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O Norte como o local mais feliz do mundo para trabalhar

Pedro Pinto, administrador da Lionesa, sonha em fazer da região um Silicon Valley cultural que seja tecnológico e com qualidade de vida, em vez do californiano que é apenas tecnológico.

02 de Julho de 2021 às 13:40
Filipe S. Fernandes moderou a conversa com Carlos Góis, Paulo Castro e Pedro Pinto. Ricardo JR
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"Se me dessem a oportunidade de fazer uma intervenção, gostaria de transformar o Porto e o Norte no local mais feliz do mundo para trabalhar. A economia de sucesso hoje é uma economia de prazer não é uma economia de sofrimento", disse Pedro Pinto, administrador do Centro Empresarial da Lionesa. Acrescenta que "temos de ter mais talento, senão temos de o importar, e, em segundo lugar, transformar este território no lugar mais feliz do mundo para trabalhar. Existem fatores, o PIB por capita, a solidariedade, o bem-estar, tudo índices que nos classificam, precisamos de os analisar para alterar essa mesma posição".

Carlos Góis concorda que a felicidade tem a ver com as condições de trabalho que as empresas oferecem e é essencial na questão da retenção dos talentos. "A Revolut tem 30 nacionalidades e, de facto, a dificuldade está em reter talentos, depois de os conseguir contratar. Cada vez mais as pessoas dão uma maior importância a um conjunto de fatores dentro do próprio escritório, as zonas sociais, as condições que a empresa oferece, como os ginásios, as massagens, uma série de atividades entre os colaboradores. As pessoas dão cada vez mais importância a isto do que a um pequena diferença no salário", diz Carlos Góis.

Conclui que para os mais jovens é muito mais importante as condições de trabalho que se pode oferecer, "tal como a envolvente que Matosinhos oferece como a praia, o parque da cidade, um conjunto de valências como as centenas de restaurantes e bares, ginásios, um ambiente em que as pessoas se sentem bem para viver".

Caminho da Arte

No Centro Empresarial Lionesa há mais de 30 nacionalidades entre os 6 mil trabalhadores de mais de 120 empresas. Pedro Pinto tem a convicção de que uma das formas de fixar as empresas e o talento ao território é dar-lhes a conhecer a cultura, por isso sonha em fazer da região um Silicon Valley cultural que seja tecnológico e com qualidade de vida, em vez do californiano que é apenas tecnológico.

Mas nem sempre o caminho é fácil. Há pouco tempo tentou implementar um cartão cultural na região do Porto, mas o contacto com alguns agentes culturais da região para facilitarem o acesso foi frustrante. "Não foi possível assim mas nós vamos pagar para levar o talento de vários países que há na Lionesa a instituições culturais, porque não é possível fazer uma parceria", afirmou Pedro Pinto.

Outro dos atrativos passa, segundo Pedro Pinto, em criar o Caminho da Arte, que vai ligar Porto a Santiago de Compostela, criando a maior estrada de arte do mundo. "A maior tem neste momento 30 e tal km e fica no estado de Nova Iorque, e este terá 234 quilómetros. É uma marca para importar pessoas", diz Pedro Pinto

"Há muitos milhares de pessoas a dizerem que vão fazer a Route 66 e poucos dizem que vão fazer os caminhos portugueses de Santiago mas se associarmos a esta marca o Caminho da Arte, iríamos multiplicar a possibilidade de importar pessoas para fazerem o Caminho da Arte. A melhor maneira de ligar o talento ao território é através da arte e assim vamos importar mais empresas e mais talento", considera Pedro Pinto.

"A cocaína da minha geração é o salário", conta que lhe disse o seu filho António, que é diretor de marketing do Centro Empresarial Lionesa. Quando se ouve isto "pensamos que é a cenoura da nova geração, que tem agora 24 anos, mas não é. O vício são os 1.500 euros, não querem mais dos que os 1.500 euros, querem um conjunto de coisas que os 1.500 euros não compram e é isso que é a possibilidade de fixar e reter o talento. Temos de importar e produzir mais talento e retê-lo".

O projeto Leça do Balio "Sabemos para onde vamos, a única questão é quantos dias demoramos, é o tempo", diz Pedro Pinto a propósito da estratégia para o futuro da Lionesa, grupo familiar que tem vários projetos na Área Metropolitana do Porto

"A Lionesa tem um destino, que é passar para 120 mil metros de área brutal locável de escritórios, o que está ligado ao projeto cultural de Leça do Balio, que vai transformar esta zona de Matosinhos em função do que tem sido o paradigma do turismo", assegura Pedro Pinto.

O projeto para ligação da Lionesa ao Mosteiro do Leça do Balio tem a assinatura dos arquitetos Siza Vieira e Sidónio Pardal e vai ligar a Lionesa ao Mosteiro de Leça do Balio, seguindo o rio Leça, que atravessa o parque até ao oceano, através de uma nova ciclovia, que implica a reabilitação do Mosteiro de Leça e a construção do um novo templo, e inclui mais escritórios, um concept hotel, serviced apartments, uma International School, conceitos de desporto e lazer.

Tem um outro projeto na Via Norte que é a cidade logística, "não nos seduz o imobiliário mas criar conceitos, por isso é um centro de logística diferente", diz Pedro Pinto. Há ainda um grande projeto turístico no centro da cidade do Porto, com a Livraria Lello, a Casa Siza, na rua do Loureiro, há 12 projetos, e o Teatro Sá da Bandeira.