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Sonangol tem de ser parceira e não obstáculo

A petrolífera Sonangol deve utilizar o seu peso na economia angolana para colaborar com outras empresas do sector e afirmar-se enquanto parceiro para investimentos. A empresa estatal tem de promover a criatividade no sector do petróleo.

23 de Novembro de 2018 às 16:31
Simon Dawson/Bloomberg
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Com o "Programa Regeneração" - através do qual a petrolífera estatal Sonangol pretende alienar activos não core e privatizar parcialmente o próprio capital da estatal - em curso, é importante que a empresa actualmente liderada por Carlos Saturnino se afirme como parceira de outras companhias que operam no mesmo sector em Angola.

"A Sonangol tinha tudo para ser parceira de excelência dos investidores estrangeiros, mas torna-se obstáculo constante e diário porque aquilo que exige aos investidores é impossível", critica Filipa Vilhena Santos, responsável de compliance e gestora de operações para o mercado africano da TechnipFMC.

Na opinião desta especialista em assuntos relacionados com petróleo, persiste uma grande indefinição acerca do futuro do sector, o que demove e dificulta que outras empresas invistam. Filipa Vilhena Santos explica que, nesta fase, "as empresas petrolíferas não têm qualquer tipo de confiança ou expectativa daquilo que vai existir". Ou seja, desconhecem como é que a Sonangol se vai posicionar daqui em diante, não sabem em que moldes será criada uma agência para o sector ou sequer os objectivos do próprio governo. E o problema das divisas também se faz sentir.

A Sonangol tinha tudo para ser parceira de excelência dos investidores estrangeiros, mas torna-se um obstáculo constante e diário porque aquilo que exige aos investidores é impossível. Filipa Vilhena Santos
Compliance officer e Legal Operations Manager África do Grupo TechnipFMC

"No ano passado investimos 50 milhões de dólares, em dinheiro, na fábrica que temos no Lobito porque queríamos começar a exportar para outros países de África. Parte desse dinheiro é para pagar a fornecedores que estão fora e, hoje em dia, mesmo com dólares nas nossas contas bancárias, não conseguimos fazer pagamentos no exterior nem sequer vender o nosso produto fora de África porque não sabemos quando conseguiremos exportar esse produto."

Filipa Vilhena Santos faz uma avaliação negativa da realidade deste sector, pese embora alguns sinais aparentemente positivos. "Não há clareza nem estratégia para o futuro. Há pequenos passos que estão a ser implementados, mas não há uma estratégia de médio e longo prazo. Assim é muito complicado para as empresas se organizarem e continuarem a investir em Angola."

E enquanto grandes petrolíferas como a Total ou a Eni encontraram um balão de oxigénio com as mudanças em curso, "para prestadoras de serviços como a TechnipFMC não se verificam grandes mudanças, pelo contrário".

Sem soluções milagrosas, Vilhena sustenta que "Angola precisa de dinamismo e criatividade no sector do petróleo".