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O mapa-múndi da diabetes

A incidência da diabetes em Portugal tem alguma estabilidade, mas com números elevados que não se vão reduzir nos próximos anos.

15 de Outubro de 2018 às 15:30
José Manuel Boavida, médico endocrinologista e presidente da APDP (Associação Protectora dos Doentes Diabéticos) David Martins
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"Nas pessoas com mais de 60 anos temos uma prevalência próxima dos 30% de diabetes, o que são números assustadores", referiu José Manuel Boavida, médico endocrinologista e presidente da APDP (Associação Protectora dos Doentes Diabéticos). Adianta que "a incidência da diabetes em Portugal tem alguma estabilidade, mas com números elevados que não se vão reduzir nos próximos anos".

Outro problema é que a diabetes, que surgia depois dos 60 anos, hoje aparece aos 30/40 anos. "Significa que as pessoas vão viver trinta ou quarenta anos com diabetes em vez dos quinze ou vinte anos", disse José Manuel Boavida.

Nas pessoas com mais de 60 anos, temos uma prevalência próxima dos 30%, o que são números assustadores. José Manuel Boavida
Médico endocrinologista e presidente da APDP (Associação Protectora dos Doentes Diabéticos)

Em 2017, havia 451 milhões de pessoas, com mais de 18 anos, portadoras de diabetes em todo o mundo. As estimativas apontam para 693 milhões de pessoas até 2045. Estima-se que 49,7% das pessoas que vivem com diabetes não são diagnosticadas e 374 milhões de pessoas têm intolerância à glicose. Os gastos globais com saúde com pessoas com diabetes foram estimados em 850 mil milhões de dólares em 2017, segundo o Atlas de Diabetes da International Diabetes Federation (IDF).

Estabilização e explosão

Nos Estados Unidos há uma tendência para a estabilização da diabetes. É boa notícia porque significa que "há um limite à progressão da diabetes. Pensa-se que deverá chegar a 40/50% da população. Nem toda a população chegará a ter diabetes", concluiu José Manuel Boavida.

O especialista em Endocrinologia e Nutrição explicou que é a partir de situações catastróficas, do ponto de vista alimentar, ou de más condições de vida que levam, alguns anos, depois, a um surto de diabetes, que pode resultar do que pode ser uma adaptação do corpo a novas condições de vida. "É o que está a acontecer na Croácia, na ex-Jugoslávia, passados dez anos de guerra, está dar-se um crescimento enorme da diabetes", referiu José Manuel Boavida.

Nos próximos anos vai haver uma progressão mais lenta na Europa, enquanto, nos últimos dez anos, a explosão foi na Ásia como a China e a Índia que passaram de fome para uma relativa abundância e apresentam os principais números de diabetes.

África e América Latina é onde se vai desenvolver mais diabetes nos próximos anos, segundo a International Diabetes Federation. Revelou que nas tribos índias americanas a prevalência da diabetes chega aos 40/45%, e algumas ilhas do Pacífico, os países árabes, em geral, estão nos 20% de prevalência da diabetes.