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Europac: "Queremos ser a última indústria a morrer"

A fábrica de Viana do Castelo da Europac não produz só papel. A energia também já faz parte do seu negócio.

28 de Março de 2016 às 20:00
Paulo Duarte
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O engenheiro químico, 55 anos, iniciou a carreira na Sonae, passou pela Têxtil Manuel Gonçalves e trabalha há três décadas na fábrica de Viana. Director-geral desde 2010, diz que o controlo mensal dos consumos é "uma questão de sobrevivência".

Quais os consumos em que precisam de ser mais eficientes?

Na matéria-prima, energia e água. Todos os meses temos uma reunião em que analisamos os principais consumos e os desvios que estamos a ter, e se tomam medidas. Porque é uma questão de sobrevivência. Estamos num mercado muito competitivo. Sabemos que esta indústria um dia vai morrer – como todas as indústrias – e queremos que isso aconteça o mais tarde possível. Queremos ser a última a morrer.
 
E quais são os que mais pesam?

A matéria-prima, a madeira, que vale cerca de 40% do custo de produção. Os fornecedores são nacionais (Norte e Centro) e também somos abastecidos pela Galiza. Nota importante: na matéria-prima virgem consumimos 80% de pinheiro e 20% de eucalipto, que só usamos para melhorar um bocadinho as características superficiais do papel. Digo isto porque se associa muito o papel ao eucalipto, que tem muito má fama. Se ele desaparecesse da face da Terra não se passava nada connosco. Para nós é uma vantagem porque não estamos a concorrer com as outras celuloses em Portugal, que se abastecem sobretudo de eucalipto.

Energia é também um produto?

Sim. Temos dois tipos: o papel, que é o "core", e também a energia, que vale 20% dos nossos resultados. Produzimos cerca de 700 "gigawatts" de energia, suficientes para abastecer o distrito de Viana, incluindo esta fábrica. Produzimos o equivalente a 1,6% da energia consumida anualmente em Portugal. Temos equipamentos que produzem a energia que se consome aqui e ainda injectamos na rede. E temos essa capacidade porque mais de 50% da energia é produzida através de combustíveis renováveis, que são os resíduos da madeira que não utilizamos para a produção de papel. Recebemos a madeira de pinheiro com casca, essa casca tem de ser retirada porque não tem celulose e tem uma grande vantagem: pode ser queimada. E ao ser queimada gera vapor, que é utilizado para produzir energia. O outro combustível é gás natural: temos duas unidades de co-geração, a maneira mais económica de produzir energia à custa de combustíveis fósseis.
 
Aproveitam também outros sub-produtos?

Há vários que são extraídos durante o processo. Isto é como uma fábrica de salsichas, aproveita-se tudo. Por exemplo, há um usado para a produção de aguarrás e há outro ("tall oil") que resulta da resina do pinheiro e que vendemos para a produção de chicletes e também para a indústria de perfumaria. Todas as semanas saem dois camiões TIR para França. Até costumo dizer que o "Chanel Nº 5" começa aqui em Viana [risos].

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