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Regulamento de dados reforça confiança na banca

O RGPD exige um maior cuidado e ponderação quando se está a fazer inovação. Pode dificultar na recolha de dados, mas gera maior confiança a quem os está a dar. A banca reclama, aliás, mais uma vez simetria nestas medidas com outros setores e geografias.

12 de Julho de 2019 às 15:00
Nuno Sousa, da Claranet, defende que, com o consentimento na obtenção dos dados, se reforça a confiança no banco. Mariline Alves
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"Um consultor pergunta a outro ‘conheces alguém que saiba muito de RGPD?’ Conheço. ‘Podes-me dar o número?’ Não", contou Paulo Figueiredo, administrador do Banco BIG para ilustrar como, por vezes, se vê o RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados) como um obstáculo. Na sua opinião este regulamento tem como "principal objetivo defender o consumidor e o cidadão e, ao mesmo tempo, monetizar a informação. É o dono da informação. Pode transmiti-la para quem quiser e, portanto, os bancos podem fazer ofertas pelos seus dados, mas sempre controlado pelo consumidor final".

Para Paulo Figueiredo, "se o Facebook obedecesse ao RGPD, provavelmente, não teria tido os problemas que teve. Nos próprios Estados Unidos já se discute a proteção da privacidade em termos próximos dos do RGPD".

Luís Melo, diretor de Sistemas de Informação do Montepio, considera que "o RGPD facilita porque quando estamos a solicitar os dados ao cliente, sabe como é que vão ser usados e tratados, e sabe que é o dono daquela informação e sente outra segurança ao entregar a informação. Até porque tem a possibilidade de a apagar se assim o entender".

Face ao que os "bancos estavam habituados a fazer, de troca de informação ou utilização da informação para outros fins como as campanhas de marketing dificulta". Mas, conclui Luís Melo, que, com o tempo decorrido sob o âmbito do RGPD, "hoje tenho outros processos a montante para solicitar essa autorização por parte do cliente, e, do ponto de vista da cedência da informação, facilita. É, portanto, um facilitador de inovação".

Mais criatividade

"Os bancos têm feito um caminho para uma maior transparência, utilização mais responsável dos dados dos clientes, que depois vai cimentar a confiança, que é fundamental para a relação com cliente que é ‘core’ do negócio bancário", reforça Maria José Campos, administradora do Millennium bcp.

Não vê o RGPD como "um impedimento à inovação", mas sublinha que "é mais difícil no espaço digital explicar ao cliente por que é que estamos a pedir consentimento para usar um determinado tipo de informação e para lhe mostrar, de uma forma óbvia, o valor que lhe podemos dar pela captura dessa informação. Era mais fácil de fazer no espaço físico, mas é o que está a puxar pela nossa criatividade".

Por sua vez Nuno Sousa, "vertical lead financial services" da Claranet, chamou a atenção que "o consentimento reforça a confiança no próprio banco e também existe uma maior entrega de informação num jogo de partilha de informação. Até ao RGPD não se sabia com quem era partilhada a informação". Por outro lado, "o RGPD trouxe um reforço da segurança. Há mais consciência de proteção de dados, e é um dos pontos que vejo não só nas entidades bancárias como em outras organizações".