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Oeste, o reino das hortícolas em Portugal

Em todos os hortícolas a região do Oeste tem uma palavra a dizer, mas os produtos hortícolas não têm marca, e é importante gerar valor acrescentado através da criação e promoção de marcas.

06 de Junho de 2018 às 12:08
"O sector agrícola é a nossa âncora", salientou Laura Rodrigues, vice-presidente da Câmara de Torres Vedras David Cabral Santos
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"O sector hortícola do Oeste sempre foi muito dinâmico", disse António Gomes, presidente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO). "O sector agrícola é a nossa âncora", afirmou Laura Rodrigues, vice-presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, salientando que nos dois últimos quadros comunitários fez-se um investimento muito significativo, o que se reflectiu no número, nas áreas e na qualidade das explorações agrícolas. "Têm know how, pois os empresários que hoje temos são, muitos deles, filhos de empresários agrícolas, têm um nível superior de escolaridade, são mais novos, têm mais competências, estão mais abertos as tecnologias e ao investimento", analisou Laura Rodrigues.

António Gomes considerou que o momento determinante para esta nova prosperidade em Torres Vedras, que é conhecida por horticultura em estufa, foi o ciclone, que, em 2009, devastou o sector. "As estufas foram reconstruídas com novas tecnologias, com mais áreas de produção e capacidade para o mercado de exportação", lembrou. Como recordou Laura Rodrigues, "houve uma mobilização de outros agentes como a ligação de toda a fileira, dos serviços do Ministério da Agricultura, dos parceiros bancários e da Câmara Municipal de Torres Vedras", relembrou.


9%
Das empresas
Segundo dados dos Banco de Portugal, existiam 3.150 empresas agrícolas entre as 35 mil empresas existentes em Portugal em 2015.


"Em todos os hortícolas a região do Oeste tem uma palavra a dizer", referiu António Gomes, que é agricultor biológico. É uma região em que, pela influência atlântica, a temperatura é, no Verão, mais amena, do que, por exemplo outras regiões da Península Ibérica, nomeadamente a Andaluzia, que é muito forte na produção de hortícolas. "Conseguimos assim que se produzam produtos de alta qualidade reconhecidamente em toda a Europa e conseguimos encontrar os nichos e os momentos em que são mais valorizados", assinalou António Gomes.

Associação para promoção

"Os produtos hortícolas não têm marca, são couves, alfaces, tomate e é importante criar um valor acrescentado através da criação e promoção de marcas, pois temos produtos diferenciados", referiu António Gomes. A Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO) foi criada em 2000. Esta associação reúne agentes económicos relacionados com a fileira hortícola da Região Oeste e que reúne todos os players do sector desde os factores de produção, produção, comércio, e até alguns transformadores, "para que todos estivessem unidos numa única associação para ser mais fortes e dinâmicos e actuar sobretudo numa das áreas mais difíceis que é a promoção do nosso produto".

Conta com cerca de 30 associados, entre organizações de produtores, sociedades de agricultura de grupo, agricultores a título individual e empresas. Os cinco principais produtos da região - couve, alho francês, batata, abóbora e tomate - em 7800 hectares. São produzidas 320 mil toneladas, mais de 40 por cento para exportação. Estima-se que mais de metade da produção nacional de hortícolas é produzida na região Oeste.

A horta do Oeste

A horticultura constitui uma das fileiras estratégicas da região Oeste. Existem cerca de 70 produtos agrícolas plantados na região Oeste. Batata, couve, cebola, cenoura, tomate, alface, feijão-verde, pepino, abóbora e alho são os principais. "Somos muito fortes nos hortícolas de ar livre", sublinhou António Gomes, presidente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO).

Nas culturas ao ar livre, e de Inverno, produzem-se 100 mil toneladas de couves, 70% exportada. O alho francês abastece o mercado interno e exporta cerca de 30% da produção. Na Primavera, o domínio é da batata e da abóbora. Metade da produção desta última é exportada. Em estufa, o tomate ocupa 500 hectares e produzem-se 100 mil toneladas por ano, metade para Espanha.

A vez da batata
Recentemente criaram uma associação para a batata que é um produto que não é frutícola nem hortícola, e que em termos europeus não está na OCM europeia de frutas e legumes. A Por-Batata associa todo o sector a nível nacional, porque "era um sector que estava desprotegido e tem grandes players e operadores que, por não estarem juntos, não tinham força", sublinhou António Gomes. Vão lançar uma campanha, a partir de 11 de junho, para combater o mito de que a batata engorda, com a chancela da Associação Portuguesa da Nutrição.

A Bolsa dos legumes
"Somos a única região em Portugal que tem um sistema de comércio e transacções por leilão", referiu António Gomes. Os produtos saem da produção agrícola e ao serem vendidos através dos leilões, "percepciona-se melhor o valor do produto", explicou António Borges. Acrescenta que se "criaram uma série de operadores e de players, que têm vindo a crescer e a encontrar, no mercado europeu, os nichos e os locais onde podemos valorizar melhor os nossos produtos".