- Partilhar artigo
- ...
Contam com 55 engenheiros informáticos e, como refere Ricardo Araújo, director of customer success da OutSystems, "dada a atractividade do projecto temos tido a capacidade de contratar talento de norte a sul e até ilhas". Acrescenta que, além das candidaturas espontâneas cada vez mais recorrentes e das feiras e eventos promovidos pelas universidades, têm um processo de recrutamento inovador. O Recruitment Day dura um dia e os "candidatos fazem os exames técnicos, diversas entrevistas com a equipa e dialogam com toda a equipa para terem desde cedo a noção do que é o desafio, isto sem quaisquer filtros", explica Ricardo Araújo.
Condições competitivas de produção
Hoje, a equipa de Proença-a-Nova funciona como o laboratório de inovação tecnológica da empresa, focada na criação de novos processos operacionais, formação de consultores e desenvolvimento de software e contribui para os 100 milhões de dólares que a OutSystems facturou em 2016.
O segredo para trabalhar a partir do interior para o resto do mundo é a redução de custos de vida, em especial habitação e educação, o que "permite criar condições competitivas de produção sem sacrificar o bem-estar das pessoas que colaboram para atingir os resultados que pretendemos ano após ano", diz Ricardo Araújo. Existe também "a qualidade de vida, que é de facto um factor diferenciador face aos grandes centros urbanos".
Região do Fundão é responsável por mais de metade da produção nacional de cereja.
O gestor da OutSystems faz alusão ainda à cultura da empresa. "Perguntem a qualquer pessoa na OutSystems 'o que tem a vossa empresa de tão especial?' e a resposta vai ser uníssona: as pessoas, a cultura, e a vontade tremenda de mudar o rosto da tecnologia". Segundo Ricardo Araújo, na OutSystems "temos uma política de perguntar porquê, de pedir ajuda, de questionar o 'status quo'. Aliás, não temos muitas regras, mas as poucas que temos estão escritas no nosso Small Book of a Few Big Rules disponível online para quem quiser consultar. Mais uma vez, o segredo mais bem guardado é sempre o que está mais visível aos olhos de todos".
Produção de cereja vai duplicar
Em 2006 nascia a Cerfundão, que fez na fileira da cereja "uma pequena revolução", segundo diz José Castello Branco, seu presidente. Recorda que nos anos 1990 quando "falava do Fundão em Lisboa ou no Porto, ninguém fazia ideia do que era nem onde ficava o Fundão. Hoje, o Fundão é uma marca nacional. E deve-o à cereja, é certo, mas deve-o sobretudo a uma estratégia consistente de promoção dessa marca que é hoje a Cereja do Fundão".
Para atingir este objectivo foi necessário organização. "A fileira tradicional da cereja era suportada por um tecido social pulverizado por largas centenas de pequenos agricultores que produziam em moldes muito tradicionais sem as certificações que são normalmente exigidas pelo mercado", explica José Castello Branco. Hoje os produtores têm pelo menos a certificação no modo de produção integrada.
A região do Fundão já é responsável por mais de metade da produção nacional situando-se a produção da Cerfundão nas mil toneladas de cereja. No fim desta década, com a entrada em produção de centenas de hectares de cerejais, poderá atingir "uma produção anual média entre as duas e as três mil toneladas", estima José Castello Branco.
Grandes no pêssego e mirtilo
O aparelho industrial montado para a cereja é hoje utilizado não apenas para outros tipos de fruta, como os mirtilos e os pêssegos, que estendem a campanha até Setembro, e que fazem da Cerfundão uma produtora de pêssego e de mirtilo com peso a nível nacional. Têm também outros projectos, como o frio, ligados à agro-indústria, que mantêm a empresa a funcionar todo o ano. "Este é um sector da empresa que, sob o comando do nosso administrador Paulo Cunha Ribeiro, mais tem crescido, e que irá continuará a crescer e, sobretudo, a acrescentar valor à fruta dos nossos produtores", acentua José Castello Branco.
A inovação faz parte do código genético da Cerfundão, por isso têm "em curso projectos inovadores em todas as áreas de acção: desde a produção frutícola e melhoramento genético das plantas, passando pela pós-colheita, mecanização da central e logística, até ao desenvolvimento de novos produtos e abertura de novos mercados externos", refere José Castello Branco.
No centro do triângulo
A região da Beira Baixa é quase equidistante de Lisboa, Porto e Madrid.
Olhar o mapa sem todas as coordenadas pode ser uma ilusão e o que é uma localização problemática, marcada pelo interioridade, pode ser vista como uma vantagem. "Estamos equidistantes de Lisboa e Porto e estamos quase equidistantes entre Lisboa e Madrid - que, por acaso, são duas capitais europeias. Bem vistas as coisas, estamos no centro deste triângulo que une três grandes cidades", diz José Castello Branco, presidente da Cerfundão.
Para este gestor "obstáculos e dificuldades, isso há sempre, em qualquer lugar", mas facilitaria a vida empresarial que não tivessem de pagar as portagens de auto-estradas sem alternativa e se a auto-estrada que liga Lisboa a Madrid já estivesse operacional. Só falta um pequeno troço do lado português entre a fronteira e a A23. Defende ainda que para um maior desenvolvimento da cultura da cereja e actividade frutícola na Cova da Beira seria importante o "investimento no regadio a sul da Gardunha".
Mindset da população rural
Uma tecnológica como a OutSystems, que quer estar no mundo a partir de um lugar no interior, confronta-se com outro tipo de dificuldades. "O principal obstáculo que encontramos ao trabalhar num meio menos urbano é o mindset da população que está à nossa volta. A ruralidade que muitas vezes vemos presente nos noticiários não coincide com o objectivo para onde caminhamos: um espaço onde o rural e o urbano convivem e onde a evolução está constantemente à nossa porta", refere Ricardo Araújo, director of customer success da OutSystems.
É preciso apostar na promoção do interior dando a conhecer todo o seu potencial.
Para se melhorar a atractividade da região da Beira Baixa deve-se mostrar "o que a distingue, investindo no que a diferencia", refere José Castello Branco, que também é professor no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica. Sublinha que "uma coisa é clara: se queremos atrair empresas, temos de atrair pessoas. O motor das empresas - mesmo daquelas que estão ligadas ao sector primário - são as pessoas." Ricardo Araújo é da mesma opinião: "Apostar na promoção do interior dando a conhecer todo o seu potencial, não só em termos geográficos como também de recursos humanos, pode ser o começo para atrair mais pólos tecnológicos para a região."
A importância do Congresso Empresarial da Beira Baixa
Presidente da Cerfundão
Director of customer success da OutSystems