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Novos estilos de vida trazem novas formas de habitar

“Esta geração com muita ambição, com ideias claras: ter dois filhos, casa própria, viver no sítio em que viveu, mas no futuro, a cinco anos e com emprego e rendimento estáveis, 88% quer ter casa própria”, afirma Ricardo Sousa.

25 de Setembro de 2019 às 15:00
Ricardo Sousa, CEO da Century XXI Iberia. David Cabral Santos
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"Os jovens dos 18 aos 34 anos de Portugal são uma geração especial. Oito em dez jovens não vivem onde gostariam mas valorizam de uma forma consistente a sua situação atual com o grau de satisfação com a habitação atual atingir os 7, numa escala de zero a 10", revela o estudo "Os Desafios dos Jovens no Acesso à Habitação", promovido pela Century XXI", e cujas linhas forma apresentadas por Ricardo Sousa, CEO da Century XXI Iberia. Conclui que "não é uma geração acomodada porque quer mais, mas não é uma geração frustrada, quer viver a sua vida, encontra as soluções e avançar".

O estudo foi uma investigação de campo feita durante o primeiro semestre de 2019, com entrevistas a 800 jovens entre os 18 e os 34 anos, um grupo de 1,9 milhões de pessoas. "É uma geração mais conservadora do que se pensava, que está assente nos valores base da família, da segurança, que se traduz no nosso setor numa casa própria ou na ambição de ter uma casa própria, de constituir família, de ter filhos", salientou Ricardo Sousa.

Perfil da emancipação

"Apesar da vontade, a realidade é que a maioria dos jovens portugueses estão-se a emancipar por volta dos 29 anos", salientou Ricardo Sousa. O grupo dos emancipados é liderado pelas mulheres, 81% dos emancipados tem mais de 30 anos. Os mais jovens, entre os 18 e 24 anos têm mais dificuldade de sair de casa por causa dos rendimentos.


53,8%
Objetivo
gostaria de viver numa casa própria.


O problema da habitação e do acesso à habitação não está, segundo Ricardo Sousa, no mercado imobiliário, "o grande desafio está no rendimento destes jovens". Os rendimentos médios dos jovens, com 70% a ganhar menos de mil euros, 10% menos de 500 euros e 5% não têm rendimento. Cerca de 37% dos jovens emancipados dependem do apoio da família para viverem de forma independente.

A ambição, nomeadamente dos emancipados, é ter casa própria, mas existe necessidade de um mercado de arredamento, porque os jovens procuram, numa primeira etapa, "solução temporária e flexível e a sua primeira opção é o arrendamento, embora não exista a solução adequada às suas necessidades".

A casa desejada

"Esta geração tem muita ambição e ideias claras: ter dois filhos, casa própria, viver no sítio em que viveu, mas no futuro, a cinco anos e com emprego e rendimento estáveis, 88% quer ter casa própria", afirma Ricardo Sousa. Nos jovens que se estão a emancipar o desejo de casa própria baixa para 54%. Sublinhou que apesar de considerar positiva a propriedade, que é uma forma de poupança e fixação, Portugal "precisa de um mercado de arrendamento profissional, sobretudo para fazer face às necessidades transitórias dos jovens e das famílias portuguesas".

Ricardo Sousa destacou "a consciência ambiental e ecológica dos jovens, sobretudo na eficiência energética e na sustentabilidade". Uma outra tendência tem a ver a valorização das "áreas comuns o que abre a oportunidade a soluções de co-living, de co-housing, onde as áreas comuns e partilhadas são muito valorizadas".

Será a geração digital a fazer a transição progressiva da propriedade para o arrendamento, acredita Ricardo Sousa. Por isso, é necessário criar "condições para que o co-living, o co-housing, a industrialização da construção, passem de soluções de elites e passem a generalizar-se aos grupos de jovens e à população portuguesa".

Apoios para os jovens


"Os jovens precisam de soluções para a sua mobilidade no âmbito da sua formação", referiu João Paulo Rebelo (na foto em cima), secretário de Estado da Juventude e Desporto, para sublinhar a criação do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior para responder à escassez de oferta ou ao elevado custo financeiro, que muitos estudantes universitários enfrentam. Tem por objetivo oferecer em 2030 cerca de 30 mil camas para estudantes do ensino superior a preços regulados. Neste ano letivo, cerca de 600 novas camas já estão disponíveis em todo o País para os estudantes do ensino superior, representando um aumento de 4%.

"A sociedade é feita de mutação constante e as formas de vida multiplicaram-se. Tantas são as pessoas que se emancipam para viver sozinhas, tantos são os agregados que resultam, por exemplo, de divórcios. São milhares e milhares de pessoas que precisam de poder alcançar soluções, seja pela via da compra, seja através do arrendamento" acentuou João Paulo Rebelo. Deu como exemplo o programa de apoio ao arrendamento por jovens "Porta 65", que em 2018 mais de 8 mil agregados jovens, o maior número de sempre.

João Paulo Rebelo falou ainda do programa "Da Habitação ao Habitat", um projeto-piloto executado em alguns bairros, de norte a sul do País, "que tem a sua génese em algo aparentemente tão simples, mas, na verdade, tão complexo: articular políticas públicas e a ação dos agentes que já operam naqueles territórios".