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O engenheiro químico, 55 anos, iniciou a carreira na Sonae, passou pela Têxtil Manuel Gonçalves e trabalha há três décadas na fábrica de Viana. Director-geral desde 2010, diz que o controlo mensal dos consumos é "uma questão de sobrevivência".
Quais os consumos em que precisam de ser mais eficientes?
Na matéria-prima, energia e água. Todos os meses temos uma reunião em que analisamos os principais consumos e os desvios que estamos a ter, e se tomam medidas. Porque é uma questão de sobrevivência. Estamos num mercado muito competitivo. Sabemos que esta indústria um dia vai morrer – como todas as indústrias – e queremos que isso aconteça o mais tarde possível. Queremos ser a última a morrer.
E quais são os que mais pesam?
A matéria-prima, a madeira, que vale cerca de 40% do custo de produção. Os fornecedores são nacionais (Norte e Centro) e também somos abastecidos pela Galiza. Nota importante: na matéria-prima virgem consumimos 80% de pinheiro e 20% de eucalipto, que só usamos para melhorar um bocadinho as características superficiais do papel. Digo isto porque se associa muito o papel ao eucalipto, que tem muito má fama. Se ele desaparecesse da face da Terra não se passava nada connosco. Para nós é uma vantagem porque não estamos a concorrer com as outras celuloses em Portugal, que se abastecem sobretudo de eucalipto.
Energia é também um produto?
Aproveitam também outros sub-produtos?
Há vários que são extraídos durante o processo. Isto é como uma fábrica de salsichas, aproveita-se tudo. Por exemplo, há um usado para a produção de aguarrás e há outro ("tall oil") que resulta da resina do pinheiro e que vendemos para a produção de chicletes e também para a indústria de perfumaria. Todas as semanas saem dois camiões TIR para França. Até costumo dizer que o "Chanel Nº 5" começa aqui em Viana [risos].