da imagem, marketing e análise e acompanhamento do plano de negócios.


Em São João da Madeira, na desactivada metalúrgica Oliva, fundada em 1925 e célebre pelas máquinas de costura, nasceu o "Oliva Creative Factory". Ao pólo cultural dinamizado há um ano juntaram-se ali em Julho 11 empresas para colocar "a arte e criatividade ao serviço da economia". E com projectos nas áreas da joalharia, design de produto e interiores, mobiliário ecológico, calçado customizado, protecção rodoviária, iluminação, artes plásticas ou produção cinematográfica.

 

 

 

Fábrica ASA


A poucos minutos do centro histórico de Guimarães, as antigas instalações da fábrica de lençóis ASA, desactivadas em 2006, renasceram no ano passado como plataforma criativa e espaço de escritórios, lojas e lazer. Beneficiando do "empurrão" da Capital Europeia da Cultura 2012, o espaço tem um auditório, livraria, Caixa Negra onde se realizam espectáculos, zonas expositivas e 'infopoint'. O Laboratório de Curadoria e o "On.Off" são projectos residentes.


Fundada em 1929 por Agostinho da Silva Areias, foi das maiores empresas da região e referência para a têxtil portuguesa. Em 1999 foi adquirida pela Lameirinho e alvo de um processo de fusão.

 

 

 

Hotel do chocolate "Avianense"


Abandonadas desde 2004, as antigas instalações da fábrica Avianense, em Viana do Castelo, vão ser transformadas num hotel temático dedicado ao chocolate, com 18 quartos. As obras de recuperação e reconversão do edifício, que preservará a memória histórica, comercial e industrial da cidade, vão arrancar em 2014. O investimento global ascende a 3,4 milhões de euros, a realizar pelo promotor cujo capital é detido maioritariamente por agentes locais.


Fundada em 1914, a fábrica de chocolates faliu em 2004, deixando 48 pessoas sem emprego. O empresário Luciano Costa arrematou a marca, equipamentos e frota e retomou o fabrico em Barcelos.

 

 

 

Fábrica de Santo Thyrso


Esta antiga unidade industrial erguida no "coração" da indústria do têxtil e do vestuário, também conhecida por Fábrica do Teles, está a ser objecto de operações de reabilitação urbana para a reconversão num quarteirão cultural e criativo. Já acolhe concertos, espectáculos de teatro e dança, exposições e instalações, feiras, conferências ou "workshops". E a 9 de Agosto será ali inaugurada uma incubadora de moda e design, que completará a primeira fase deste projecto.


Localizada na margem esquerda do Rio Ave, e próxima do centro da cidade, a Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Tirso, fundada em 1898, foi uma das têxteis mais emblemáticas do Vale do Ave.

 

 

 

Centro Empresarial AAA


Com um fluxo diário de 1.500 pessoas e 60% da área ocupada em actividades como comércio alimentar, transitários, audiovisuais ou automação, o Centro Empresarial AAA, aberto em Outubro de 2011, representou um investimento de 12 milhões de euros. O condomínio de cinco edifícios tem vertente comercial e de logística, escritórios e "showrooms", albergando ainda uma grande superfície que ajudou a revitalizar esta zona depois da desactivação da fábrica de óleos.


O lugar que serviu de âncora à antiga fábrica de Óleos AAA está ligado ao nome de Aníbal Augusto Soares, um aprendiz de caixeiro que no final do século XIX abandonou Foz Côa e rumou a Gaia.

 

(Notícia inicialmente publicada no dia 5 de Agosto)

 

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