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A bolsa de Lisboa pode recuperar em 2015?

Os analistas mantêm um optimismo para a bolsa portuguesa, mas moderado. Os riscos internos, em ano de eleições, e a necessidade de reconquistar a confiança dos investidores são os maiores desafios.

31 de Dezembro de 2014 às 00:01
Miguel Baltazar/Negócios
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Depois da forte queda no último ano, a bolsa portuguesa tem margem para recuperar nos próximos 12 meses. Mas essa recuperação poderá ser periclitante, prevêem os analistas. É que depois dos escândalos vividos em 2014 será preciso reconquistar a confiança dos investidores em 2015.


"É de esperar que o ano seja mais positivo para a bolsa, sobretudo porque existe espaço para uma recuperação dos títulos mais penalizados", defende Miguel Gomes da Silva, responsável pela sala de mercados do Montepio. O gestor do Banif Acções Portugal também acredita num ano positivo, lembrando que o consenso de mercado aponta para um crescimento dos resultados do PSI-20 superior a 10%.


"Se esta estimativa se concretizar, e se assistirmos a um ambiente de mercados favorável, com uma aceleração do crescimento global e medidas do BCE para combater a deflação, estarão reunidas as condições para que a bolsa nacional possa ter uma evolução favorável", explica Nuno Marques ao Negócios.


"Recuperar a confiança perdida é uma condição importante para o PSI-20 voltar a subir", argumenta Steven Santos, depois de um ano marcado pela queda do BES e retirou duas empresas à bolsa de Lisboa (BES e ESFG), deixando marcas profundas na PT SGPS. Para o gestor da XTB Portugal, "com o índice reduzido a 18 componentes, a bolsa nacional precisa de mais empresas dinâmicas e com projectos interessantes para atrair investimento".


Miguel Gomes da Silva acredita que "empresas como a Jerónimo Martins, CTT, EDP têm motivos para acreditar que terão um bom desempenho em 2015". Já a banca pode ser uma boa surpresa, "dependendo dos eventuais movimentos de fusão". Para Steven Santos, além da banca, a NOS e os CTT são as empresas melhor posicionadas para ganhar na bolsa de Lisboa, em 2015.

 

BCE pode ajudar


Apesar das feridas internas não estarem ainda saradas, a bolsa lisboeta poderá contar com a ajuda do BCE para reconquistar o seu caminho rumo aos ganhos. É grande a expectativa em torno do que o BCE vai fazer em 2015, prevendo-se que a instituição avance com a compra de dívida pública. Uma medida que beneficia essencialmente as economias com mais problemas, como a portuguesa.
"Em 2015 e considerando uma atitude mais activa do BCE, e a estabilização do quadro geopolítico internacional, deveremos assistir a uma valorização que pode ser significativa, tendo em conta a base baixa de que a bolsa portuguesa parte", adianta Pedro Lino. O administrador da Dif Broker lembra, contudo que se mantêm vários riscos, "que têm a ver com as eleições nos vários países da periferia e com a recuperação económica mundial".

 

 

 
Os juros dos depósitos vão descer?
Restabelecido o acesso a crédito, com a taxa directora quase em zero, mas também com o travão do regulador, os bancos estão a pagar juros baixos nos depósitos a prazo: 1,3%, um mínimo de 2010. Poderiam pagar mais, mas não têm incentivo para isso. Pelo contrário: os bancos precisam de rentabilidade o que significa que querem manter o custo de financiamento (depósitos) baixo, procurando dar crédito com taxas altas. Neste sentido, mantendo-se o contexto de taxas baixas, os juros continuarão a descer, embora a margem seja reduzida tendo em conta a concorrência dos produtos do Estado que pagam taxas média de 3% e 4,25%.

 

 
Os efeitos
A evolução da economia portuguesa, a política monetária europeia, ou a subida dos lucros das cotadas portuguesas são alguns dos temas que vão influenciar a bolsa em 2015.
 
Positivos

Compra de dívida por parte do BCE
A expectativa de que o BCE avance já nos próximos meses com a compra de dívida pública e privada poderá sustentar as acções nacionais.

 

Subida dos lucros do PSI-20
Os analistas prevêem que as empresas portuguesas melhorem os seus resultados no novo ano, um cenário que contribui para aumentar a visibilidade das cotadas.

 

Negativos

Elevado endividamento
Apesar dos esforços de contenção orçamental, Portugal continua a ser um dos países mais endividados do euro. Ainda é necessário um esforço para conter as contas públicas.

 

Eleições criam instabilidade
Portugal é um dos países com eleições em 2015. O calendário eleitoral poderá gerar um clima de incerteza em torno das políticas no país.

 

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