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O impulso da tecnologia

As tecnologias digitais e a inteligência artificial têm um papel cada vez mais central no rastreio e diagnóstico precoce das doenças do olho, nomeadamente, a retinopatia diabética.

15 de Outubro de 2018 às 13:30
Arnaud Lambert, CEO da Aivision Health, aposta no mercado português. David Martins
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Para Arnaud Lambert esta presença da tecnologia é muito relevante porque "nos próximos 25 anos vai haver um aumento de 54% de diabéticos, e, simultaneamente, temos o número de oftalmologistas a crescer 2%, e ainda por cima, com uma deficiente repartição geográfica destes especialistas".

Acrescenta que "a componente técnica consiste em obter a imagem ou a fotografia do fundo do olho e não tem de ser feita por um oftalmologista". Entende que com alguma formação os profissionais de saúde podem operar com esta tecnologia.

Em França, uma consulta de oftalmologia para um rastreio de retinopatia diabética tem um tempo de espera de seis a oito meses. O tempo médio fora dos grandes centros em Portugal é de mais de 12 meses. "A Aivision consegue que os resultados e o diagnóstico de exame feito sob prescrição de um médico de clínica geral demore 12 dias ", refere Arnaud Lambert.

Retinógrafos nas ópticas

"Estar equipadas com retinógrafos representa um investimento mínimo de dez mil euros, e que depois aumenta em valor conforme o grau de sofisticação dos equipamentos", diz Sérgio Cabanas, que faz parte da direcção da Associação Nacional dos Ópticos que representa o maior número de ópticas a nível nacional.

Sublinha que "há algumas ópticas que não têm capacidade de investimento.

A rede nacional de ópticas, cerca de 3 mil, onde estão optometristas, tem uma proximidade mais directa das populações, estando algumas ligadas à Retmarker. Outras, como a rede Optivisão relacionam-se com a Aivision Health, uma start-up de origem francesa.

A Aivision Health concorre em Portugal com a Retmarker, com quem o Serviço Nacional de Saúde criou, desde 2011, "uma plataforma para fazer este tipo de diagnóstico computorizado e que está a implementar em vários centros de saúde em regiões de maior pendor demográfico de Lisboa e Porto. Mas não está implantado ainda em todo o país", assinala Sérgio Cabanas.

Tudo numa máquina

"A inovação que a Aivision traz é dupla", diz Arnaud Lambert. A primeira componente é acelerar o diagnóstico, com algoritmos de inteligência artificial, que foram trabalhados com professores de oftalmologia e de matemática aplicada à retina de faculdades de universidades francesas e, simultaneamente, reinventar todo o acesso ao cuidado de saúde que o paciente diabético vai ter e abrir o caminho do rastreio a outras áreas fora do gabinete do médico oftalmologista.

"A tecnologia está a evoluir de uma forma bastante rápida e os equipamentos que vão ficando disponíveis na área da óptica e da oftalmologia são cada vez mais eficientes e exactos nas medições e mais facilitadores para os especialistas", explica Sérgio Cabanas.

A outra tendência é que os vários equipamentos se integrem numa única máquina. "Antigamente tinha de se ter um retinógrafo, um aparelho para medir a tensão ocular, uma máquina para fazer um exame refractivo, para tirar um topografia ou mapa da córnea. Hoje estes começam a ser integrados num único aparelho. Aumenta o preço mas reduz o investimento", conclui Sérgio Cabanas.


3 Perguntas a Arnaud Lambert
CEO da aiVision Health

"Tecnologia configurada à população portuguesa"

Qual é a importância destas tecnologias digitais e de inteligência artificial para a prevenção e diagnóstico da retinopatia diabética?
A tecnologia Aivision visa reduzir a cegueira evitável pelo que abrange o "patient pathway" completo desde a prevenção, passando pelo diagnóstico automático até à monitorização do tratamento. A nossa tecnologia permite melhorar a coordenação dos cuidados de saúde entre todos os profissionais de saúde envolvidos no rastreio das doenças retinianas. A Aivision também desenvolveu um companheiro digital no smartphone do paciente que permite fazer rastreios oftalmológicos de prevenção de doenças oculares.

Em que consiste a tecnologia de rastreio da retinopatia assistida por computador que permitirá aos profissionais de saúde utilizar o retinógrafo à distância apresentada pela Aivision?
Garante a confidencialidade dos dados de saúde que permite a aprendizagem da inteligência artificial autónoma sobre os dados médicos sem que a Aivision tenha de constituir uma base de dados central. A nossa tecnologia permite o acesso ao conjunto dos profissionais envolvidos no rastreio e a partilha da informação pertinente do paciente ao longo do tempo para poder fazer análises sobre um período longo.

Em que difere esta tecnologia da Aivison do Retmaker e do Retinalyze?
A segurança e a confidencialidade são extremamente importantes para a Aivision. A Aivision armazena o conjunto dos dados de saúde ligados ao rastreio da retina num parceiro credenciado a nível internacional (CE, HIPPA). Os nossos modelos de inteligência artificial permitem aos oftalmologistas fazer um diagnóstico com o suporte da inteligência artificial adaptada à população portuguesa.