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Uma marca que nasceu para o mundo

A ideia da marca José Gourmet nasceu em Macau, começou como uma trading global, a que juntou uma fábrica de conservas.

04 de Novembro de 2024 às 15:26
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Em 2008, Adriano Ribeiro, de 64 anos, fundou a empresa 100Mistérios e lançou a marca de conservas José Gourmet, de olhos postos no mercado global. Piloto da Força Aérea, formou-se para o cargo de general, onde teve disciplinas técnicas, assim como de recursos humanos, contabilidade e gestão de pessoas. É o convidado das Conversas de Inspiração, integradas no Prémio Portugal Inspirador, uma iniciativa do Negócios, Correio da Manhã e CMTV, com o apoio do Banco Santander e dos knowledge partners Informa DB, Accenture e Nova SBE.




Saiu da Força Aérea e tornou-se piloto civil voando pela Air Macau, onde germinou a sua ideia de negócio. "Em Macau fez-me confusão como havia produtos italianos, franceses, e não havia os produtos portugueses", recorda Adriano Ribeiro.

Nestas suas reflexões ficou a conhecer os vários negócios, baseados em produtos portugueses, que singravam nas mãos de estrangeiros. Como o Nando’s, que foi criado em 1987 por Fernando Duarte e Robert Brozin, que tem sido o estratega, o vinho do Porto surgiu por causa ingleses, e o pastel de nata, começou a ser conhecido internacionalmente, porque Andrew Stow, no final dos anos 80, abriu uma pequena pastelaria em Coloane para vender pastéis de nata.

Adriano Ribeiro nunca tivera um negócio, tardou seis anos a sete "entre a vontade, criar alguns meios para o fazer, definir a estratégia, e, depois, criar o José Gourmet", revela. A sua ambição era criar uma marca para vender no mundo, porque faltam marcas a Portugal.

Trading com marca

O negócio começou por ser uma trading com marca própria. "Inicialmente, a estratégia foi pegar em produtos e vesti-los bem", disse Adriano Ribeiro. Selecionava uma referência de sardinhas ótima, colocava o packaging e vendia a preços bons.

Depois, quis fazer os melhores produtos possíveis do mundo. "Não quero saber quanto custa, vou à procura dos clientes que estejam dispostos a pagar", aduz Adriano Ribeiro.  Foi sempre vocacionada para criar valor numa indústria tradicional, como as conservas, tanto as de peixe, como as de carne e de doces, que vão lançar agora.

Há cerca de quarto anos construiu uma fábrica de conservas em Matosinhos para se poder diferenciar e inovar enquanto trading com marca própria, "porque não posso poderia fazer experimentações em outras fábricas. Mantivemos a preocupação do packaging, mas passámos a inovar também em termos de produto", explica Adriano Ribeiro.

A fábrica é como um laboratório e como incubadora, o que permite "experimentar até ao teste de mercado. Se temos clientes para isso e o que andamos sempre à procura é de alavancar estes negócios", refere Adriano Ribeiro.

"Trouxemos para esta indústria tradicional, com uma tecnologia que tem 180 anos, o efeito Masterchef, a cozinha de fusão, os paladares do mundo numa lata ou num saco. Esta tecnologia é a mais amigável do ambiente, do ponto de vista da energia, e do desperdício, de economia circular e da sustentabilidade e melhor maneira de conservar os alimentos", afirma Adriano Cardoso.

A importância da inovação

A inovação muito dificilmente é patenteável numa indústria tradicional, mas ajuda a procurar muitos nichos, segmentos e ideias novos. "Somos uma das três fábricas de conservas mais inovadoras e mais disruptivas do mundo. Hoje já não somos uma fábrica de conservas de peixe, já somos uma cozinha industrial de conservas", proclama Adriano Cardoso.

Diz que ser empresário é viver num carrossel entre um dia de grande euforia e, no dia a seguir, de uma grande pressão. É uma vida muito longe da tranquilidade normal, mas, pela sua formação militar e de piloto, tem resiliência e capacidade de gestão do stress. "Pode estar tudo a cair ao lado que continuo a pensar em resolver problemas, sem entrar em pânico, nem euforia". Na gestão, o seu objetivo é fazer copy paste e forward, distribuir jogo. "Se me virem a fazer qualquer coisa, é porque ainda não encontrei ninguém, mas já estou a recrutar, ou já estou a tentar formar alguém dentro da empresa para fazer isso", disse Adriano Ribeiro.

O futuro passa pelo lançamento de uma marca global e pelo spin-off de vários negócios para encontrar parceiros, dinheiro, recursos para podermos escalar. Sempre com a mesma inspiração: "a inovação e a promoção de Portugal".