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Premiar os projetos de hoje e descobrir os de amanhã

No lançamento da 3.ª edição do Prémio Floresta e Sustentabilidade, Pedro Siza Vieira afirmou que foi o reconhecimento da importância económica da floresta que levou o Ministério da Economia a associar-se a este prémio de reconhecimento das melhores práticas e ideias do setor florestal.

31 de Março de 2021 às 12:00
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Foto em cima: No lançamento desta iniciativa, Celso Filipe, diretor adjunto do Negócios, conversou com Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, António Redondo, presidente da CELPA, e Daniel Bessa, presidente do júri.

"Os prémios permitem que as organizações se mobilizem no sentido de mostrarem, aprimorarem e evidenciarem as suas melhores práticas, porque a motivação é muito importante, mas também nos permite fazer chegar a um conhecimento mais exato do que se está a passar no setor", afirmou Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.

Na sua opinião são também momentos de descoberta. "Muitas vezes nestes prémios o que começamos a ter é uma perceção muito mais exata daquilo que se vai desenvolvendo fora dos nossos holofotes. Descobrem-se coisas novas com as candidaturas que não conhecíamos e a partir das quais é possível estimular melhor o que possa trazer mais valor para o ambiente, para a sociedade e para a nossa economia".

Por sua vez, António Redondo, presidente da CELPA, considerou que "nesta 3.ª edição se assume, mais do que nunca, a importância de estimular e premiar a produção de ideias e de práticas em torno da floresta, numa altura em que se procuram novos modelos de desenvolvimento assentes em critérios de sustentabilidade. A floresta plantada bem gerida é sustentabilidade".

Sublinhou que um dos objetivos deste Prémio Floresta e Sustentabilidade é associar a sociedade civil à floresta, para que "participe e conheça melhor a problemática da floresta e a sua sustentabilidade, em particular, a mais relevante para o futuro do país. As florestas plantadas trazem riqueza, dão coesão ao território, fixam as populações e geram valor nas zonas rurais, onde muitas vezes as oportunidades escasseiam".

Daniel Bessa, presidente do júri, afirma em relação a esta 3.ª edição que tem esperança de que este ano "tenhamos a jogo mais empresas e, sobretudo, mais empresas que mostrem a diversidade de formas de estar na floresta, contribuindo e criando valor".

O professor jubilado da Faculdade de Economia do Porto salientou o valor económico da floresta e das suas indústrias, que envolvem cerca de 70 mil pessoas e o valor acrescentado é de cerca de 3 mil milhões anuais, com 2 mil milhões na indústria e 1 milhão na parte silvícola. Além disso, "num país que tradicionalmente tem grandes dificuldades com a balança comercial, é na floresta que está o maior saldo positivo do comércio externo português, sobretudo através da cortiça e da pasta e do papel". Considera que no futuro "a floresta terá de ser paga por esse enorme serviço que também presta nas frentes do ambiente e da sustentabilidade".

António Redondo referiu os principais desafios do setor para garantir que o mercado nacional forneça matéria-prima em quantidade para os objetivos das empresas do setor, que importam "por ano cerca de 200 milhões de euros de fibra de eucalipto, que é de qualidade inferior à fibra nacional e que tem de ser transportada para Portugal para ser transformada".

O segundo grande desafio é mostrar que a floresta plantada, que é aliás maioritária em Portugal, vive em simbiose com a floresta de proteção e conservação. Para além da produção de material lenhoso e de biomassa, a floresta plantada faz a fixação de dióxido de carbono, a garantia de regulação dos fluxos de água, a formação do solo. "Não é apenas a floresta de conservação que tem valores de ecossistema que é necessário remunerar, a floresta de produção também tem esses valores".

E salientou ainda a importância para o futuro do aumento de produtividade, da necessidade de investir mais no conhecimento, na ciência e na inovação para a sustentabilidade da floresta de produção numa perspetiva de longo prazo.

Estes instrumentos são cruciais para combater as alterações climáticas, uma das grandes ameaças à sustentabilidade da floresta e cujos efeitos se traduzem na desertificação do nosso território, nas ameaças de pragas e no aumento dos riscos de fogos florestais. "Temos de assegurar que sabemos combater as pragas, a desertificação, trazer mais conhecimento para o combate ao fogo florestal, a prevenção e gestão florestal ativa", concluiu Pedro Siza Vieira.

"É tempo de mudar a narrativa que está a ser contada sobre a floresta a nível mundial", afirmou Sadanandan Nambiar, especialista em sustentabilidade florestal, que foi a estrela da cerimónia final da edição anterior do Prémio Floresta e Sustentabilidade. O investigador defendeu então que o abandono é a pior solução possível para a floresta e que só a sua exploração comercial e sustentável permitirá mitigar os efeitos de alguns dos maiores problemas mundiais.


O arranque das candidaturas

A 3.ª edição do Prémio Floresta e Sustentabilidade é uma iniciativa desenvolvida pela CELPA - Associação da Indústria Papeleira, em parceria com o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios, que conta com o patrocínio do Ministério da Economia e da Transição Digital, e com o apoio da PwC. Tem por objetivo distinguir e premiar as melhores práticas florestais e reconhecer a importância da fileira florestal para Portugal.

Ao Prémio Floresta e Sustentabilidade poderão candidatar-se entidades públicas e privadas, designadamente empresas, organizações governamentais e não governamentais, autarquias, escolas, entre outros, que desenvolvam a sua atividade em território nacional, em áreas direta ou indiretamente relacionadas com atividades florestais, educação, investigação, associativismo, etc.

1 de abril
Abertura das candidaturas em www.premiofloresta.cmjornal.xl.pt

Os membros do júri  O júri do Prémio Floresta e Sustentabilidade 2020/21 é presidido por Daniel Bessa, economista e professor jubilado da Faculdade de Economia do Porto, e é composto por Carlos Pascoal Neto, diretor-geral do RAIZ, Instituto de Investigação da Floresta e Papel; Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP - Confederação de Agricultores de Portugal; Fernanda Ferreira Dias, diretora-geral da DGAE; Francisco Ferreira, presidente da Associação ZERO; Helena Pereira, vice-presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia; Jaime Braga, assessor da Direção para os Assuntos da Energia e Ambiente da CIP; João Bernardo, diretor-geral da DGEG - Direção-Geral de Energia e Geologia; João Freire Gonçalves, presidente da direção do Centro PINUS - Associação para a Valorização da Floresta de Pinho; João Rui Ferreira, presidente da APCOR - Associação Portuguesa da Cortiça; Joaquim Sande Silva, membro da direção da LPN; José Carlos Sousa, diretor de Projetos Educativos da DGE - Direção-Geral da Educação; Manuel dos Santos Gomes, presidente da CONFAGRI - Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal; Maria do Loreto Monteiro, em representação da CNA - Confederação Nacional de Agricultura; e Paula Nunes da Silva, presidente da Quercus.