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Ruído leva MarSensing a navegar além-fronteiras

Fundada em 2007 na Universidade do Algarve, a MarSensing desenvolve gravadores subaquáticos para medir o ruído debaixo do mar. Mais de 80% da produção já tem como destino o mercado externo.

15 de Julho de 2015 às 00:01
Bruno Simão
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O mar é um lugar muito mais barulhento do que se possa imaginar. Que o diga Cristiano Soares que se dedica há mais de uma década à acústica submarina, a ciência que estuda a propagação do som na água. "Debaixo de água há muito ruído devido a actividades económicas", explica o engenheiro. Há sectores que contribuem mais, como as energias renováveis ‘offshore’. Na costa portuguesa, o que se destaca é o ruído naval".


No escritório da MarSensing, a empresa que fundou em 2007 com três sócios, Cristiano tem dispostos sobre a secretária dois instrumentos de forma cilíndrica, com cerca de 30 centímetros que, à primeira

Debaixo de água
há muito ruído
devido a actividades económicas.
Há sectores que contribuem mais, como as energias renováveis offshore. Na costa portuguesa, destaca-se
o ruído naval. 
Cristiano Soares,
sócio da MarSensing

vista, não denunciam a sua utilidade. São hidrofones – gravadores subaquáticos – um dos produtos desenvolvidos e comercializados pela MarSensing. "Em Portugal, não há nenhuma empresa a desenvolver estes equipamentos", nota Cristiano Soares. "Servem para medir o ruído, e também são utilizados para gravar outros sons subaquáticos, como golfinhos, peixes e baleias".


Os gravadores subaquáticos, que custam entre três e nove mil euros, têm uma bateria recarregável através da luz solar e podem ser colocados até 100 metros de profundidade. A empresa não só comercializa os equipamentos, como os utiliza em serviços de consultoria – como realização de estudos de impacto ambiental – outra das vertentes do negócio. "Além de uma empresa de desenvolvimento, também somos utilizadores do produto. E uma coisa ajuda a outra", sublinha o empreendedor.


Formado em Engenharia de Sistemas e Computação, Cristiano Soares teve a ideia de criar a empresa em 2006, numa altura, conta, "em que havia muitos incentivos ao empreendedorismo". Munido da experiência e do conhecimento, o jovem engenheiro contou com o apoio do CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia – da Universidade do Algarve, para apresentar uma candidatura à Iniciativa NEOTEC. "Apresentámos a ideia e fomos premiados com incentivos. Precisávamos de um investimento inicial de 80 mil euros e conseguimos 58 mil", explica o sócio da MarSensing.


Em Portugal, a empresa, sedeada na Universidade do Algarve, tem como clientes as universidades, algumas empresas e a marinha. "A maior parte da facturação é para o exterior", explica o sócio. "Vendemos muito para Espanha e França, para empresas de serviços ambientais". E o peso das exportações tem crescido todos os anos: em 2012 representavam 50% da facturação, em 2013, 58% e, no ano passado, cerca de 80%.

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