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A Caetano Bus prepara-se para apresentar um autocarro movido a hidrogénio, um protótipo que resulta de uma parceira com a Toyota, e para o qual já tem encomendas para 2020 mas a questão que se colocava era quem é que financiava estes riscos, perguntava Carlos Rodrigues, diretor industrial da Caetano Bus.
"A política de riscos dos bancos europeus mudou radicalmente por causa da regulação", começou por afirmar Luís Castro e Almeida, CEO do BBVA. "De qualquer modo o BBVA tem uma linha de 100 mil milhões para financiar projetos de sustentabilidade", informou, para concluir, com ironia, que face às políticas de gestão do risco: "se aparecesse com uma boa ideia no banco era complicado, mas se for para a sustentabilidade está safo".
Da banca para os seguros de crédito, nomeadamente os de garantia de Estado, no primeiro workshop das Exportadoras Outstanding, promovido pelo Forum para a Competitividade na Porto Business School no passado dia 8 de Maio. "O seguro de crédito com garantia de Estado é a política pública de apoio às exportações mais importante, até porque pode ser utilizada sem qualquer restrição", referiu Celeste Hagatong, presidente da Cosec.
Sublinhou ainda a criação recente de seguros de caução com garantia de Estado para as empresas de construção para adiantamentos e boa execução e de um seguro de crédito a longo prazo, com 100 milhões, "que é fundamental para a indústria metalomecânica vender os seus equipamentos".
Há 50 anos a Cosec nasceu como agência de crédito para a exportação para conceder seguros de crédito de apoio público quando se trata de um país para o qual nenhuma seguradora faz um seguro de crédito por razões de atrasos de pagamentos ou outros motivos, que aumentam o risco-país, e abrange cerca de 80 países. "Este instrumento tem sido fundamental para as relações comerciais entre Portugal e Angola, Moçambique, Cabo Verde e Timor. Tem servido também para as empresas de construção se expandirem para outros países africanos", disse Celeste Hagatong,
Referiu que, por exemplo, "a linha para Angola é de 1,5 mil milhões de euros, é revolving, e já existe há dez anos. Não tem havido dificuldades da banca financiar estes projetos que são em média de oito anos e nunca houve problemas para os bancos". Eurico Brilhante Dias concedeu que o Estado ainda ganha dinheiro com estes seguros com garantia.
Pacífico e digital
"O eixo do crescimento económico vai ser a Ásia-Pacífico, por isso as empresas não podem ficar nos mercados tradicionais mas tem estar em mercados onde vai haver mais riqueza, negócios e consumo. Os empresários têm de ter mais vontade de risco", salientou Luís Castro e Almeida.
Disse ainda que com a revolução digital, "o banco tem capacidade de apoiar as empresas em qualquer país, tendo ou não presença física, pois tem vários instrumentos digitais e globais".
Aproveitou para salientar que o índice de digitalização do comércio eletrónico das empresas portuguesas é muito baixo. "Cerca de 75% dos sites das empresas portuguesas não têm comércio eletrónico, quando é uma forma de quebrar barreiras e poder vender em qualquer país". Deu o exemplo da mexicana CEMEX que começou a vender cimento pela internet, que já tem um peso no seu negócio no México e "só tem de se preocupar com a logística e não com um aparelho comercial físico de lojas e armazéns".
Paulo Oliveira e Silva, diretor central da direção de banca de grandes empresas e institucional da Caixa Geral de Depósitos, disse que "as empresas para crescer têm de fazer a internacionalização, tanto pela exportação como pela presença industrial, comercial. Mas há riscos muito variados que podem ser mitigados por produtos bancários ou de seguros".
Deu como exemplo a vantagem de ser ter o cash-flow e a dívida na mesma moeda, e recordou casos de empresas em Angola que tinham grandes volumes de cash-flows na moeda angolana e dívida em euros. A situação financeira era boa, mas, com a crise em Angola não conseguiram solver os seus compromissos em Portugal.
Referiu ainda que as empresas devem fazer uma diversificação de clientes, países e espaços geográficos, para terem uma maior resiliência. Celeste Hagatong aduziu que a "diversificação de mercados é crucial" e que há várias empresas que são pequenas e que só exportam para um país e que 10% das empresas valem 20% das nossas exportações.