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O BPI quer estar ao lado das empresas e assumiu uma postura pró-activa, como explica Pedro Barreto, membro da comissão executiva do Conselho de Administração do BPI, criando linhas de financiamento simples, específicas e adaptadas às especificidades de cada projecto de investimento, que permitem às empresas avançar com os projectos assim que se candidatam, não tendo que se preocupar em aguardar pela aprovação/decisão da Autoridade de Gestão do Portugal 2020.
Qual é a visão do BPI sobre o Portugal 2020 e de que forma pode aliar a sua experiência a este instrumento de apoio às empresas?
Pedro Barreto – O P2020 é absolutamente determinante para o apoio ao investimento das empresas portuguesas, quer pela sua dimensão financeira - estamos a falar de 25 mil milhões de euros –, quer pela sua abrangência, já que inclui todos os sectores da economia. Tem como único constrangimento excluir as grandes empresas mas, de qualquer forma, é um programa muito positivo e importante para o futuro da economia portuguesa.
Estas são empresas que precisam de financiamento para dar o salto em termos de solidez financeira e capacidade de internacionalização?
O sector das PME é muito dinâmico e está muito orientado para o investimento. Nesse sentido, todos os apoios que existam são relevantes.
O que está o BPI a fazer para apoiar as empresas nas candidaturas ao P2020?
O BPI tem muita experiência na gestão deste tipo de programas de apoio. Fizemos não só uma formação interna completa às equipas comerciais como também um roadshow por todo o país, com a COTEC, envolvendo centenas de empresas para explicar o programa e este tipo de apoios. Por último, no site do BPI temos também toda a explicação para os instrumentos que existem e como é que as empresas podem aceder a este apoio ao investimento.
Estas linhas de financiamento são direccionadas aos actuais clientes ou têm uma visão de alargar mercado?
O BPI quer ser o Banco das Empresas em Portugal e estamos disponíveis para apoiar todo o tipo de projectos. Várias empresas que vão recorrer a estes meios são já nossas clientes mas também estamos a trabalhar clientes potenciais e esperamos através deste instrumento e da nossa própria oferta, aumentar quota de mercado e continuar a crescer, a bom ritmo, no segmento das empresas, como temos feito nos últimos anos.
No âmbito deste apoio o BPI faz uma análise rigorosa para ter o historial de saúde financeira da empresa?
O BPI faz sempre uma análise rigorosa do risco dos projectos que nos são apresentados. Estes programas que envolvem fundos europeus têm por vezes alguma demora até que os fundos sejam disponibilizados. O que o Banco fez para ultrapassar esta questão foi desenvolver na sua oferta uma linha que permite antecipar esses fundos. Assim, as empresas podem ter esse apoio desde o momento em que apresentam a candidatura, e mais tarde, se os incentivos vierem a ser concedidos, poderão beneficiar de um financiamento complementar.
Quando diz que é desde o primeiro momento refere-se ao momento da entrega da candidatura ou da aprovação?
É logo no primeiro momento em que a empresa diz que quer concorrer ao P2020. Basta entregar-nos uma cópia da sua candidatura, o Banco avalia e, se cumprir os nossos critérios de risco, é aprovada a antecipação dos fundos.
Como é que o esforço de chegar a novos clientes está a ser feito?
O que temos vindo a fazer ao longo dos últimos anos é uma optimização dos processos internos do Banco para libertar tempo comercial às equipas. O grande objectivo que temos é que todos os dias, clientes actuais e potenciais, sejam visitados por equipas comerciais do Banco, e temos tido resultados muito positivos. O Banco está muito bem posicionado no mercado das empresas, não só pela qualidade do seu serviço mas também porque somos um dos dois únicos bancos em Portugal que tem um rating de Investment grade, o que é muito relevante para empresas que querem fazer operações internacionais.
As empresas portuguesas já estão a recorrer mais a este tipo de apoios para os seus investimentos?
Durante os anos da crise, as empresas retraíram-se a fazer novos investimentos porque o mercado não o aconselhava. O que aconteceu no último ano foi uma aceleração muito positiva do investimento, o que tem levado as empresas a olharem para todos os tipos de apoio que têm à sua disposição. Obviamente o Portugal 2020, pela sua abrangência e dimensão, é completamente incontornável e não pode deixar de fazer parte dos planos de investimento das empresas.
Quais as áreas de investimento onde as empresas hoje estão a apostar mais?
Assiste-se claramente a uma maior aposta na internacionalização, as exportações estão a crescer a bom ritmo com especial destaque para o sector do Turismo.
Qual é o nível de risco que o banco tem no apoio ao Portugal 2020?
O nível de risco que o BPI tem neste programa não é diferente daquele com que o Banco trabalha. Temos um dos rácios de crédito vencido mais baixos da Península Ibérica e fomos o banco português que melhor atravessou a crise bancária em Portugal. O que procuramos são bons projectos e boas ideias para apoiar, quer no P2020, quer nas outras linhas que temos disponíveis.
Parece-lhe que existe algum risco de Portugal não conseguir aproveitar o financiamento?
Até à data, Portugal tem aproveitado bem este tipo de apoios e não vemos nenhuma razão para que não seja assim no P2020. Inclusivamente, para alguns sectores, estamos a estudar alternativas para aumentar os montantes disponíveis porque se espera que a procura seja muito superior ao montante disponível."Considero verdadeiramente impressionante o que as empresas portuguesas têm feito"
Quais têm sido as principais dificuldades das empresas no P2020?
Os programas de apoio europeu têm dois tipos de aspectos a melhorar: uma elevada carga burocrática, com um conjunto grande de documentação que tem de ser preenchida pelas empresas, e o tempo de aprovação e disponibilização dos fundos.
O BPI tem contribuído para tentar melhorar esta situação, partilhando, sistematicamente, a informação que recolhemos com as entidades que gerem os programas e disponibilizando às empresas uma oferta que permite a antecipação dos fundos.
Fala-se também nas dificuldades estruturais das PME no investimento e preparação interna, no conhecimento dos instrumentos de financiamento, e na falta de investimento em I&D que é essencial nesta área. Qual é a sua avaliação?
Visito empresas todas as semanas e considero verdadeiramente impressionante o que as empresas portuguesas têm feito em termos de inovação e desenvolvimento, sendo certamente esse um dos factores que nos permite encontrar tantas pequenas e médias empresas com sucesso.
Que conselhos daria às empresas que querem concorrer a financiamento?
Quando se concorre a financiamento, há dois aspectos fundamentais a destacar: tem de existir alguma entrada de capitais próprios, pois os projectos não podem ser financiados a 100%, e as empresas têm de apresentar as suas contas de forma atempada. Esta é claramente uma recomendação que fazemos às empresas, que tentem ter as contas fechadas antes do Verão, penso que é uma questão de gestão de prioridades.
Por último, as empresas têm de compreender que os bancos não podem apoiar todos os tipos de projectos, hoje a principal fonte de financiamento dos bancos são os depósitos dos Clientes, o que exige sermos ainda mais rigorosos na gestão do risco.
Linhas de crédito específicas para as empresas
No âmbito do Portugal 2020, o BPI criou duas linhas de apoio, o BPI P2020 e o BPI PDR 2020, que permitem assegurar financiamento e garantias, de forma simplificada, sem ser necessário esperar por decisões das autoridades de gestão dos fundos. Nestas linhas, as empresas podem financiar os seus projectos imediatamente após a submissão da candidatura ou após a aprovação. No primeiro caso, o BPI pode financiar investimento elegível ou não elegível, por um prazo máximo de 8 anos, sendo que, após a aprovação do projecto, o financiamento é convertido num adiantamento do incentivo, ou em financiamento complementar, em que o BPI financia o investimento na componente que não foi considerada incentivo do projecto. Caso o projecto não seja aprovado pela Autoridade de Gestão competente, a operação contratada com o BPI mantém-se nas mesmas condições inicialmente aprovadas.
O BPI tem uma vasta experiência na gestão deste tipo de apoios, tendo sido a única instituição financeira privada envolvida na distribuição dos instrumentos financeiros para reabilitação urbana no contexto do QREN (JESSICA) e, actualmente, é um dos bancos seleccionados pela Entidade Gestora para o novo Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas, no contexto do Portugal 2020 (IFRRU 2020), disponibilizando uma linha de financiamento, a médio e longo prazo (até 20 anos), num montante global superior a 370M€.