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Notícia

Portugal tem falta de talento tecnológico qualificado

Para uma economia digital saudável é necessário trabalhar as competências dos colaboradores, a formação e a requalificação em tecnologias de informação, mas Portugal tem também de atrair talento estrangeiro qualificado, porque o nacional não é suficiente.

01 de Junho de 2021 às 12:15
Rui Barros, managing director da Accenture Portugal DR
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"Portugal necessita de trabalhar e desenvolver o seu modelo económico, ou seja, atrair mais investimento, modernizar-se e tornar-se menos burocrático", defende Rui Barros, managing director da Accenture Portugal, responsável pela área de tecnologia. O país está acompanhar as novas lógicas de negócio. "Por exemplo, no retalho estamos a assistir ao crescimento acelerado dos pure players digitais e à reinvenção dos players mais tradicionais."

Quais foram os principais drivers das mudanças provocadas pela pandemia de covid-19 nas organizações em termos de tecnologia e de lógicas de negócio? Qual foi o impacto em Portugal?
O comércio eletrónico aumentou, e Portugal não foi exceção. Os dados da SIBS indicam um valor de 10% antes da pandemia, que depois subiu para 18%. Os hábitos de compras mudaram, a sociedade está a mudar e as empresas têm de a acompanhar.

Sabemos hoje que as empresas líderes na transição digital e com práticas sustentáveis têm quase três vezes mais probabilidade do que as empresas concorrentes de virem a ser "tomorrow’s leaders". Esta dupla transformação está ainda a decorrer e implica incentivar modelos de negócio impulsionados pela sustentabilidade e dotados de tecnologia, admitindo que a sustentabilidade e a tecnologia não são prioridades que possam ser encaradas de forma separada.

Portugal está na corrida, no sentido em que está a acompanhar as novas lógicas de negócio. Por exemplo, no retalho estamos a assistir ao crescimento acelerado dos pure players digitais e à reinvenção dos players mais tradicionais, nomeadamente com integração híbrida da experiência digital e física. O crescimento exponencial do comércio eletrónico durante a pandemia acelerou esta transformação.

Quais são as principiais dificuldades para a reinvenção das organizações provocadas pela aceleração da transformação digital? Em Portugal há desafios adicionais?
Precisamos de criar condições para atrair e reter talento. Em Portugal, existe escassez de talento tecnológico qualificado, o que acaba por constituir um obstáculo na transição e na oferta de serviços digitais. Para uma economia digital saudável é necessário trabalhar as competências dos colaboradores. Para além de ações de reskilling e upskilling, e de aumento necessário da formação em tecnologias de informação, temos também de atrair talento estrangeiro qualificado, porque o nacional não nos chega.

Ocupamos o 19.º lugar no Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade. O nosso indicador da tecnologia digital nas empresas encontra-se abaixo da média europeia, em 16.º lugar. Em Portugal, o número de empresas que utilizam as capacidades de computação na cloud e efetuam análises de volumes elevados de dados no suporte à sua atividade é inferior à média da União Europeia. Depois quem lidera esta transformação em Portugal são as grandes empresas e existe, ainda, uma adoção reduzida nas PME.

É essencial investir na digitalização das empresas e na capacitação das pessoas para que se possa inverter esta situação. Portugal deve apostar na integração de inteligência artificial, adoção de recursos na cloud, capacidades de realidade aumentada e conectividade 5G.

Esta pandemia também teve impacto na organização e no trabalho da Accenture Portugal? Quais foram as principais mudanças?
Um pouco por todo o mundo, e num curto espaço de tempo, a Accenture pôs grande parte dos seus clientes a trabalhar à distância. Algumas empresas já tinham bases para o fazer, e para essas foi mais fácil, as outras tiveram de se adaptar. As empresas que tinham investido na digitalização das suas operações e em soluções tecnológicas inovadoras nativas na cloud aceleraram esta transição sem qualquer disrupção.

A cloud passou a ser o nosso maior foco, já o era antes da pandemia e agora acentuou-se. No final do ano passado lançámos uma área, neste momento essencial, a Cloud First, que visa acelerar a transição digital e a migração de clientes para a cloud. Com um investimento de 2,5 mil milhões de euros para os próximos três anos, centralizámos numa única área o acesso a uma rede global de cerca de 70 mil profissionais com profundos conhecimentos de cloud, um conjunto integrado de capacidade de dados, infraestrutura e aplicações integradas, um forte ecossistema de competências e uma cultura de mudança, juntamente com soluções de indústria.

O webinar Masters of Change A Accenture e o Jornal de Negócios realizam, em parceria, o webinar "Masters of Change", no próximo dia 2 de junho, às 9h30, que tem como keynote speaker Marc Carrel-Billiard, global senior managing director - Accenture Labs. Segue-se um debate moderado por Diana Ramos, diretora do Jornal de Negócios, e com a presença de Rui Barros, managing director, responsável pela área de Technology da Accenture em Portugal, Luís Goes Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Nuno Nunes, Chief Sales Officer da Altice-Portugal, Chief Future Officer, Grupo Ageas Portugal. As inscrições para assistir estão disponíveis no site do Jornal de Negócios: https://www.jornaldenegocios.pt/negocios-iniciativas/detalhe/masters-of-change--2-de-junho--09h30