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Programa de aceleração dinâmica quer inovar portos atlânticos da Europa

O projeto AspBAN tem 147 desafios prontos a serem abraçados por 30 start-ups para acelerarem a mudança para uma economia oceânica mais sustentável. O projeto estima captar 6 milhões de euros de investimento privado direto e um potencial de 4,5 mil milhões de euros de investimento para as start-ups.

15 de Fevereiro de 2022 às 14:00
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O projeto ‘Atlantic Smart Ports Blue Acceleration Network’, AspBAN, coordenado pela consultora Beta-i em coliderança com o Fórum Oceano, está a implementar um programa de aceleração dinâmica para desenvolver a economia azul, transformando os portos atlânticos da União Europeia em hubs de inovação para o desenvolvimento de novos negócios azuis, ao mesmo tempo que absorvem as oportunidades de investimento que existem para a mudança para uma economia oceânica mais sustentável.

O AspBAN é um projeto cofinanciado pelo Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas da Comissão Europeia, que responde aos objetivos do Plano de Ação para o Atlântico 2.0 do Grupo de Estratégia do Atlântico. "Queremos contribuir para o reposicionamento do papel dos portos e dos seus modelos de negócio e para uma descarbonização mais sustentável em termos económicos. Como tal, as áreas que pretendemos impulsionar são todas aquelas que levam à descarbonização, digitalização e circularidade dos portos e dos setores da economia azul que operam neste contexto. No projeto AspBAN, seja em que área for, a pergunta que fazemos é sempre: este serviço, produto, solução é mais sustentável, eficiente e rentável do que a que existe e é implementada atualmente?", assinala Pedro Rocha Vieira, CEO Global da Beta-i.


O projeto baseia-se no estabelecimento de uma parceria entre os portos atlânticos da União Europeia para o desenvolvimento de um esquema acelerador que estimule negócios inovadores com vista a uma economia azul sustentável. Da rede de parceiros estratégicos fazem 46 portos e cinco associações portuárias. Tendo em conta a representação formal destas entidades, o AspBAN explora uma potencial rede de 391 portos. Com a implementação do AspBAN, estima-se que haja uma redução de 100.000 toneladas de emissões de CO2 nas operações dos portos decorrentes dos projetos a serem implementados.

Desafios lançados às start-ups

Assim, no âmbito deste projeto colaborativo, está a ser criado um esquema piloto de aceleração para a criação de uma pool de 30 start-ups que contribuirão para a transformação desta rede de portos do consórcio. Neste sentido, estão a ser desenvolvidos dois programas de inovação: os Serviços de Inovação e o programa Inovação Aberta. "Os Serviços de Aceleração é um programa totalmente adaptado às necessidades das startups, com o objetivo de conectá-las a outras start-ups, scale-ups, PME, portos, e investidores, num mergulho profundo e imersivo no ecossistema europeu de inovação azul. Serão 5 meses repletos de workshops, baseados tanto na aceleração dos seus negócios quanto nas suas colaborações dentro da área da economia azul, complementados por sessões de mentoria com especialistas e benefícios adicionais. Como startup selecionada, são também convidados a apresentar a sua solução/produto aos investidores e à comunidade de Portos (pitch)", explica o CEO.

Quanto ao programa Inovação Aberta, o objetivo é estabelecer projetos-piloto concretos entre portos e start-ups para aumentar as hipóteses de desenvolver produtos/soluções inovadoras que respondam efetivamente às necessidades, desafios e prioridades dos portos. "Isso levará ao desenvolvimento de um ecossistema de economia azul em torno dos centros de inovação azul centrados nos portos. As start-ups terão acesso a todo o ecossistema que o AspBAN está a criar à volta da comunidade dos portos e às diferentes fases do programa (pitch, bootcamp, fase de desenvolvimento do piloto, etc.). No final do programa haverá um dia de demonstração onde iremos apresentar casos de estudo de pilotos bem-sucedidos e vinculá-los a fontes potenciais de financiamento e investimento para permitir o desenvolvimento e a replicação do piloto", explica Pedro Rocha Vieira.

50%
dos desafios dos portos na economia azul estão relacionados com a neutralidade carbónica.
32%
com a gestão do espaço marítimo.
8%
com o investimento na natureza e biodiversidade.

O programa Inovação Aberta onde irá decorrer o desenvolvimento dos pilotos ainda não começou. Porém, Rocha Vieira destaca que "já temos 147 desafios de inovação concretos de 33 portos de Portugal, Espanha, França, Irlanda, Noruega, Rússia, Finlândia, Canadá, Colômbia e Mauritânia. Este lote de desafios está a ser agrupado para criar os 10 streams para o programa de aceleração de start-ups. Cerca de 50% dos desafios dos portos na economia azul estão relacionados com a neutralidade carbónica, 32% com a gestão do espaço marítimo e 8% com o investimento na natureza e biodiversidade. Estas são as prioridades azuis dos portos para inovarem com sustentabilidade". As candidaturas a este programa estarão abertas de 1 de março a 30 de abril.

Potencial de captação de investimento

O projeto estima captar 6 milhões de euros de investimento privado direto e perspetiva um potencial de 4,5 mil milhões de euros de investimento privado para as start-ups. A captação desse investimento será feita através de colaborações e sinergias entre o AspBAN e outros mecanismos e fundos de investimento, tais como o BlueInvest, Banco Europeu de Investimento, entre outros.



Com a implementação do AspBAN, estima-se que haja uma redução de 100.000 toneladas de emissões de CO2 nas operações dos portos decorrentes dos projetos a serem implementados.



Rocha Vieira explica que serão três as vertentes de financiamento: "Investimento direto para as start-ups, através da rede de fundos de capital de risco e da investment platform que está a ser criada, e da relação com o European Investment Fund e a rede da Network of Ocean Ambassadors Headquarters, World Ocean Council e Ocean Assets Institute. Também financiamento para pilotos de inovação através de financiamento privado e da rede do AspBAN de grandes fundos, onde se destaca o Dubai World Ports Fund que tem um valor de mais de 6 mil milhões de euros sob gestão. E pela mobilização de investimento regional e europeu, através da influência de novas calls e políticas, alavancando a rede da CPMare e da própria DG Mare".

Para a organização, a abordagem do AspBAN garante uma maior participação dos portos envolvidos no esquema de aceleração para uma economia azul sustentável. Pedro Rocha Vieira refere que "todos terão o mesmo status dentro do projeto, em vez de ter um número limitado de portos, que, por sua vez, iria limitar o âmbito geográfico e técnico. Esta abordagem também disponibilizará, desde o início, uma alta massa crítica, escala e diversidade para atrair investidores privados. De facto, esta abordagem do AspBAN já mobilizou o apoio de aproximadamente 20 fundos e entidades financeiras que participam ativamente no projeto. O AspBAN alavancará as diferentes partes interessadas do ecossistema (portos, aceleradores e clusters azuis, empresas e indústria, finanças e fundos privados e entidades políticas e públicas), estruturando-os, conectando-os, e trazendo investidores privados. Isso resultará num pool final de 30 produtos/soluções inovadoras de start-ups a serem desenvolvidas como pilotos em 30 portos, atraindo 6M€ em investimento privado direto para essas soluções/produtos, mobilizando 4,5 mil milhões de euros de potencial investimento privado e reduzindo em, pelo menos, 100.000 toneladas as emissões de CO2 nas operações dos respetivos 30 portos".