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Os salários no turismo e as condições de vida

Os salários do turismo podem "não ser muito estimulantes para atrair talentos", referiu Hélder Brito Carrasqueira. Bernardo Trindade sublinhou os problemas de habitação e de mobilidade para a fixação de mão-de-obra.

22 de Junho de 2018 às 12:30
Miguel Baltazar/Negócios
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Os dados do INE sobre os salários no Algarve no turismo "não são confortáveis", analisa Hélder Brito Carrasqueira, director da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve. "Temos valores em que, quando se colocam os salários da restauração, ficam pouco acima do ordenado mínimo nacional, que não é de todo estimulante para atrair. Quando incluímos os dados da hotelaria, os valores são superiores, embora essa preocupação exista junto dos estudantes".

Entende o professor universitário que "temos uma oferta demasiado plana na hotelaria, por estrelas e não por produtos, como tem evoluído o mercado espanhol ou as principais cadeias do mercado espanhol. Naturalmente, se a rentabilidade for maior, pode-se remunerar melhor".

Rodrigo Machaz aduziu que "gostava de pagar o dobro mas quem paga os salários são os clientes. Portanto, para mim, a lei laboral tem de ser tão flexível e ágil como o nosso negócio, que está constantemente a mudar. Enfrentamos a sazonalidade mas temos uma lei laboral que quase nos obriga a não renovar os contratos".

"No Algarve, a sazonalidade impede uma escala óptima e impede uma fixação de recursos humanos, uma captação de recursos humanos qualificados e é um problema que existe", salientou Hélder Brito Carrasqueira. O que levou Bernardo Trindade a referir o esforço que as empresas turísticas têm feito na formação on job. Tem havido redução da sazonalidade, mas, todos os anos, "temos de na rentrée voltar ao mercado para encontrar este vasto conjunto de colaboradores".

O ex-secretário de Estado do Turismo referiu que há aspectos logísticos no Algarve, em que a ajuda do Estado é requerida, como uma rede de transportes que facilite a mobilidade profissional entre concelhos, e que tenha em conta as questões da habitação permanente, "em que muitas vezes a mão-de-obra tem de ir viver para longe dos locais de trabalho".