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O destilado de pera que conta uma história

O destilado de pera surgiu de como valorizar a fruta que apesar de ter qualidade não era competitiva face às exigências da normalização. Depois surgiu a marca que homenageia o general Wellington e as Linhas de Torres Vedras das guerras napoleónicas.

Negócios 23 de Março de 2021 às 12:30
Miguel Guisado lançou a marca Old Nosey.
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Empresários em Nome Individual
Menção Honrosa Miguel Guisado/Quinta da Póvoa

O projeto Old Nosey surgiu para valorizar os pomares tradicionais de pereiras rocha de sequeiro, com idades compreendidas entre os 60 e 160 anos, instalados na encosta basáltica do Monte Socorro, que serviu de principal centro de observação e comunicação do general Wellington (Old Nosey) durante a defesa das Linhas de Torres Vedras, durante as guerras napoleónicas.

"Procurava-se um escoamento alternativo que valorizasse a fruta de excelente qualidade organolética, mas cuja quantidade e calibre não eram competitivos face às exigências da normalização", diz Miguel Guisado, gestor descendente da família Barros e Vasconcellos, que há 200 anos detém a Quinta da Póvoa. Além das pereiras, nos 63 hectares da Quinta da Póvoa no Turcifal existem produções de vinha regional de Lisboa e floresta produtiva sustentável.

A destilação tradicional foi a primeira opção, e assim nasceu "um destilado único de pera rocha, sem qualquer incorporação de álcool ou outros ingredientes, produzido de forma integrada e sustentável", afirma Miguel Guisado. A aguardente de pera da Old Nosey tem quatro certificados de qualidade e pode ser consumida pura em fresco, em cocktail, e utilizada com sucesso em elaboradas confeções gastronómicas.

O povo e o general

Como explica Miguel Guisado, a Old Nosey não pretende homenagear apenas o general Wellington, mas também o povo que ajudou a construir e defender as Linhas de Torres Vedras porque "o sucesso do sistema defensivo ditou o início do declínio do império napoleónico e a glória do Duque de Wellington".

Para simbolizar o contributo local das lutas contra as tropas napoleónicas a embalagem do Old Nosey é envolvida em saco de serapilheira, que era o agasalho das populações rurais "durante as suas árduas tarefas do campo", refere Miguel Guisado. Além disso, o tipo de embalagem utilizado é perfeitamente biodegradável e compõe-se exclusivamente de componentes como vidro, lacre natural de cera de abelha, rolha de cortiça reutilizável.

O logótipo simboliza o nariz adunco do primeiro Duque de Wellington, em forma duma meia pera sombreada que evoca não só o aroma intenso a fruta madura do destilado premium, "mas também um lado B mais romanceado da vivência nas Linhas de Torres Vedras, relatada por Lord Byron, e Sir Arthur Conan Doyle nas ‘Aventuras do Brigadeiro Gerard’", revela Miguel Guisado.

Com uma produção de 40 toneladas de pera e uma capacidade para destilar cerca de cinco mil garrafas de aguardente, "o principal desafio é conseguir escoar a produção de pera, que outrora era vendida em fresco, através desta diferenciação e com um produto com esta qualidade ímpar", afirma Miguel Guisado.

Com a pandemia de covid-19 deu-se o quase colapso do turismo e da mobilidade e a parte deste projeto relacionada com a valorização turística das Linhas de Torres Vedras ficou à espera de melhores dias. Também os contactos iniciados para a exportação ficaram suspensos com a pandemia.

Registo de marca para a Europa A Quinta das Póvoas apostou forte no registo da marca Old Nosey, em que contou com o apoio em consultoria da Inventa International. "É um relevante trunfo, que hoje nos possibilita comercializar livremente em Portugal, nos restantes 26 estados-membros da União Europeia e no Reino Unido. Garantimos assim o monopólio exclusivo do uso da marca Old Nosey para vinhos e destilados, que visa não só a nossa proteção, mas também a sã concorrência entre empresas ou particulares", explica Miguel Guisado.