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"Temos de acreditar, gerar oportunidades, criar expectativas, perceber de onde as pessoas vêm, pois às vezes olhamos para o curriculum e ele não nos mostra a atitude." É que o principal talento "é a atitude e os princípios éticos", frisou o atual consultor técnico da Federação Portuguesa de Rugby e ex-selecionador da modalidade durante o painel "Captar, Atrair e Reter Talento", organizado no âmbito da Semana de Economia de Braga.
E se a educação é "a maior fonte de captação de talento", o modelo de ensino nas universidades "é muito fechado", "não explora" esse potencial, disse Tomaz Morais, que manifestou-se orgulhosamente "old school", daqueles que "jogaram na rua" e até "roubaram maçãs", e para quem "o talento nasce de base". Há, pois, que "gerar oportunidades e criar expectativas". E "refletir", antes até da entrada dos jovens na universidade.
Tomaz Morais não esteve sozinho nesta análise. Pedro Ribeiro, CEO da PeekMed, que também participou no painel, revelou a sua experiência como jovem empresário: "Temos tido reuniões com estudantes que estão a acabar o mestrado, mas o conhecimento que trazem da universidade é bastante limitado", lamentou.
O CEO da start up que criou um programa para otimizar cirurgias ortopédicas e saltou para a ribalta com o desenvolvimento de um software utilizado na preparação da cirurgia ao joelho de um conhecido futebolista, foi taxativo: o ensino superior deve "adaptar" o conhecimento que transmite à realidade empresarial. "Não faz sentido que um jovem saia hoje da universidade com o mesmo tipo de conhecimentos de há 15 anos", considerou.
"Soft skills" ganhadoras
Para o empreendedor, as instituições de ensino "devem conseguir aproximar ao máximo o que estão a ensinar do que as empresas estão a fazer". Até porque, defendeu, quem está a contratar "não tem tempo para formar pessoas".
Mas há outro lado da questão: como gerir e reter o talento, nomeadamente em Portugal e, até, no Norte do país? Tomaz Morais deu o seu exemplo: "Acredito num propósito; nunca consegui viver sem um propósito", revelou, sublinhando que acredita no "timeline no talento" e na necessidade de o tornar "feliz e realizado naquilo que faz".
Depois, disse o especialista em liderança, "é preciso ver o talento que está ao nosso lado", "integrá-lo num ambiente interno competitivo para o capacitar para agir". Porque, afinal, "um campeão é o que ganha todos os jogos pequenos, não os jogos grandes". E é nas vitórias do dia-a-dia e também nas "soft skills" que ele se torna "consistente", rematou Tomaz Morais.
Uma coisa é certa: quando não é possível competir pelos salários, pode ser necessário convencer um colaborador pela qualidade da gestão. Para Pedro Ribeiro, "a liderança tem de ser risonha e desafiante". E suscetível de "estimular as pessoas" ao ponto de "não as deixar perder a paixão pelo que estão a fazer".
Braga é o terceiro maior exportador
Braga é o terceiro concelho mais exportador do país, ultrapassando os dois mil milhões de euros de vendas ao exterior, revelou o presidente da InvestBraga e da Câmara local, Ricardo Rio, no Fórum Económico integrado na Semana da Economia de Braga. No evento, que acolheu o ministro do Planeamento, Nelson Souza, o autarca revelou que a InvestBraga já acompanhou 490 projetos empresariais (116 de origem internacional) e perspetivou a concretização de 528 milhões de euros de investimento no concelho entre 2015 e 2020. O ministro elogiou a "importância de Braga no panorama económico nacional", que, através dos fundos estruturais, já apoiou mais de 500 empresas do concelho.