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Rui Marques: “Transformação digital em duas semanas”

A covid-19 foi a grande responsável por esta transição digital. Rui Marques garante que a atual produtividade do teletrabalho vai levar as empresas a repensarem o “modus operandi”.

22 de Abril de 2020 às 14:30
Rui Marques, CEO da GoContact, uma nativa digital
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"Com o teletrabalho estamos a assistir a uma maior produtividade na maior parte das áreas e, quando a pandemia terminar, toda a gente vai refletir sobre o "modus operandi" atual. Em Portugal e Espanha, os hábitos no trabalho não são os mais produtivos, por isso o teletrabalho tem trazido índices de produtividade maiores", considera Rui Marques, CEO da GoContact, no painel "Empresas em Mudança" da webconference Liderança à Prova.

A Claranet está a definir os planos para o regresso ao que chama o "novo normal", e que passa por garantir aos colaboradores dos três escritórios em Portugal mais segurança com equipamentos de proteção individual, medidas de distanciamento social no próprio escritório, "mas não estamos a planear um regresso a níveis que tínhamos anteriormente", diz António Miguel Ferreira, presidente e managing diretor da Claranet.

António Miguel Ferreira, managing diretor da Claranet
António Miguel Ferreira, managing diretor da Claranet

"Hoje temos 90% dos colaboradores em teletrabalho, habitualmente estavam cerca de 10% em teletrabalho, e todos os anos fazíamos testes para colocar 50 a 60% das pessoas em teletrabalho, e o novo normal será ter entre 30 e 40% das pessoas em teletrabalho", antevê António Miguel Ferreira.

CEO, CTO ou covid-19

Este gestor diz há uma aceleração muito forte da transformação digital e que as empresas foram obrigadas a fazer em duas semanas o que deveriam ter feito em dois anos. "Uma das piadas que corre pergunta quem foi o responsável por esta transição digital das empresas, se foi o CEO, CTO ou a covid-19. Neste caso foi a covid-19 a dar um grande impulso à transição digital", sublinha.

Há empresas que estavam muito bem preparadas para esta situação de trabalho remoto com os seus colaboradores equipados com portáteis, ferramentas colaborativas e de videoconferência. Mas havia muitas empresas que, mesmo tendo os meios, ainda dependem muito da "informática tradicional". "Mesmo no digital, estão agarradas culturalmente a uma forma de gerir as suas tecnologias de informação que não é compatível com a flexibilidade e a agilidade que uma crise deste tipo necessita", afirmou António Miguel Ferreira.

A GoContact é uma nativa digital, é especializada em soluções integradas de contact center, produtos web based e desenvolvidos de raiz para funcionamento em cloud. A empresa nasceu há cinco anos e desde o início que utiliza o teletrabalho. "A nossa preocupação foi assegurar a segurança dos colaboradores. Como empresa ibérica que somos colocamos as pessoas em teletrabalho em 24 horas", referiu Rui Marques.

Braço das empresas

Depois deu atenção aos clientes para que conseguissem assegurar a continuidade do seu negócio e do atendimento aos seus clientes finais, porque, como diz, "os contact centers são um braço do customer service das empresas".

"Em dez dias tínhamos mais de 90% dos nossos clientes e dos agentes dos nossos clientes a trabalhar remotamente. Muitos deles ficaram sem atendimento presencial, o que tornou o atendimento online mais preponderante para minimizar as perdas." Nesta ação beneficiou do facto de a solução ser cloud, o que lhe deu flexibilidade para migrar para teletrabalho e tornar todo o negócio totalmente digital desde a implementação à formação.

António Miguel Ferreira sublinhou que os riscos de cibersegurança estão relacionados com a atividade online. Houve um crescimento significativo desta atividade de cibercrime porque há muitas empresas a adaptarem os seus negócios a modelos mais digitais e as pessoas a terem mais atividades nos media sociais. "A segurança online tem estado no topo na agenda dos CEO, mas, sobretudo nas médias empresas, tem sido uma questão adiada e com pouca preponderância nos orçamentos de TI", refere o gestor da Claranet.

A transformação digital das empresas vai colocar uma pressão ainda maior sobre o emprego tecnológico, referiu Rui Marques. "O que é mais uma dificuldade para uma start-up como a GoContact em encontrar recursos, quando temos as grandes multinacionais em Portugal a fazer contratações em massa de recursos nesta área". "Essa pressão não se sente agora, mas o aumento do desemprego não será no setor tecnológico, porque se vai investir muito no digital em termos de cloud e de serviços", concorda António Miguel Ferreira.