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Os atrasos no aeroporto entre a regulação e o vento

“Nos últimos anos, mais de metade dos voos foram desviados porque o vento estava acima dos limites entre um e dois nós, e assim são afetados centenas de milhares de passageiros e o próprio turismo”, refere Pedro Calado.

09 de Julho de 2019 às 13:00
Hélder Santos
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"Não é só na Madeira que há vento ou que o aeroporto fica condicionado porque o de Lisboa já ficou condicionado por falta de visibilidade ou o do Porto fica muitas vezes condicionado", afirma Pedro Calado, vice-presidente do Governo Regional da Madeira.

O anticiclone dos Açores tem algum impacto, mas não é a razão para o aeroporto ficar condicionado como tem acontecido. Segundo o IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) "nos últimos anos houve um acréscimo de um nó de vento, não faz sentido que por um nó de vento haja o condicionamento que existe com a atual tecnologia que as aeronaves têm e para o prolongamento que a pista do aeroporto teve nos últimos anos", revela Pedro Calado.

Limites de há 50 anos

Nos aeroportos, os limites podem ser recomendáveis ou mandatórios. Os que existem no aeroporto do Funchal são limites mandatórios, foram determinados em 1964, quando a pista do aeroporto foi inaugurada, era de terra batida e três vezes menor.

"Passados 50 anos a pista é outra, os aviões são mais sofisticados, os pilotos têm mais treino, a única que não mudou é a ANAC, que proíbe os pilotos de tentarem uma aterragem quando os ventos estão em média acima dos 15 nós e os ventos de rajada acima dos 25 nós. Mais de metade dos voos desviados nos últimos anos, foram-no porque o vento estava acima dos limites entre um e dois nós, e assim são afetados centenas de milhares de passageiros, com as devidas consequências para o turismo", refere Pedro Calado.

Adianta que "não pedimos que se retirassem os limites, porque somos os primeiros a querer zelar pela segurança de todos os passageiros, até porque somos os principais utilizadores", diz Pedro Calado. Mas há equipamentos que medem de uma forma mais rigorosa os quadrantes de vento e fornecem a informação em tempo real, mas considerou-se que era um investimento que a ser feito por entidades nacionais. "Estivemos um ano e meio à espera que decidissem o investimento, que é de quatro milhões de euros. Vai ser aberto o concurso para estes equipamentos, o que demora seis meses, e até que comece a funcionar em pleno tem de se esperar até 2021", sublinha Pedro Calado.