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Pierre Rousseau é, a partir de Lisboa, o Strategic Advisor Sustainable Business do BNP Paribas e lidera iniciativas de Global Sustainable Finance Investment initiatives. Entre 2000 e 2018 esteve na Ásia tendo sido Head of Global Markets Asia Pacific, entre 2015-2018, e Head of Equities, Asia Pacific, à frente do BNP Paribas Equity Cash and Equities Derivatives de 2009 a 2015. Pierre Rousseau tem 35 anos de experiência no setor de serviços financeiros, 25 dos quais foram na Ásia-Pacífico.
Em talks anteriores sobre sustainable finance foi abordado o conceito e as principais forças por trás do financiamento e investimento. Gostaria de lhe perguntar como é que este tópico está na agenda financeira internacional, como é que este conceito se tornou tão importante?
Em primeiro lugar, mais do que falar de sustainable finance, temos de dizer que "temos de fazer" finanças para a sustentabilidade. Porque a sustentabilidade é a economia, está a começar a fazer parte do modelo de negócios e da economia, a economia, envolvendo empresas privadas, públicas, todos os stakeholders. Tem-se tornado parte dos modelos, por isso agora preferimos dizer, em vez de financiamento sustentável, soluções de fundos para a sustentabilidade.
Portanto, porque é que se tem tornado tão relevante?
Em primeiro lugar, nós temos prazos. Estamos a fazer este financiamento para a sustentabilidade porque temos prazos a atingir para mitigar as alterações climáticas, a biodiversidade, as desigualdades. Na economia gostamos de fazer silos e colocar tudo em caixas. Mas, por exemplo, a pobreza pode gerar problemas climáticos ou perda de biodiversidade, porque as pessoas precisam de comer e por isso começam a destruir a natureza em vez de a proteger.
Descobrimos que para fazer negócios, temos de levar em conta as alterações climáticas, pois estamos a destruir a natureza, a criar desigualdades. E mesmo que a curto prazo talvez não vejamos os impactos, estes existem a longo prazo. Hoje em dia nós percebemos que os modelos económicos e os modelos de negócios têm de mudar integrando alterações climáticas, biodiversidade e o combate às desigualdades.
A 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que se realiza entre os dias 1 e 12 de novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia, vai ser muito importante porque pela primeira vez as organizações empresariais vão estar muito mais envolvidas com objetivo de encontrar as soluções empresariais. Hoje é uma combinação de cientistas, decisão política e também um modelo económico para ser posto em prática.
Mas a complexidade e a coordenação são difíceis…
A complexidade é enorme, e é muito difícil, por isso a colaboração é muito importante, ninguém vai resolver o problema sozinho. No banco, hoje em dia, todos os grandes projetos que lançámos recentemente para financiamento para a sustentabilidade têm sido iniciados e patrocinados por ONG e depois, em cima disso, construímos um modelo económico. Portanto, demonstra que hoje em dia a interação que teremos entre as ONG, o público e o privado, e também da parte diplomática e regulatória, vai ser muito importante.
A economia era sempre linear, íamos sempre numa direção de crescimento, crescimento, crescimento, sem mudar o modelo de negócio. Hoje em dia, também continuamos a gerar crescimento, mas tem de ser sustentável. Significa que tivemos de desinvestir no carvão, combustíveis fósseis e reinvestir em algo novo.
Até agora quando financiávamos o desenvolvimento, providenciamos um crédito a alguém, olhávamos para o que fez no passado, mas agora temos de olhar para aquilo que "faz" no futuro, o que é completamente diferente no mindset do banqueiro. Portanto, os bancos estabelecidos não serão os únicos a financiar a economia de amanhã, porque amanhã o mundo será diferente e talvez a maneira como teremos de financiar envolverá outro tipo de financiamento como fundos de pensões, grandes investidores, mas também o setor público, fundações, talvez um tipo de financiamento misto de maneira a financiar aquilo que teremos de fazer amanhã. De qualquer forma, entretanto temos de financiar a transição, que é muito complexa, porque não gera receitas a partir do dia 1, gera receitas mais tarde.
Hoje em dia, as alterações climáticas custam 0,5% do PIB total do planeta, se não fizermos nada em 20 anos irá custar-nos 7%, isso significa que todos terão de pagar porque seguros não serão capazes de pagar. Quem é que irá pagar a conta? Ao investir hoje em dia, hoje até o dinheiro é barato, porque os juros são 0% na Europa, se investir hoje em dia, e resolver o problema hoje, irá evitar pagar amanhã.
Em talks anteriores sobre sustainable finance foi abordado o conceito e as principais forças por trás do financiamento e investimento. Gostaria de lhe perguntar como é que este tópico está na agenda financeira internacional, como é que este conceito se tornou tão importante?
Em primeiro lugar, mais do que falar de sustainable finance, temos de dizer que "temos de fazer" finanças para a sustentabilidade. Porque a sustentabilidade é a economia, está a começar a fazer parte do modelo de negócios e da economia, a economia, envolvendo empresas privadas, públicas, todos os stakeholders. Tem-se tornado parte dos modelos, por isso agora preferimos dizer, em vez de financiamento sustentável, soluções de fundos para a sustentabilidade.
Portanto, porque é que se tem tornado tão relevante?
Em primeiro lugar, nós temos prazos. Estamos a fazer este financiamento para a sustentabilidade porque temos prazos a atingir para mitigar as alterações climáticas, a biodiversidade, as desigualdades. Na economia gostamos de fazer silos e colocar tudo em caixas. Mas, por exemplo, a pobreza pode gerar problemas climáticos ou perda de biodiversidade, porque as pessoas precisam de comer e por isso começam a destruir a natureza em vez de a proteger.
Descobrimos que para fazer negócios, temos de levar em conta as alterações climáticas, pois estamos a destruir a natureza, a criar desigualdades. E mesmo que a curto prazo talvez não vejamos os impactos, estes existem a longo prazo. Hoje em dia nós percebemos que os modelos económicos e os modelos de negócios têm de mudar integrando alterações climáticas, biodiversidade e o combate às desigualdades.
A 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que se realiza entre os dias 1 e 12 de novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia, vai ser muito importante porque pela primeira vez as organizações empresariais vão estar muito mais envolvidas com objetivo de encontrar as soluções empresariais. Hoje é uma combinação de cientistas, decisão política e também um modelo económico para ser posto em prática.
Mas a complexidade e a coordenação são difíceis…
A complexidade é enorme, e é muito difícil, por isso a colaboração é muito importante, ninguém vai resolver o problema sozinho. No banco, hoje em dia, todos os grandes projetos que lançámos recentemente para financiamento para a sustentabilidade têm sido iniciados e patrocinados por ONG e depois, em cima disso, construímos um modelo económico. Portanto, demonstra que hoje em dia a interação que teremos entre as ONG, o público e o privado, e também da parte diplomática e regulatória, vai ser muito importante.
Os modelos de negócio têm de mudar, integrando alterações climáticas, biodiversidade e o combate às desigualdades.
Resolver o problema hoje irá evitar pagar amanhã.
Qual é o papel da banca nesta transição?Resolver o problema hoje irá evitar pagar amanhã.
A economia era sempre linear, íamos sempre numa direção de crescimento, crescimento, crescimento, sem mudar o modelo de negócio. Hoje em dia, também continuamos a gerar crescimento, mas tem de ser sustentável. Significa que tivemos de desinvestir no carvão, combustíveis fósseis e reinvestir em algo novo.
Até agora quando financiávamos o desenvolvimento, providenciamos um crédito a alguém, olhávamos para o que fez no passado, mas agora temos de olhar para aquilo que "faz" no futuro, o que é completamente diferente no mindset do banqueiro. Portanto, os bancos estabelecidos não serão os únicos a financiar a economia de amanhã, porque amanhã o mundo será diferente e talvez a maneira como teremos de financiar envolverá outro tipo de financiamento como fundos de pensões, grandes investidores, mas também o setor público, fundações, talvez um tipo de financiamento misto de maneira a financiar aquilo que teremos de fazer amanhã. De qualquer forma, entretanto temos de financiar a transição, que é muito complexa, porque não gera receitas a partir do dia 1, gera receitas mais tarde.
Hoje em dia, as alterações climáticas custam 0,5% do PIB total do planeta, se não fizermos nada em 20 anos irá custar-nos 7%, isso significa que todos terão de pagar porque seguros não serão capazes de pagar. Quem é que irá pagar a conta? Ao investir hoje em dia, hoje até o dinheiro é barato, porque os juros são 0% na Europa, se investir hoje em dia, e resolver o problema hoje, irá evitar pagar amanhã.