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Vanda Gonçalves: “Não há liderança sem liderança em tecnologia”

“Stack Strategically” é a primeira tendência do Accenture Technology Vision 2021 e que destaca a importância da arquitetura perante um cada vez maior número de opções tecnológicas que as empresas têm de fazer.

30 de Junho de 2021 às 11:45
Vanda Gonçalves, Managing Director da Accenture Portugal DR
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"Para capitalizar nos mercados de amanhã, as empresas precisam de unir a liderança da indústria e da tecnologia. As empresas já não competem apenas por quota de mercado, competem pela construção de uma visão do futuro mais rápida do que a concorrência", afirma Vanda Gonçalves, managing director e responsável pela área de cloud da Accenture Portugal. Por isso, 91% dos executivos concordaram "que capturar o mercado de amanhã exigirá que a sua organização o defina". Como diz Vanda Gonçalves, "a mudança perpétua veio para ficar, as empresas que querem liderar devem tornar-se pioneiras".

As estratégias de negócio e de tecnologia estão cada vez mais inseparáveis e até indistinguíveis. Quais são as principais consequências para a gestão das empresas?
Em resposta à pandemia de covid-19, as empresas em todo o mundo fizeram rápidas transformações digitais, acelerando as suas jornadas de transformação. Esta recente aceleração digital colocou a tecnologia como a pedra angular da liderança global, e está claro que não há liderança sem liderança em tecnologia. De facto, são cada vez mais as opções tecnológicas a fazer e a arquitetura é, por isso, mais importante do que nunca. As empresas estão agora num ponto crítico de decisão, no qual, para se tornarem ou permanecerem líderes no seu setor têm de construir stacks tecnológicos competitivos. As escolhas tecnológicas que uma empresa faz podem alterar radicalmente a sua proposta de valor, limitando ou impulsionando a empresa no futuro.

Nesta nova era de competição, os líderes serão decididos e avaliados não só pelo sucesso dos seus planos de negócio, mas pelas suas escolhas tecnológicas. No estudo desenvolvido pela Accenture, 77% dos executivos afirmam que a sua arquitetura tecnológica se está a tornar muito crítica para o sucesso geral da sua organização e 89% dos executivos acreditam que a capacidade de a sua organização gerar valor depende da sua arquitetura tecnológica.

As empresas têm de apostar em tecnologias que têm uma grande diversidade. Que princípios se deve ter em conta para ter uma arquitetura tecnológica de longo prazo que seja dinâmica e sustentável?
Uma base técnica forte, mas adaptável, é a chave para lidar com mudanças inesperadas. Durante anos, as empresas foram bastante otimistas nas suas autoavaliações, considerando que estavam mais avançadas nas suas transformações digitais do que realmente estavam.

A crise pandémica trouxe algumas disrupções que expuseram as limitações das normas vigentes sobre como as empresas operam e como as pessoas vivem. É preciso construir riqueza técnica, estabelecendo um caminho claro para se afastar de sistemas legados estáticos e não adaptáveis e desenvolver uma abordagem adaptável e reutilizável para a tecnologia.

A geração de riqueza técnica dá às empresas capacidade de estender os seus negócios em novas direções. Vanda Gonçalves
Managing Director da Accenture Portugal 

É necessário focar na construção de riqueza técnica, reimaginar a abordagem para o desenvolvimento de aplicações para aproveitar as vantagens dos recursos da cloud, dos microsserviços e da flexibilidade que eles proporcionam. É fundamental que as empresas se concentrem na criação de componentes reutilizáveis que sejam valiosos ao máximo, não apenas minimamente viáveis.

A geração de riqueza técnica dá às empresas a capacidade de estender os negócios em novas direções. Arquitetar para a mudança não significa apenas ser reativo, mas também repensar como as aplicações são desenvolvidas e aproveitar as novas oportunidades.

A aceleração da transformação digital que se deu na pandemia de covid-19 vai manter-se neste período de recuperação da economia que se avizinha? As empresas portuguesas estão a preparar-se para este novo mundo?
Acreditamos que a pandemia de covid-19 criou um ponto de não retorno que obriga a uma forte necessidade de aceleração da transformação digital como forma de conferir maior resiliência e confiança, mais agilidade, rapidez e o desenvolvimento de novas experiências e produtos, e possibilitar em simultâneo a redução de custos estruturais. As empresas foram forçadas a reconhecer as lacunas e a compactar as agendas de transformação de uma década num plano de dois a três anos.

O estudo recente da Accenture sobre o futuro da cloud, realizado já este ano, revela que as empresas tencionam migrar para a cloud mais de dois terços dos seus workloads nos próximos três a cinco anos, com cerca de um terço das empresas a perspetivar ter mais de 75% dos seus workloads na cloud nesse período.