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A sustentabilidade da Segurança Social é um dos grandes desafios para a poupança. "Espera-se que, dentro de 30 a 40 anos, a taxa de reposição da pensão, em comparação com o último salário, ande à volta de 40%, quando hoje é de 70%", disse Miguel Ferreira, professor de Finanças da Nova SBE, na mesa-redonda sobre o Impacto da Poupança e Investimento, da 13ª edição da Grande Conferência O Futuro dos Mercados Financeiros, organizada pelo Negócios e o Banco Carregosa, com o apoio do ISCTE Business School.
Na sua opinião, "é necessário que as pessoas assumam este desafio como uma responsabilidade individual". Considera que, para garantir boas condições de vida durante a reforma, "cada um tem de criar a sua poupança e investir num plano de pensões privado que permita colmatar o decréscimo que ocorrerá nas pensões pagas pelo sistema de Segurança Social".
Head of Trading do Banco Carregosa
A longevidade é um fator crucial para a poupança, refletindo-se, sobretudo, nas carteiras de investimento de médio e longo prazo. "A minha geração provavelmente chegará aos 80 ou 90 anos com alguma saúde mental. As próximas gerações poderão atingir os 100 anos, se observarmos as evoluções nas biotecnologias e a aplicação da tecnologia na área dos cuidados de saúde", referiu João Queiroz, head of Trading do Banco Carregosa.
Com estes dados, é a perspetiva que as pessoas têm do futuro que ditará as suas estratégias de poupança e investimento. "Se querem depender apenas do rendimento proveniente da Segurança Social ou de um seguro, será necessário abdicar de bens como um carro de gama superior, uma casa com mais assoalhadas ou de uma proteção financeira adicional no futuro", referiu João Queiroz.
Miguel Ferreira defendeu que, em termos de instrumentos de investimento a longo prazo e poupança para a reforma, existem muitas soluções disponíveis do lado da oferta, embora seja possível "fazer ainda mais e ter uma oferta mais diversificada". No entanto, considera que há já muitas soluções para a poupança a longo prazo e para a reforma.
A eventual falha está na procura, relacionada com a tomada de risco. "Para se sentirem confortáveis a fazer investimentos mais arriscados, as pessoas precisam de conhecimento. Quando temos uma população em que apenas cerca de 5% investe em títulos ou fundos de investimento, e mais de 90% das pessoas só têm depósitos, há algo de errado", afirmou Miguel Ferreira.
Salientou ainda que o investimento a longo prazo para a reforma "deve ser feito em ações ou produtos cujos desempenhos estão ligados a ações, pois, historicamente, nos últimos 100 anos, as ações deram, comparativamente a um depósito, um prémio de cerca de 8% ao ano."