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"O sistema de saúde necessita uma reforma profunda. Não é a necessidade de cobertura e acesso universal que está em causa, mas antes o modo como os cuidados são prestados e o modelo de governação", refere José Fragata, vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa, cirurgião cardiotorácico e diretor de serviço no Hospital de Santa Marta.
O professor de cirurgia da Nova Medical School, defende que até agora o sistema de saúde tem "prestado cuidados de saúde remunerados por ato mas não por resultado, temos atendido menos aos resultados percecionados pelos doentes e mais ao resultado dos exames que controlam o efeito dos tratamentos. Em suma, temo-nos centrado mais na doença e menos no doente. Por outro lado, importa saber quanto custa um doente tratado, não o valor de cada ato, mas o que despendemos para devolver um doente à vida normal possível".
Promoção de qualidade
Para José Fragata a mudança de foco é fundamental dada "a espiral de custos na Saúde, a taxa de desperdício de 20 %, a insatisfação generalizada", a que acrescem variáveis como o envelhecimento da população, a prevalência das doenças crónicas, o crescimento e o custo da inovação, que colocam "uma pressão enorme no sistema de saúde".
Na sua opinião, é necessária "uma mudança que coloque o doente no centro, que exija previsibilidade nos resultados, que promova a qualidade ao preço mais acessível (seja para o Estado, seja para o cidadão) e que permita identificar entre as múltiplas opções terapêuticas quais as mais custo-efetivas. Não é uma batalha pela redução de custos, mas sim pela promoção da qualidade, qualidade que faça sentido e marque a diferença para os doentes".
O Value Based Healthcare pode ser uma resposta e um contributo para a reforma e a eficiência dos sistemas de saúde. "Permite benchmarking para diversas modalidades de diagnóstico e de terapêutica, permite comparar em termos de custo e de qualidade mantida. Não compara técnicas, mas antes os resultados a distância, que cada uma permite obter. É crucial saber os resultados, ou outcomes, na Saúde, pois só assim poderemos melhorar, corrigir trajetórias e promover a qualidade. A maior parte das vezes, a melhor qualidade obtém-se ao menor custo...", refere José Fragata.
Adianta que, por exemplo, que "no quadro da dispendiosa doença crónica é fundamental saber quais os tratamentos mais eficientes e quais os com maior impacto e satisfação para os doentes. Isso facilitará a que os cuidados cheguem a um maior número possível de cidadãos e com a melhor qualidade".
A garantia de uma operação
Os principais obstáculos e as principais vantagens de um sistema de saúde baseado em valor e medição de resultados para o paciente (Value Based Health-care) estão nas mudanças, sobretudo culturais, que são exigidas. "Temos um sistema de saúde centrado nos silos das especialidades e menos no circuito das doenças. Por exemplo, um doente cardiovascular irá à cardiologia, à cirurgia cardíaca, à cirurgia vascular..., quando devia ser tratado num "pathway" integrado, por outro lado, todos, médicos, enfermeiros e gestores pensamos ao ato, mas não no doente final tratado após uma série integrada de tratamentos, e atendendo à perceção do doente sobre o impacto desses tratamentos", explica José Fragata.
Por outro lado, são necessários "meios poderosos, de pessoal e de informatização, para esta "revolução" - imagine-se que queremos passar a seguir um doente operado durante um, cinco, ou mesmo 10 anos, e que o queremos fazer para todos os doentes com aquela doença... Precisamos mudar os circuitos clínicos, a gestão, precisamos de staff a seguir esses doentes e, precisamos de ciência e meios computacionais. É uma mudança radical, mas que tem que ser encetada", afirma José Fragata.
"Costumo perguntar, se a garantia de um automóvel é de 5 anos, qual será a garantia (previsível) de uma operação?. Quando responder a esta pergunta, escolherei a operação com maior garantia e a que custe menos, ou seja a de maior valor", conclui.
O professor de cirurgia da Nova Medical School, defende que até agora o sistema de saúde tem "prestado cuidados de saúde remunerados por ato mas não por resultado, temos atendido menos aos resultados percecionados pelos doentes e mais ao resultado dos exames que controlam o efeito dos tratamentos. Em suma, temo-nos centrado mais na doença e menos no doente. Por outro lado, importa saber quanto custa um doente tratado, não o valor de cada ato, mas o que despendemos para devolver um doente à vida normal possível".
Promoção de qualidade
Para José Fragata a mudança de foco é fundamental dada "a espiral de custos na Saúde, a taxa de desperdício de 20 %, a insatisfação generalizada", a que acrescem variáveis como o envelhecimento da população, a prevalência das doenças crónicas, o crescimento e o custo da inovação, que colocam "uma pressão enorme no sistema de saúde".
Na sua opinião, é necessária "uma mudança que coloque o doente no centro, que exija previsibilidade nos resultados, que promova a qualidade ao preço mais acessível (seja para o Estado, seja para o cidadão) e que permita identificar entre as múltiplas opções terapêuticas quais as mais custo-efetivas. Não é uma batalha pela redução de custos, mas sim pela promoção da qualidade, qualidade que faça sentido e marque a diferença para os doentes".
O Value Based Healthcare pode ser uma resposta e um contributo para a reforma e a eficiência dos sistemas de saúde. "Permite benchmarking para diversas modalidades de diagnóstico e de terapêutica, permite comparar em termos de custo e de qualidade mantida. Não compara técnicas, mas antes os resultados a distância, que cada uma permite obter. É crucial saber os resultados, ou outcomes, na Saúde, pois só assim poderemos melhorar, corrigir trajetórias e promover a qualidade. A maior parte das vezes, a melhor qualidade obtém-se ao menor custo...", refere José Fragata.
Adianta que, por exemplo, que "no quadro da dispendiosa doença crónica é fundamental saber quais os tratamentos mais eficientes e quais os com maior impacto e satisfação para os doentes. Isso facilitará a que os cuidados cheguem a um maior número possível de cidadãos e com a melhor qualidade".
A garantia de uma operação
Os principais obstáculos e as principais vantagens de um sistema de saúde baseado em valor e medição de resultados para o paciente (Value Based Health-care) estão nas mudanças, sobretudo culturais, que são exigidas. "Temos um sistema de saúde centrado nos silos das especialidades e menos no circuito das doenças. Por exemplo, um doente cardiovascular irá à cardiologia, à cirurgia cardíaca, à cirurgia vascular..., quando devia ser tratado num "pathway" integrado, por outro lado, todos, médicos, enfermeiros e gestores pensamos ao ato, mas não no doente final tratado após uma série integrada de tratamentos, e atendendo à perceção do doente sobre o impacto desses tratamentos", explica José Fragata.
Por outro lado, são necessários "meios poderosos, de pessoal e de informatização, para esta "revolução" - imagine-se que queremos passar a seguir um doente operado durante um, cinco, ou mesmo 10 anos, e que o queremos fazer para todos os doentes com aquela doença... Precisamos mudar os circuitos clínicos, a gestão, precisamos de staff a seguir esses doentes e, precisamos de ciência e meios computacionais. É uma mudança radical, mas que tem que ser encetada", afirma José Fragata.
"Costumo perguntar, se a garantia de um automóvel é de 5 anos, qual será a garantia (previsível) de uma operação?. Quando responder a esta pergunta, escolherei a operação com maior garantia e a que custe menos, ou seja a de maior valor", conclui.