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A avaliação de Outcomes em Oftalmologia é um projecto pioneiro para a criação de conhecimento e de avaliação de resultados na área da oftalmologia, segundo Joaquim Murta, director do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e coordenador científico do projecto.
"É um projecto disruptivo que vai começar, em 2018, pelas cataratas para se determinar os principais outcomes, resultados", diz o professor universitário. Refere que "é uma atitude de grande coragem que hospitais públicos e privados participem numa iniciativa que vai permitir saber quem faz melhor e pode vir a dar aos doentes, aos sistemas privados de saúde, às seguradoras, possibilidades de escolha". Mas para Joaquim Murta, "também vai ser útil para os que ficarem em pior posição evoluírem e mudarem as suas práticas". Acrescenta que "esta avaliação da qualidade de serviço não é competição, mas é uma forma de através do conhecimento se melhorar o sistema".
A utilização das metodologias do ICHOM (International Consortium for Health Outcomes Measurement) vai permitir "envolver o doente no sistema de saúde pois vai ser ele a dizer qual foi o resultado de uma intervenção médica e cirúrgica em termos da sua qualidade de vida". Em oftalmologia, para as cataratas, obtêm-se resultados em cerca de três a seis meses e o doente tem a percepção da sua visão, se está a ver melhor, se continua a fazer a sua vida normal, se causou absentismo.
No projecto está-se a estruturar um comité de ética que vai acompanhar todo o processo de inquérito e de trabalho de campo, a criação de uma plataforma de comunicação entre o ICHOM e os hospitais que participam no projecto. Esta fase do projecto custará cerca de 100 mil euros, grande parte financiada pela indústria farmacêutica, mas também com fundos públicos.
No final de 2018, inicia-se um processo semelhante para a área da degenerescência macular. Esta tem um tratamento muito exigente, com muitas injecções e em que os hospitais não têm capacidade logística para fazer uma boa gestão dos tratamentos. Os resultados para os doentes constatam-se no facto de se estes mantiveram a visão, se conseguem ler ou continuar a conduzir.
Para Joaquim Murta, o Value Based Healthcare "vai revolucionar a medicina porque coloca o doente no processo", acrescentando que os critérios de volume vão perder importância substituídos por indicadores com várias valências, nomeadamente as repercussões na qualidade de vida do doente.
Matosinhos pioneiro
"Quem está a falar de VBH (Value Based Healthcare) está a falar de uma ferramenta que através de um conjunto padronizado de indicadores (cirurgias, actos médicos, etc.) avalia e compara se aqueles tratamentos e cirurgias resultaram para aquele doente", refere Victor Herdeiro, que está na ULSM (Unidade Local de Saúde de Matosinhos) desde 2008, primeiro como administrador e a partir de 2011 como presidente, e é da mesma opinião. Considera que "temos um modelo, até de financiamento, muito baseado em consumo de cuidados de saúde e talvez nos tenhamos de preocupar mais com a qualidade dos actos e menos com a quantidade".
A ULSM foi criada em 1999 e é constituída pelas seguintes unidades de prestação de cuidados: Agrupamento de Centros de Saúde de Matosinhos, Hospital Pedro Hispano e Unidade de Média Duração e Reabilitação, que têm intervenção nas áreas dos cuidados de saúde primários, cuidados hospitalares e cuidados continuados, e os cuidados paliativos são intra e extra hospitalares.
Nos seus objectivos esteve sempre a integração das várias valências. Para Victor Herdeiro, a integração das áreas logísticas fez-se, mas o impacto mais significativo teve que ver com "a integração clínica realizada a pensar no doente".
"O nosso objectivo é fornecer um ciclo completo de cuidados, um continuum de cuidados." E neste processo, "devemos organizar o ciclo completo de cuidados, que deve ser organizado em função das necessidades dos nossos utentes, ou seja, não deve ser o doente que tem de se adaptar ao sistema de saúde". Por isso, cada vez mais com abordagens multidisciplinares e menos em função das especialidades médicas. Como refere o líder da ULSM, "implica ouvir tanto sobre os cuidados médicos e terapêuticos como sobre a organização". Como referiu nos inquéritos de satisfação, 90% dos utentes inquiridos indicariam os serviços de saúde da ULSM a um familiar ou amigo.
Na internalização destes meios complementares de diagnóstico e terapêutica, a ULSM foi pioneira, como na realização de espirometrias nos centros de saúde, implementando uma rede que funciona em articulação com o Hospital Pedro Hispano. A aposta na prevenção primária e secundária da doença passa também pela doença mental, a dermatologia ou na detecção precoce e tratamento do cancro de mama.
As principais dificuldades e desafios estão ligados à autonomia do projecto, à sustentabilidade financeira e a desafios como as questões relacionadas com os doentes complexos crónicos. "A nossa visão é de excelência na prestação dos cuidados de saúde e constituiu-se como uma referência para o sector", sublinhou Victor Herdeiro.
"É um projecto disruptivo que vai começar, em 2018, pelas cataratas para se determinar os principais outcomes, resultados", diz o professor universitário. Refere que "é uma atitude de grande coragem que hospitais públicos e privados participem numa iniciativa que vai permitir saber quem faz melhor e pode vir a dar aos doentes, aos sistemas privados de saúde, às seguradoras, possibilidades de escolha". Mas para Joaquim Murta, "também vai ser útil para os que ficarem em pior posição evoluírem e mudarem as suas práticas". Acrescenta que "esta avaliação da qualidade de serviço não é competição, mas é uma forma de através do conhecimento se melhorar o sistema".
A utilização das metodologias do ICHOM (International Consortium for Health Outcomes Measurement) vai permitir "envolver o doente no sistema de saúde pois vai ser ele a dizer qual foi o resultado de uma intervenção médica e cirúrgica em termos da sua qualidade de vida". Em oftalmologia, para as cataratas, obtêm-se resultados em cerca de três a seis meses e o doente tem a percepção da sua visão, se está a ver melhor, se continua a fazer a sua vida normal, se causou absentismo.
No projecto está-se a estruturar um comité de ética que vai acompanhar todo o processo de inquérito e de trabalho de campo, a criação de uma plataforma de comunicação entre o ICHOM e os hospitais que participam no projecto. Esta fase do projecto custará cerca de 100 mil euros, grande parte financiada pela indústria farmacêutica, mas também com fundos públicos.
No final de 2018, inicia-se um processo semelhante para a área da degenerescência macular. Esta tem um tratamento muito exigente, com muitas injecções e em que os hospitais não têm capacidade logística para fazer uma boa gestão dos tratamentos. Os resultados para os doentes constatam-se no facto de se estes mantiveram a visão, se conseguem ler ou continuar a conduzir.
Para Joaquim Murta, o Value Based Healthcare "vai revolucionar a medicina porque coloca o doente no processo", acrescentando que os critérios de volume vão perder importância substituídos por indicadores com várias valências, nomeadamente as repercussões na qualidade de vida do doente.
Matosinhos pioneiro
"Quem está a falar de VBH (Value Based Healthcare) está a falar de uma ferramenta que através de um conjunto padronizado de indicadores (cirurgias, actos médicos, etc.) avalia e compara se aqueles tratamentos e cirurgias resultaram para aquele doente", refere Victor Herdeiro, que está na ULSM (Unidade Local de Saúde de Matosinhos) desde 2008, primeiro como administrador e a partir de 2011 como presidente, e é da mesma opinião. Considera que "temos um modelo, até de financiamento, muito baseado em consumo de cuidados de saúde e talvez nos tenhamos de preocupar mais com a qualidade dos actos e menos com a quantidade".
A ULSM foi criada em 1999 e é constituída pelas seguintes unidades de prestação de cuidados: Agrupamento de Centros de Saúde de Matosinhos, Hospital Pedro Hispano e Unidade de Média Duração e Reabilitação, que têm intervenção nas áreas dos cuidados de saúde primários, cuidados hospitalares e cuidados continuados, e os cuidados paliativos são intra e extra hospitalares.
Nos seus objectivos esteve sempre a integração das várias valências. Para Victor Herdeiro, a integração das áreas logísticas fez-se, mas o impacto mais significativo teve que ver com "a integração clínica realizada a pensar no doente".
"O nosso objectivo é fornecer um ciclo completo de cuidados, um continuum de cuidados." E neste processo, "devemos organizar o ciclo completo de cuidados, que deve ser organizado em função das necessidades dos nossos utentes, ou seja, não deve ser o doente que tem de se adaptar ao sistema de saúde". Por isso, cada vez mais com abordagens multidisciplinares e menos em função das especialidades médicas. Como refere o líder da ULSM, "implica ouvir tanto sobre os cuidados médicos e terapêuticos como sobre a organização". Como referiu nos inquéritos de satisfação, 90% dos utentes inquiridos indicariam os serviços de saúde da ULSM a um familiar ou amigo.
Na internalização destes meios complementares de diagnóstico e terapêutica, a ULSM foi pioneira, como na realização de espirometrias nos centros de saúde, implementando uma rede que funciona em articulação com o Hospital Pedro Hispano. A aposta na prevenção primária e secundária da doença passa também pela doença mental, a dermatologia ou na detecção precoce e tratamento do cancro de mama.
As principais dificuldades e desafios estão ligados à autonomia do projecto, à sustentabilidade financeira e a desafios como as questões relacionadas com os doentes complexos crónicos. "A nossa visão é de excelência na prestação dos cuidados de saúde e constituiu-se como uma referência para o sector", sublinhou Victor Herdeiro.