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O talento é cana de pesca para atrair multinacionais

“Para atrairmos as empresas temos de utilizar uma cana de pesca, que é o talento português, que é do melhor do mundo, é o que produz mais rápido e comete menos erros”, disse Pedro Pinto.

02 de Julho de 2021 às 13:00
Ricardo JR
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"Hoje, o importante é ter talento, não é ter um baixo custo de acesso ao capital, um baixo custo de mão de obra, infraestruturas. A existência de talento faz com que as empresas se queiram instalar neste território", afirmou Pedro Pinto, administrador do Centro Empresarial Lionesa.

Salientou que "a Lionesa é um agente económico que visa mais do que um negócio imobiliário, não passa por construir metros quadrados, o nosso objetivo é transformar o território, captar empresas para esta grande região e que, ao instalarem-se, criem postos de trabalho. Para atrairmos as empresas temos de utilizar uma cana de pesca, que é o talento português, que é do melhor do mundo, é o que produz mais rápido e comete menos erros".

Pedro Pinto considera que se não houver talento, e é cada vez mais escasso na região Norte, não há empresas. "Teremos de importar talento já lapidado, ou por lapidar, reconverter talento, produzir mais talento, é a única forma de atrairmos mais empresas estrangeiras. A curto prazo o talento vai escassear, mas sem talento as empresas não se vão querer instalar na região do Porto e do Norte, onde o talento tem uma qualificação excecional mas é cada vez mais escasso", sintetizou Pedro Pinto.

Talento e qualidade de vida

Carlos Góis, fundador e CEO do Grupo Geo Investimentos, concorda que o talento é fundamental, mas a par de outros aspetos que é necessário criar para que as pessoas venham para esta região. A Geo Investimentos e a Lionesa têm o mesmo modo de atuação. "Captamos multinacionais e para as trazer é preciso ter um produto chave na mão. Conseguir fazer um fato à medida que vá ao encontro das necessidades e que tenha uma série de atributos como a localização, a envolvente, o ambiente para viver, o preço, mas se não houver recursos humanos e talento, as empresas não se vêm instalar. Para mudarem sedes, criarem serviços partilhados, áreas de desenvolvimento tecnológico, é fundamental a qualidade dos recursos humanos", explica Carlos Góis.

Deu como exemplo os programas recém-lançados pelo Governo, o programa Impulso Jovens STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathmatics) visa promover e apoiar iniciativas orientadas exclusivamente para aumentar a graduação superior de jovens em áreas de ciências, tecnologias, engenharias, artes e matemática, e o programa Impulso Adultos, que por sua vez tem por objetivo reforçar e diversificar a formação pós-secundária, garantindo respetivamente a reconversão e atualização de competências através do desenvolvimento de soluções de qualificação flexíveis.

"Mas isto não é suficiente", na opinião de Carlos Góis, "há muita concorrência, a procura na área tecnológica na área do Porto é de milhares de pessoas, e não existe para as necessidades, as faculdades não têm tempo para os formar por isso vai ser preciso importar talento".

"A importação de talento pode permitir que se tornem formadores dos nossos jovens e por isso é preciso criar as condições para que possam vir viver nas nossas cidades. Ao trazer esta mão de obra estrangeira permite-nos elevar o padrão em termos salariais e obriga a um acompanhamento por parte dos nossos jovens, o que se pode tornar num ciclo virtuoso em que todos poderão aproveitar", concluiu Carlos Góis.