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A avaliação do impacto das universidades pode ser medido pelo número de "papers", conferências, citações, mas estas são métricas internas. "É a criação de valor que mede o impacto, a relevância e os resultados para o exterior", o que põe em causa o modelo universitário assente nas torres de marfim, afirmou José Ferreira Machado, vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa e antigo diretor na Nova SBE na sua comunicação durante a a conferência "O Papel do Ensino Superior no Desenvolvimento das Regiões", que se realizou na reitoria da Universidade Nova de Lisboa a 27 de fevereiro.
José Ferreira Machado sublinhou que este modelo é, além disso, desafiado pelos constrangimentos financeiros, a concorrência internacional. O novo modelo sustentado e competitivo é baseado na investigação pura e prática, na criação de valor.
"Mas se é fácil falar da importância do impacto, mais difícil é medi-lo", disse José Ferreira Machado. Existem os efeitos diretos como os resultados, a aceleração dos investimentos, a faturação e o dinheiro gerado, e ainda, os impactos catalíticos como o crescimento da produtividade, a inovação, os spin-offs, as empresas que são atraídas para o campus, as exportações, os rendimentos gerados".
A medição do impacto das universidades é fundamental por várias razões. A primeira é "accountability", "porque é que estamos a fazer o que estamos a fazer, o que se refere ao propósito da universidade", sublinhou José Ferreira Machado. O foco no impacto permite medir os resultados dos recursos e do financiamento e, por isso, é importante a "’accountability’ para a sociedade".
A segunda razão para a mudança na avaliação das universidades é a "advocacy", ser capaz de demonstrar a importância e o valor da investigação, o que torna muito mais fácil encontrar novos projetos, atrair mais talentos e mais financiamentos. A avaliação do impacto é também fundamental na forma como se faz a alocação de recursos, tanto de financiamentos como de recursos académicos.
A dificuldade da medição
"O impacto direto da universidade em Portugal é de cerca de 2 mil milhões de euros, duas vezes o valor acrescentado criado pelas indústrias químicas, três vezes o da agricultura e duas vezes a fabricação de bens de equipamento", disse o vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa e antigo diretor na Nova SBE.
Usando o multiplicador utilizado no Reino Unido, que é de 1,35, chega-se a mais 2,7 mil milhões de euros, ou seja, 2,5% do PIB de Portugal. "A educação superior é uma grande indústria exportadora portuguesa através de investigadores, empresas e estudantes. Muitos estudos demonstraram o potencial exportador do indústria da educação superior (como eu gosto de chamar), é duas vezes o do setor do vinho, 1,7 vezes da cortiça e 80% do setor do calçado", concluiu José Ferreira Machado.