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A ideia ganhou outras dimensões. Tornou-se uma solução para promover a segurança rodoviária sem depender da acção dos condutores ao extrair a energia cinética aos veículos sem o condutor ter de travar, reduzindo a velocidade em zonas estratégicas, como as passadeiras para 30 kms/hora.
Um veículo a circular a 50 km/h não está a cometer nenhuma contra-ordenação mas se atropelar um peão este tem 95% de probabilidades de morrer ou ficar gravemente ferido e demora-se 42 metros a travar. Mas a 30km/h o veículo demora oito metros a parar e, em caso de atropelamento, a probabilidade de morte desce para 5% e dos ferimentos graves para 45%.
Depois a energia cinética extraída aos veículos é transformada em energia eléctrica, o que permite, por exemplo, iluminar as passadeiras, os locais de passagem, carregar bicicletas eléctricas. É também um sistema de recolha de dados, que pode permitir uma gestão das cidades com redução de custos e desperdícios.
A borracha veio no seguimento de testes com materiais. "Interessava um pavimento que tivesse um atrito similar ao betuminoso, por isso experimentamos na madeira, plástico, metal e todos tinham problemas à chuva e em caso de travagem" explica Francisco Duarte. A borracha tem funcionado com chuva e travagens, falta testar com neve.
O teste da realidade em 3 municípios
Em 2018 o Pavnext vai enfrentar o desafio da realidade com a validação da tecnologia aplicada em experiências piloto com três cidades portuguesas. Têm por objectivo aproximar os veículos para os 30km/h em zonas de peões e a energia gerada servirá para iluminar as passadeiras. "Vai permitir perceber se o produto está pronto para ir para o mercado, se é preciso fazer alterações e adaptações". Será tempo ainda para desenvolver os processos industriais com os parceiros escolhidos. Se tudo ficar validado em 2019 o produto pode entrar no mercado.
Francisco Duarte tem patenteada a solução que retira energia aos automóveis sem causar impacto e a patente para a solução que absorve a energia, a armazena e a transforma em energia eléctrica. Tem ainda duas tecnologias ainda por patentear. O projecto tem sido financiado na parte da investigação pela Fundação para Ciência e Tecnologia, e tem contado com um business angel, a Intercapital de João Carlos Champalimaud. A Pavenext está a concorrer a fundos europeus como o Horizonte 2020 e a fundos nacionais. Para já conta com 500 mil euros para fechar o desenvolvimento do produto.
Desde há um ano que a chuva de prémios não pára. Ganhou o premio de Inovação e Segurança Rodoviária do ACP, BIG Smart Cities, da Vodafone. Terminou o World Smart City Awards 2017 no Top3, na categoria Innovative Ideas. Ganhou a categoria Urban Transitions no Climate Launchpad. Em Novembro passado na Estónia foi um dos 10 projectos seleccionados para a grande final do Ideas From Europe que será disputada na Holanda, em Abril.
Agenda
Prémio Inov.Ação Valorpneu
O pneu como parque infantil
Vanda Costa é educadora de infância e formadora de jovens adultos há 21 anos e lecciona numa escola em Vila do Conde. Sílvia Costa, economista, funcionária da Algar em Faro, há cerca de dez anos. Encontraram-se no workshop do Prémio Inov.ação Valorpneu que se realizou em Aveiro a 28 de Novembro e rapidamente encontraram pontos comuns nos seus projectos que se candidatam na área Comunidade e Educação.
O projecto de Vanda Costa utiliza o pneu nos materiais e nas actividades lúdicas e pedagógicas para sensibilização e a formação nos conceitos ambientais de jovens e adultos. "O pneu surgiu para alargar o conceito de educação ambiental que é trabalhada nas escolas com o papel, as embalagens" refere. A experiência piloto pretende iniciar-se com alunos do pré-escolar e ensino básico baseados num agrupamento escolar, incluindo as respectivas famílias.
Preço dos terrenos dificulta
Sílvia Costa começou a pensar em montar um espaço para festas infantis utilizando pneus. Fez várias pesquisas e mudou o seu conceito. Percebeu que o pneu poderia ser a base para as actividades lúdicas como gincanas, escorregas, paredes de escalada e peças como pufes, bancos, vasos, mesas, cadeiras. Hoje pensa num espaço aberto a crianças e adolescentes, ao ar livre, com festas infantis, workshops e formação em educação ambiental.
Uma das principais dificuldades do projecto é encontrar um terreno urbano num local que seja comercialmente relevante e não muito dispendioso, "o que está a ser difícil devido aos preços elevados do imobiliário no Algarve" confessa Sílvia Costa.