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A causa para este resultado positivo, segundo José Cunha-Vaz, está num acompanhamento mais precoce e a capacidade de tratamento das primeiras alterações que se encontram e um melhor acompanhamento dos doentes. "São mais observados pelos oftalmologistas, há mais acesso, e como o edema macular pode surgir em qualquer altura, a detecção precoce é fundamental. A incidência do edema macular diabético é, segundo um estudo de 2014, de 4%/4,5% num período de dez anos", explica José Cunha-Vaz.
A sua intervenção centrou-se no diagnóstico e na forma de "encontrar alterações que levem a este edema macular e a retinopatia proliferativa, e novos métodos para verificar essas alterações , do ponto de vista imagiológico".
OCT combinada
A OCT (Optical Coherence Tomography) foi uma tecnologia que mudou a compreensão da incidência, evolução e taxas de progressão do edema macular. Para José Cunha-Vaz veio modificar radicalmente "a nossa perspectiva da retinopatia diabética porque estamos a ver de uma forma imediata, simples, rápida, e, em minutos, ficamos com um quadro das camadas da retina, quais as que estão afectadas, as que têm as células alteradas, e quais as que, embora não seja célula a célula, mas por camada, por região, permitem saber o que esta a acontecer na retina".
Coordenador da secção de Retinopatia Diabética e de Doenças Vasculares da Retina do EVICR.net
Depois passou-se para o mapeamento multimodal, que é o uso de vários métodos como o OCT, imagem de autofluorescência, imagem de alteração da barreira, imagens de profusão capilar. Passou a haver uma série de métodos, que usados em conjunto, permitem caracterizar muito melhor a retinopatia diabética.
Hoje "temos a OCT com angiografia que permite fazer a angiografia não invasiva, e dá uma informação sobre a profusão capilar. Com estes métodos derivados do OCT podemos identificar muito bem as lesões de oclusão capilar, se estão na superfície capilar, se na rede superficial ou profunda da retina. A informação que se obtém é muito mais detalhada do que a angiografia" concluiu José Cunha-Vaz.
O futuro com medicina mais personalizada
José Cunha-Vaz falou sobre uma investigação em curso em Coimbra em que se procura fazer uma caracterização dos diferentes fenótipos de retinopatia diabética. Pode, pela primeira vez, vir a identificar os doentes cuja retinopatia diabética oferece risco de progressão e podem desenvolver complicações, edema e/ou proliferação vascular.
"Há olhos em que a retinopatia diabética nunca progride ou fá-lo com pouca intensidade, enquanto os outros progridem rapidamente. E são estes e que estão em risco de ter complicações como o edema macular ou a proliferativa e que é preciso colocar, conhecer, acompanhar de perto", disse José Cunha-Vaz. São cerca de um quarto, os pacientes, que com lesões de retinopatia diabética, desenvolvem estas complicações num período de cinco anos.
"Vislumbra-se a possibilidade de ter uma medicina personalizada para a retinopatia diabética", concluiu José Cunha-Vaz.