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Usar as patentes e a tecnologia contra a cópia

A AMF Shoes foi fundada em 1999 por Albano Miguel Fernandes e, durante cinco anos, trabalhou em regime de outsourcing, o chamado trabalho a feitio, para as maiores empresas maiores da região. Em 2005 percebeu que a indústria de calçado de moda era muito complexa e competitiva. Havia demasiada oferta, e achou que deveria “ter de definir uma estratégia diferente na nossa organização de trabalho.

06 de Fevereiro de 2020 às 13:00
José Gageiro
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“Qual o nicho de mercado que deveríamos trabalhar? Pareceu-nos claro que o nicho de calçado técnico, com valor acrescentado, com I&D, com patentes, com inovação poderia ter sucesso”, recorda António Miguel Fernandes.

Esta mudança estratégica precisava de ser suportada por uma marca, por um fator diferenciador. Por isso acabou por nascer a 2wor4, que depois se transformou em ToWorkFor. O calçado técnico permite às empresas ter um produto contínuo durante muitos anos. “É interessante em termos produtivos mas é mais fácil a concorrência copiar e é mais difícil de fidelizar os clientes”, referiu Albano Miguel Fernandes.

Nessa altura trouxeram o design para o calçado técnico. O empresário explica que, entre 2005 e 2013, “tivemos muito sucesso mas depois as nossas coleções começaram a ser copiadas. Decidimos que iríamos continuar a ter moda, porque era a nossa génese, mas os nossos produtos passariam a ter tecnologia, e agora não há nenhum conceito que não tenha uma patente, uma tecnologia”.

Segunda marca

Lançaram também uma segunda marca, a Too’l para poder funcionar com mais do que um distribuidor em cada mercado. Como explica Albano Miguel Fernandes, “a Too’l existe como marca secundária e de apoio à To Work for. Em vez de vender private label para uma marca terceira, preferimos ter esta segunda marca”.

Em 2015 comprou a Aloft, uma empresa de solas, “onde temos alguma parte do apoio do desenvolvimento da empresa de calçado, esta flexibilidade do serviço e de I&D, é que nos permite ter boas soluções no mercado e mais competitivas, que a verticalização permitiu”.

A To Work for cresceu em 2019 mais de 30% em vendas, 60% do volume de vendas da empresa é de marca própria, e 40% do private label. Exportam para mais de 60 mercados, 85% do volume de negócios é exportação. “O private label que fazemos não é a pura reprodução de um modelo que nos é dado por cliente ao menor custo possível. Temos conceitos que criamos e propomos aos clientes, que muitas vezes são bem maiores do que nós, que têm as suas marcas e que nunca venderão as nossas marcas. ”, sublinha o empresário.

Clientes fiéis

Esta forma de trabalhar torna o crescimento mais lento, mas é mais sustentado. “Os nossos clientes têm sido fiéis e não me lembro de ter perdido um cliente, somos o parceiro preferencial e estão sempre à espera de qual é o conceito que se segue. É um desafio grande para os recursos humanos, é uma das apostas e das nossas dificuldades, temos de estar constantemente a investigar e a inovar, a ver onde é que está uma patente que podemos adquirir, alugar”.

 

85%
Exportação
A To Work for exporta para 60 mercados e 85% do volume de negócios resulta das vendas para o exterior.