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Vencedores Prémio Floresta e Sustentabilidade

Prémio da CELPA distinguiu vencedores em quatro categorias e assinalou a celebração de uma área vital da economia

Filipe S. Fernandes 06 de Abril de 2022 às 15:30
Mariline Alves
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   As categorias   

| Floresta e comunidade
Premeia projetos de educação ambiental e florestal, provenientes de ONG, autarquias ou outras entidades, incluindo pessoas individuais que tenham projetos de proteção da floresta.

| Gestão e economia da floresta
Distingue projetos ou negócios com gestão e boas práticas em operações florestais, inovação, e importância social, económica e ambiental.

| A Escola e Floresta
É a categoria mais mobilizadora da sociedade e que pretende distinguir projetos de escolas através de trabalhos realizados por alunos, entre o 9.º e o 12.º ano, sobre o valor da floresta, através de um vídeo de três minutos.

| Inovação e ciência
Galardoa projetos inovadores provenientes da academia ou de outras entidades relacionadas com a área.



   O júri   

Daniel Bessa, Presidente do Júri
Carlos de Pascoal Neto, Diretor-geral, RAIZ - Instituto de Investigação da Floresta e Papel
Eduardo de Oliveira e Sousa, Presidente, CAP
Joaquim Sande Silva, Membro da direção, LPN - Liga para a Proteção da Natureza
Fernanda Ferreira Dias, Diretora-geral, DGAE - Direção-Geral das Atividades Económicas
Francisco Ferreira, Presidente, Zero
Helena Pereira, Presidente, FCT
Jaime Braga, Assessor, Direção para os Assuntos da Energia e Ambiente, CIP
João Freire Gonçalves, Presidente da direção, Centro Pinus
João Rui Gomes Ferreira, Presidente da direção, APCOR
João Correia Bernardo, Diretor-geral, DGEG - Direção-Geral de Energia e Geologia
José Carlos Matias de Sousa, Diretor de Projetos Educativos, DGE - Direção-Geral da Educação
Maria do Loreto Monteiro, Representante, CNA - Confederação Nacional de Agricultura


Floresta e Comunidade

   Prémio - Câmara Municipal de Lousada   

As árvores e as pessoas
Daniel Bessa, presidente do júri, Cláudia Coelho, da PwC, e Fernando Araújo, da CELPA, entregaram o prémio à Câmara Municipal da Lousada.

O Plantar Lousada nasceu em 2016 com o objetivo de plantar de 10 mil árvores. Seis anos depois já plantaram 84 mil e o novo objetivo da autarquia é atingir as 100 mil árvores no próximo ano, refere Manuel Nunes, vereador da Cultura de Câmara Municipal da Lousada.

É um projeto de envolvimento social, restauro ecológico, ambiental. "Esta vertente do envolvimento social é crucial porque nenhuma árvore destas 84 mil foi plantada pelo município. Foram todas plantadas por voluntários em colaboração com o município, desde crianças muito pequenas, nas atividades da escola ou com as suas famílias, até pessoas com 80, 90 anos", disse Manuel Nunes.

"O primeiro objetivo é nunca terminar, porque no dia em que o projeto terminar é porque alguma coisa está mal", considera. O projeto nasceu para perdurar porque plantar árvores, substituir, recuperar espaços degradados, é um processo interminável. "O ser humano intervém no território, por isso haverá sempre espaços que é preciso requalificar e isso nunca vai estar terminado", afirma Manuel Nunes.


   Menção honrosa - Comunidade Local dos Baldios de Carvoeiro   

Artur Sá, presidente do conselho diretivo da Comunidade Local dos Baldios de Carvoeiro, recebeu a menção honrosa.

O baldio do Carvoeiro, no concelho de Viana do Castelo, é uma área florestal comunitária com cerca de 600 hectares. A gestão deste espaço é apoiada por uma equipa de sapadores florestais que faz trabalhos de gestão de combustível, limpeza de matos e povoamentos florestais, correção de densidades e limpeza junto aos aglomerados habitacionais. "É absolutamente determinante para a gestão deste território", sublinha Artur Sá, presidente do conselho diretivo da Comunidade Local dos Baldios de Carvoeiro.

O projeto vencedor incidiu sobre a gestão de combustível e a limpeza de 25 hectares de mato, a arborização de 8 hectares com carvalho-alvarinho e 2 hectares de medronheiros na zona mais baixa junto à linha de água, a limpeza e o desassoreamento e o arranjo da descarga de fundo de uma charca de combate a incêndios, que ficou operacional, e a beneficiação de um caminho florestal.

Mas, para Artur Sá, "a parte que consideramos mais importante deste projeto foi a criação de um percurso pedestre, a que chamamos o Eco Circuito da Corga da Padela, que tem uma componente ambiental muito forte através da flora ribeirinha em que as espécies estão identificadas".


Gestão e Economia da Floresta

   Vencedor - Régie Lima - Cooperativa Florestal e Social   

Negócio de madeira e certificação fiscal

A Régie Lima iniciou a atividade de compra e venda de madeira há cerca de sete anos, o que faz de uma forma diferente dos outros compradores de madeira. "Compramos à tonelagem e os produtores sabem quanto rendeu o peso da madeira e é isso que pagamos", explica José Carlos Ribas Gonçalves, presidente da Régie Lima.

Esta cooperativa junta associações florestais, como a Associação Florestal do Lima, instituições de ensino, como o Instituto Politécnica de Viana do Castelo, cooperativas agrícolas, juntas de freguesia e empresas.

"Temos tido muita clientela e nota-se que há um desenvolvimento, não é rápido mas progressivo", referiu José Carlos Ribas Gonçalves. "É do interesse dos produtores que estão a confiar em nós, custou-lhes a entrar porque não acreditavam no nosso projeto, mas com a nossa técnica e os restantes membros da direção temos orientado os serviços no sentido de progredir. Compramos em todo o distrito, mas já estamos a entrar noutras regiões".

Esta cooperativa de Ponte de Lima tem, além da dimensão florestal, uma dimensão de apoio social e tem, ainda, em arrendamento rural 7,4 hectares em duas propriedades em Arcos de Valdevez e Viana do Castelo com castanheiros e eucaliptos.


   Menção honrosa - 2B Forest   

Anabela Silva (DGAE), Paulo Fernandes (Altri) e António Redondo (CELPA) entregaram a menção honrosa a Susana Brígido.

"A 2B Forest é uma empresa especializada em consultoria e certificação florestal. O projeto Ecossitems Power by Forest SIM está baseado no nosso grupo de certificação de proprietários florestais, criado em 2017 para apoiar a gestão ativa da floresta", sublinhou Susana Brígido, sócia-gerente.

Um dos grandes objetivos do projeto do Ecossistems Power by Forest SIM é criar valor para as áreas de conservação e tem duas vertentes. A primeira permite aos proprietários florestais, através de uma gestão ativa da floresta, aumentar o sequestro de carbono e a promoção da biodiversidade, ou seja, aumenta a valoração dos serviços dos ecossistemas.

Por outro lado, a ligação à sociedade civil e ao mundo empresarial da 2B Forest "é uma oportunidade para estas empresas poderem alguma forma mitigar as suas ações e impactos no ambiente apoiando e suportando a melhoria dos serviços ecossistemas nas áreas de conservação", refere Susana Brígido.


A Escola e a Floresta

   Vencedor - Externato Marista de Lisboa   

Os jovens vencedores com o diretor-geral da CELPA, Francisco Gomes da Silva, a diretora do Negócios, Diana Ramos, e Pierre Ferreira, da ETIC.

Os vídeos vencedores abordaram os efeitos das alterações climáticas nas florestas e o papel destas no equilíbrio ambiental e na sustentabilidade do planeta.


   Menção honrosa - Escola Infante D. Henrique - Porto   

Os alunos desta escola profissional do Porto receberam a menção honrosa nesta categoria. José Carlos de Sousa, da DGE, também entregou a distinção.


Inovação e Ciência

   Vencedor - União da Floresta Mediterrânica (UNAC)   

A vitória da digitalização

António Gonçalves Ferreira, da UNAC, com Helena Pereira (FCT), Miguel Silveira (CELPA) e Armando Esteves Pereira (CM).

A UNAC é uma organização privada de produtores florestais que junta seis associações de produtores florestais que vão desde Castelo Branco até Alcácer do Sal. Abrange a área de distribuição do montado de sobro e do pinheiro-manso, dois sistemas agroflorestais, explica Conceição Santos Silva, coordenadora I&D+I da UNAC, que foi criada em 1989 como União das Organizações de Agricultores para o Desenvolvimento da Charneca.

Um dos seus principais focos atualmente é a digitalização florestal. Como refere Conceição Santos Silva, "no montado existe uma série de operações que são feitas da mesma forma há muitas dezenas de anos e o recurso às novas tecnologias, deteção remota, sensorização, permite fazer um upgrade na gestão que é feita e fazer essas operações com muito maior eficácia".

A marcação ou identificação das árvores mortas no campo normalmente é feita de uma forma manual e marcando cada uma das árvores para produzir um mapa e pedir uma autorização que é obrigatória por lei. A digitalização esteve na base do projeto Gestão da mortalidade associada às pragas e doenças mais comuns, em que através de imagens de satélite ou imagem de drone foi desenvolvido um algoritmo que permite a identificação dessas árvores mortas através da análise dos seus índices de vegetação.

Este algoritmo é depois incorporado uma plataforma, que está disponível para o proprietário florestal visualizar a localização dessas árvores, proceder ao pedido autorização e ao seu corte. Pode analisar as causas que estão a levar à perda de vitalidade a mortalidade para melhorar a gestão.


   Menção honrosa - Tesselo   

A Tesselo foi distinguida com uma menção honrosa. Francisco Corrêa, head of Customer Sucess, recebeu a distinção.

Fundada em 2017 a Tesselo é uma empresa de deteção remota e que desenvolve modelos de inteligência artificial combinados com imagens de satélite para produzir informação da ocupação de solo a nível nacional e a nível internacional.

Desde abril de 2020 que desenvolve mapas de ocupação de solo usando tecnologias, como a inteligência artificial e imagens de satélite, para modelar a ocupação de solo nacional em 12 classes, sete florestais e cinco não florestais.

Francisco Corrêa, head of Customer Sucess, refere que a Tesselo fornece informações sobre as áreas ardidas e cortadas a nível nacional de forma mensal, "o que permite uma muito maior eficiência na gestão dessas plantações e na monitorização da floresta nacional".

Neste momento, desenvolve, para a CELPA, um modelo que consegue distinguir a idade das árvores a nível nacional. "É um modelo em que usamos imagens de satélite mais antigas para percebermos os momentos de plantações de eucalipto e pinheiro-bravo e distinguir a idade, informação que permite organizar e gerir melhor os períodos de corte", disse Francisco Corrêa.